Autoridades egípcias prendem cristão sem acusações formais

Portas Abertas • 27 nov 2004


Um cristão egípcio preso sem acusações desde março de 2003, tem-se tornado emocionalmente afetado e perdeu a visão em um olho por causa da tortura e falta de tratamento médico, segundo sua mãe declarou semana passada.

Inicialmente detido por 52 dias em Lazogly, notório quartel-general da Segurança Estadual do Cairo, Hany Samir Tawfik ainda continua encarcerado desde que foi preso há 21 meses, no dia 3 de março de 2003.

Hany, de 28 anos, foi preso no aeroporto internacional do Cairo, quando voltava da Arábia Saudita no dia 15 de junho de 2002. Autoridades sauditas deportaram-no de volta ao Egito dizendo que o cristão copta era suspeito de querer casar-se com uma menina muçulmana e convertê-la ao cristianismo.

De acordo com sua mãe, Hany pediu asilo para a embaixada dos EUA alguns meses depois que chegou para trabalhar em Riad. Mas, como ele era um egípcio, não um saudita, a embaixada disse que ela era obrigada, pela lei internacional, a entregar Hany de volta para a embaixada egípcia.

De qualquer forma, nenhuma acusação foi feita contra Hany ante uma corte egípcia. Então, depois de quase dois meses - os quais a família e conhecidos de Hany descreveram como um "mal-tratamento duro" em Lazogly, ele foi libertado.

Mas sete meses depois, ele foi preso novamente pela polícia de segurança, que o mandou para a prisão Torah, perto de Helwan, fora do Cairo. Vários meses mais tarde, ele foi transferido para a prisão Al-Gharbaliat, localizada no deserto próximo de Alexandria, onde ele está agora.

De acordo com a família de Hany e fontes da igreja, a polícia o prendeu de novo quando ele recusou-se a espionar um pastor evangélico conhecido por ministrar entre muçulmanos convertidos ao cristianismo.

"Hany disse que depois que a polícia o pegou, lhe mostraram a casa desse pastor e disseram que só o libertariam se ele concordasse em espionar a ele e a suas atividades", sua mãe disse a Compass. "Quando ele recusou, colocaram-no na cadeia".

O pastor em questão confirmou que ele conhecera Hany há três anos atrás, quando Hany começou a freqüentar uma igreja evangélica copta. "Eu o considero meu filho espiritual", o pastor disse.

Apesar de a constituição e as leis do Egito não proibirem especificamente o proselitismo, indivíduos suspeitos de auxiliarem muçulmanos a converterem-se ao cristianismo são sujeitos a um duro assédio policial e são regularmente presos por "insultar religiões divinas" ou "incitarem conflitos sectários".

Registrado primeiramente como um prisioneiro político, Hany foi reclassificado em janeiro de 2004 sob estatutos criminais. Seu mais recente caso, emitido pela Delegacia policial Abassiya em Cairo, no dia 3 de agosto, foi listado como nº. 13826.

Apesar de advogados sujeitarem-se às objeções da corte sobre a detenção de Hany sem acusações, a polícia usou as regulamentações da Lei de Emergência para prendê-lo a cada 45 dias, minutos depois de a corte ordenar a sua liberdade.

Autoridades de segurança, abordadas pela imprensa local e por missões diplomáticas,  afirmam que Hany permanece na cadeia esperando uma decisão do ministro de Relações Interiores para o caso dele, o qual supostamente envolve questões de "segurança nacional".

A mãe de Hany disse que o oficial Ahmet Mustafá, da Segurança do Estado, lhe falou asperamente: "Esqueça seu filho!" Mas ele se recusou a dizer porque Hany estava preso. O oficial afirmou que não tinha jurisdição sobre o filho dela, cujo caso, ele disse, estava sendo tratado pessoalmente pelo ministro de relações Interiores, Habib al-Adly..Seus supostos "crimes" nunca se tornaram públicos.

A mãe de Hany apelou diretamente ao Ministro Habib al-Adly para libertar seu filho, em uma carta aberta publicada por dois jornais do Cairo. O jornal Watani (Minha Pátria) publicou a carta de apelo dela no dia 17 de outubro, seguido pelo liberal jornal semanal Al-Osboa (A semana), no dia 8 de novembro.

A persistência da mãe para ganhar a liberdade de seu filho tem trazido repercussões dos oficiais da Segurança do Estado. Uma vez no ano passado, dois policiais bateram à porta da casa dela às 4 da manhã, forçando-a a levantar e acompanhá-los à estação de polícia para "discutir o caso de seu filho com eles".

"Tenho sofrido pelo meu filho por aproximadamente dois anos, sem nenhuma esperança", a mãe de Hany disse.

Seu filho foi trazido de volta à delegacia no distrito de Shobra, no Cairo, pelo menos duas vezes, aparentemente para aparecer um pouco no tribunal. Apesar de não poder visitá-lo desde que ele se mudou para Al-Gharbaliat, permitiram que sua mãe o encontrasse umas poucas vezes com ele na delegacia, ela contou.

Hany reclamou de "uma água preta no seu olho direito" nessa última primavera, em cartas apresentadas a Compass, as quais ele escreveu da prisão. "Ele perdeu completamente a visão de seu olho direito agora", sua mãe disse.

A mãe de Hany falou que seu filho lhe contou que a polícia tomou sua Bíblia e a destruiu na frente dele. "Ele chorou quando as autoridades rasgaram a Bíblia e depois o acertaram e bateram nele", ela disse. "Disseram-lhe que ele era um caso especial, então foram ordenados a lhe darem sofrimento extra".

Enviuvada há seis anos, a mãe de Hany tem um filho mais novo. Ela permanece desempregada desde a morte de seu marido.

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