Importante Pastor eritreu desaparece em Asmara

Portas Abertas • 6 abr 2005


Um importante pastor evangélico desapareceu das ruas de Asmara no dia 18 de março, supostamente detido pelas forças de segurança da Eritréia e está preso em local desconhecido.
 
Ao que tudo indica, Kidane Weldou, pastor sênior da Igreja do Evangelho Pleno em Asmara, foi abordado e levado pelas forças de segurança da Eritréia na manhã do dia 18 de março. Seu carro foi deixado próximo ao Cinema Roma, distante da Avenida Sematat, no centro da capital eritréia.
 
De acordo com o Release Eritrea, Kidane dirigia uma pickup da igreja no dia em que desapareceu.
 
Desde então seus familiares e membros da igreja de Kidane estão sem saber seu paradeiro e a acusação sob a qual o pastor foi preso.
 
Um dos fundadores da Igreja do Evangelho Pleno, Kidane começou a pastorear anos antes de a minúscula nação situada no nordeste da África tornar-se independente. Biólogo formado pela Universidade de Asmara, trabalhou no Ministério da Educação antes de assumir o ministério pastoral em período integral. Kidane tem pouco mais de 50 anos, é casado e tem quatro filhos.
 
"Mais uma prisão", observou o coordenador do Release Eritrea, Dr. Berhane Asmelash, "deixa claro que o governo da Eritréia vem intensificando o controle, em vez de aplacá-lo".
 
Dois outros importantes pastores da Igreja do Evangelho Pleno e um pastor da Igreja Evangélica Rema passaram os dez últimos meses na cadeia sem acusações nem julgamento formal. O governo eritreu não permitiu que ninguém os visitasse e recusou-se a divulgar seu paradeiro.
 
Na semana passada, o Departamento de Estado norte-americano acenou com a possibilidade de romper seu "compromisso" com a Eritréia, o Vietnã e a Arábia Saudita, que entraram pela primeira vez no relatório anual de liberdade religiosa, lançado pelo Departamento em setembro de 2004, como países de particular preocupação por sua flagrante violação da liberdade religiosa.
 
Entretanto, os evangélicos eritreus que moram no exterior permanecem céticos. "Não achamossério", declarou um deles à Compass, destacando que a agressiva retórica contra os Estados Unidos continua aparecendo regularmente nos sites do governo da Eritréia. "Acho que o Departamento de Estado está fazendo isto só para agradar a Arábia Saudita. Essas queixas nada têm a ver com a Eritréia ou o Vietnã. É só política".
 
No mês passado, na Eri TV, único canal de televisão do país, o jornalista Elias Amare comandou um talk show que discutia o tema "A Tolerância e a Liberdade Religiosa na Eritréia". No programa, levado ao ar em 25 de fevereiro, dois convidados pró-governo teriam criticado a Comissão dos Estados Unidos pela Liberdade Religiosa por não tê-los convidado a integrar a equipe de pesquisa ou de analistas consultores na fase de elaboração do relatório anual sobre o histórico de liberdade religiosa da Eritréia lançado em setembro de 2004.
 
Na semana passada, a Voz da América transmitiu uma entrevista com o embaixador da Eritréia nos Estados Unidos, em reação ao último relatório 2004 de direitos humanos na Eritréia, publicado em 28 de fevereiro pelo Departamento de Estado norte-americano. Em particular, o embaixador Girma Asmerom tentou defender o histórico de liberdade religiosa de seu país.
 
"Ele disse que essas igrejas pentecostais, independentes, são a versão cristã do Al-Qaeda e, portanto, representam uma ameaça tão grande quanto os grupos terroristas islâmicos", comentou um eritreu que mora no exterior e acompanhou a entrevista no dia 19 de março.
 
O embaixador prosseguiu defendendo que o governo deveria ser elogiado por perseguir esses "terroristas" evangélicos com recursos estrangeiros, assim como faria com seus equivalentes islâmicos.
 
Em maio de 2002, o governo eritreu ordenou o fechamento de todas as igrejas protestantes independentes, alegando que as únicas religiões legalizadas são a ortodoxa, a católica, a luterana e a muçulmana. Grupos não-oficiais foram até mesmo proibidos de realizar cultos em suas casas.
 
Entre os grupos protestantes declarados ilegais estão as igrejas adventistas, presbiterianas, assembléias de Deus e metodistas, bem como congregações carismáticas e pentecostais indígenas, muitas delas nascidas dos vários movimentos que surgiram no interior das igrejas cristãs "oficiais".
 
Nos últimos três anos, centenas de cristãos, entre pastores, soldados, mulheres, adolescentes, crianças e idosos, foram detidos e passaram semanas ou meses na prisão por terem sido pegos orando, lendo a Bíblia e reunidos para prestar culto. Muitos foram espancados e submetidos a tortura física que os deixou marcados pelo resto da vida.
 
Há notícias de que 230 cristãos foram presos em cinco cidades da Eritréa desde o início de 2005. Fontes da Igreja de Kale Hiwot confirmaram que pelo menos 120 membros da igreja que foram detidos ainda se encontram presos.

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