Cristão paquistanês acusado de blasfêmia é absolvido

Portas Abertas • 25 jan 2005


Anwer Masih foi absolvido no mês passado em Lahore por um magistrado judicial, se tornando assim o primeiro paquistanês cristão a ser absolvido de blasfêmia nos tribunais menores do Paquistão.

Todos os cidadãos cristãos que foram acusados de blasfêmia no Paquistão nas últimas duas décadas foram eventualmente absolvidos quando apelaram para tribunais mais altos. Como os tribunais menores inicialmente os condenavam, eles permaneciam na prisão com pena de morte até o veredicto ser anulado.

O magistrado judicial, Doutor Mohammed Anwar Gondal, decidiu no dia 17 de dezembro que as acusações contra Masih eram apenas baseadas em boatos.

Além do mais, o magistrado declarou que o Primeiro Relatório de Informações (PRI) contra o acusado foi cancelado, pois anulava a sessão 196 do código de procedimento criminal. Esse estatuto declara que, qualquer acusação de blasfêmia sobre o artigo 295-A deve ser aprovada pelo governo central ou província antes que o PRI possa ser feito.
Masih, agora com 32 anos, foi preso no dia 30 de novembro de 2003, acusado de violar o Artigo 295 e 295-A do Código Penal do Paquistão, acusado de "ofender os sentimentos religiosos" e caluniar um profeta religioso.

Um vizinho, Naseer Ahmed,  que se converteu do cristianismo ao islamismo disse que Masih ridicularizou sua nova barba e crenças islâmicas.

Masih foi detido na Prisão do Distrito de Lahore por 6 meses, até que o Alto Tribunal de Lahore notou que não havia nenhuma evidência direta contra ele, e ordenou que fosse liberto sob fiança no dia 4 de junho de 2004.

Mas, de acordo com o advogado Justin Gill, representando o "Center for Legal Aid and Assistance Settlement" em Lahore, que defendeu Masih, seu cliente permanece em esconderijo, incapaz de se reunir com sua mulher e quatro crianças desde sua absolvição um mês atrás.

Extremistas fanáticos da banida, mas ativa "Lashkar-e-Mujahideen" (Exército Religioso Islâmico) jurou matar Masih sobre suas supostas observações contra o profeta Maomé.

Em uma ameaça escrita à mão em Urdu para Masih após sua libertação sob fiança, o grupo advertiu o acusado que somente muita proteção policial poderia impedir de ser baleado no tribunal em sua audiência na sexta, 17 de dezembro. 

"Mas nunca iremos deixar você ir", dizia a carta. "Nós iremos te balear quando você estiver sozinho, já que blasfemou contra nosso santo profeta. Nós ansiamos te matar porque você nos enfuriou. Nós, muçulmanos, não queremos ver você vivo. Alguém do Lashkar-e-Mujahideen irá te eliminar um dia".

 "Eu realmente temi pela minha vida desde que a multidão se alvoroçou na mesquita naquela sexta", Masih disse a Compass durante uma entrevista em setembro. Sua esposa, Bushra, foi forçada a pegar as crianças naquela tarde e fugir em um ônibus para outra cidade.

"Eu estava bem amedrontada quando tivemos que partir, e comecei a chorar", ela lembrou. "Eu nem levei roupa alguma porque não tínhamos tempo. Depois de 15 dias eu fui capaz de visitá-lo na prisão, mas nunca levei as crianças para vê-lo, pois ele não queria que elas o vissem lá".

Enquanto o julgamento estava acontecendo, o acusador de Masih tentou seqüestrar suas filhas na escola. Masih e sua esposa têm três filhas e um filho. "Eu estou seguro aqui no esconderijo, mas minha mulher e família, incluindo meus parentes, têm estado sobre pressão por minha causa", disse Masih.

"Minha religião diz que eu deveria perdoar este homem", Masih disse à Compass. "Mas depois de ouvir essas coisas, que ele até mesmo tentou seqüestrar minhas filhas, eu não quero perdoá-lo".

Masih conseguiu se encontrar com sua esposa, crianças e parentes em ocasiões secretas. "Mas eu sei que os mullags ainda procuram por mim", ele disse.

Com suas acusações judiciais limpas, mas sua vida ainda ameaçada, Masih se encontra junto como mais de uma dúzia de outros cristãos paquistaneses que, apesar da inocência, foram forçados a solicitar asilo para viver sob novas identidades.

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