Condenações severas para os cristãos menonitas

Portas Abertas • 19 nov 2004


A Corte do Povo da cidade de Ho Chi Minh condenou seis funcionários da igreja Menonita vietnamita em um julgamento de quatro horas.

O reverendo Nguyen Hong Quang e cinco outros evangelistas e funcionários foram detidos entre 02 de março e 30 de junho sob acusações de "resistir aos oficiais da lei enquanto estavam em serviço" em um incidente no dia 02 de março, envolvendo dois detetives secretos do governo.

A corte condenou Quang, secretário-geral da Igreja Menonita do Vietnã, a três anos de prisão. O evangelista Pham Ngoc Thach recebeu uma pena de dois anos.

Os evangelistas Nguyen Thanh Phuong e Nguyen Thanh Nhan foram condenados a 12 e nove meses, respectivamente. A senhorita Le Thi Hong Lien, uma funcionária da igreja, recebeu uma pena de 12 meses e o presbítero da igreja, Nguyen Hieu Nghia, foi condenado a nove meses.

Em 02 de março, Quang e seus companheiros confrontaram os oficiais secretos do lado de fora do portão da igreja Menonita, que abriga os escritórios da denominação e serve como residência de Quang. Os menonitas dizem que os dois agentes haviam perseguido e abusado fisicamente dos funcionários da igreja quando visitaram o prédio.

Os oficiais secretos tentaram escapar em uma motocicleta, porém, eles caíram. Dentro de 30 minutos, dezenas de oficiais da Unidade 113 Especial da polícia distrital e outras forças de segurança foram enviados para o local. Equipados com armas e aguilhões elétricos para gado, eles seqüestraram o presbítero da igreja Nghia e o levaram para a delegacia local.

Quando Thach, Phuong e Nhan foram à delegacia de polícia a fim de investigar sobre Nghia, as autoridades encarceraram os três. Mais tarde, os líderes cristãos souberam que a polícia, alternadamente, chutava Thach no peito, estômago e virilha, açoitando-o até ele desmaiar. Eles também bateram em Nhan até que ficasse inconsciente antes de acusar os detentos de resistir os oficiais da polícia.

Fontes dentro do Vietnã acreditam que um ou mais dos quatro funcionários da igreja poderiam ter cedido durante a tortura e fornecido "evidências" para prender Quang, que estava sob custódia desde 08 de junho. Oficiais de apreensão revistaram sua casa no mesmo instante e apreenderam documentos pessoais e legais, dinheiro, computadores e arquivos que eles usavam para incriminar os sinceros ativistas de direitos humanos.

Somente sete membros das famílias tiveram permissão de entrar na sala do tribunal para testemunhar durante o julgamento, a saber, a senhora Nguyen Hong Quang, os pais de Thach e Lien, a mãe e a esposa de Phuong e a mãe e a irmã mais jovem dos irmãos Nhan e Nghia.

Um número de países ocidentais solicitou o envio de diplomatas para observar o julgamento e esperava-se que alguns repórteres de notícias internacionais pudessem observar as medidas judiciais, mas a permissão foi negada.

Os advogados Tran Vu Hai, de Hanoi e Bui Duc Truong, de Saigon defenderam os acusados. Eles planejam apelar à decisão para o próximo e único nível superior de apelação: a Corte Suprema do Povo. Os advogados somente tiveram alguns dias para prepararem a defesa a ser apresentada diante do tribunal.

Aproximadamente, 300 oficiais da polícia, bem armados, protegeram a área da corte, excedendo o número de, aproximadamente, 200 cristãos que vieram dar apoio moral aos seus amigos. Embora a corte tivesse anunciado que o julgamento seria público, todos os observadores foram confinados no pátio externo durante o processo judicial.

Segundo informações obtidas, a polícia investigou todos que entraram no pátio e confiscou as faixas que os cristãos pretendiam expor em sinal de protesto. Muitos não receberam permissão para passar pelo portão e tiveram que permanecer do lado de fora, na rua.

Em torno de cem dos cristãos que apareceram eram pastores e evangelistas menonitas Montagnards,que vieram de uma grande distância das Montanhas Centrais, a fim de apoiar Quang, um líder que eles têm um grande respeito.

Quang e seus co-réus entraram secretamente na corte através da entrada de trás e saíram da mesma maneira a fim de evitar qualquer encontro entre os prisioneiros e seus apoiadores.

Para os observadores da história do Vietnã a respeito de direitos religiosos, o resultado do julgamento indica que o regime comunista permanece impenetrável diante da atenção internacional recebida pelos "seis menonitas", já que eles se tornado conhecidos.

As autoridades vietnamitas aparentemente ignoraram a solicitação do dia 05 de novembro de 22 líderes das igrejas que pertencem à Comunhão Evangélica Vietnamita para dispensar o julgamento e libertar os funcionários.

Uma fonte contou à Compass, "A verdadeira face e coração das autoridades comunistas foram reveladas nos dois dias anteriores ao julgamento". A fonte descreveu como as autoridades exigiram que a senhora Quang fosse a uma reunião de denúncia pública da vizinhança na quarta-feira à noite, dia 10 de novembro. Ela recusou as intimações para ir a um compromisso com o advogado Hai.

Na tarde seguinte, uma delegação furiosa de oficiais e "representantes da comunidade" foi até a casa de Quang para entregar os resultados da reunião de acusação pública. Eles lhe exigiram que cessasse, imediatamente, qualquer culto de adoração nas premissas da igreja e expulsasse os estudantes que estavam morando no prédio. Eles também mandaram que a senhora Quang removesse a placa da igreja que estava de cima do portão. Se ela não obedecesse, eles disseram, eles expulsariam tanto ela como seus três filhinhos de sua casa.

Um advogado vietnamita que pediu para permanecer anônimo disse, "Com base nos assuntos legais e de propriedades do caso, nós afirmamos que o reverendo Nguyen Hong Quang e seus companheiros de trabalho não são criminosos, culpados das acusações que foram feitas contra eles, alegando que eles usaram a força contra as pessoas que estão encarregadas em cumprir o seu dever".

"Na verdade, eles são vítimas de um regime tirânico que oprime a religião e outros direitos humanos. Durante o recente julgamento dos três jovens parentes do Padre Ly, o reverendo Nguyen Hong Quang e seus assistentes foram, duas vezes, à mesma corte enquanto representantes legais e oficiais da família para defender as vítimas".

"Durante este último julgamento, o pastor Quang e seus colegas novamente foram à corte, contudo, desta vez, como vítimas. Embora os dois julgamentos fossem diferentes, as acusações e as vítimas fossem diferentes, eles são idênticos na maneira desavergonhada que as autoridades determinam condenações pesadas sobre pessoas inocentes".

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