Dificuldades da vida cotidiana desesperam iraquianos

Portas Abertas • 17 jan 2005


O aumento de preços faz da cebola uma excentricidade. Quase não há energia elétrica, e o serviço telefônico iraquiano é tão ruim que um programa de rádio com o primeiro-ministro, com a participação de ouvintes, teve de ser cancelado.

Lá estávamos nós, felizes de ter Ilyad Allawi no ar depois de meses tentando uma entrevista, disse o chefe-executivo da rádio Dijla, Ahmad al-Rikaby. Cancelamos porque tanto as linhas de telefone fixos como celulares simplesmente não funcionavam.

Os iraquianos estão cercados por uma aura de resignação com a deterioração cada vez maior dos serviços públicos, apesar das promessas de melhoria. Nem mesmo o governo interino tem expectativas positivas.

Não há mais esperança de que o sistema de telefonia móvel da Iraqna, uma subsidiária da egípcia Orascom, responsável pela rede de celulares em Bagdá e no Iraque central, compense a falta de telefonia fixa, arrasada pelos bombardeios de 2003.

O desencanto transformou-se em hostilidade. Todo dia recebemos reclamações e ouvimos histórias tristes de médicos, doentes ou feridos que não conseguiram se comunicar em emergências e que compraram telefones que não funcionam, disse um editorial no respeitado jornal Al Mada.

Funcionários da Iraqna não quiseram fazer comentários. Autoridades de telecomunicações do país dizem que a empresa tem dificuldade em manter a rede de celulares funcionando no ambiente hostil do país.

Diante da violência constante e dos problemas do dia-a-dia, muitos iraquianos que têm dinheiro estão saindo do Iraque, indo para países como a Jordânia e o Líbano. Quem tem menos dinheiro foge para a Síria, que é mais permissiva em relação à situação econômica dos iraquianos que chegam.

As residências nos bairros ricos de Mansour e Arasat estão vazias, as janelas cerradas, os jardins, antes bem-cuidados, cheios de mato.

Os que ficam têm de conviver com a falta de combustível e de eletricidade e com o aumento dos preços, que tira grande parte dos produtos do alcance das pessoas comuns.

Os preços aumentaram por causa da crise de energia e pela interferência dos rebeldes nas redes de transporte, principalmente em torno de Bagdá. Ataques de sabotagem danificaram refinarias e o fluxo de combustível importado.

Problemas administrativos também influenciam na crise. Os jornais trazem reportagens sobre forças de segurança responsáveis por proteger carros-tanque e postos de gasolina, que estariam ganhando dinheiro no mercado negro.

Nossa crise de combustível não é tão grande quanto a crise de honestidade, disse o ministro do Petróleo Thamir al-Ghadhban.

O litro da gasolina custa 50 centavos de dólar. O preço subsidiado nos postos estatais de petróleo é de menos de 1 centavo.

Um bujão de gás aumentou nos últimos três meses em até 400 por cento. Custa entre 5.000 e 10.000 dinares (3,50 a 7 dólares). Na época de Saddam, custava 500.

O preço do tomate também chegou a quadruplicar, e o da cebola triplicou. Há escassez de arroz e açúcar.

Simplesmente paramos de comprar comida além das rações. Nossas casas estão geladas porque o querosene é caro e muitas vezes não se acha, disse Raqia, uma dona de casa. Antes xingávamos Saddam Hussein quando ficávamos sem luz por algumas horas por dia. Hoje temos sorte se conseguimos isso.

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A Portas Abertas é uma organização cristã internacional e interdenominacional, fundada pelo Irmão André, em 1955. Hoje, atua em mais de 60 países apoiando cristãos perseguidos por causa da fé em Jesus.

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