Setor da oposição assume agenda das igrejas e reclama liberdade religi

Portas Abertas • 30 mai 2005


O segmento da oposição política cubana pertencente à Assembléia para Promover a Sociedade Civil Emergente assumiu publicamente a agenda das igrejas cubanas e reclamou plena liberdade religiosa no país.

Isso ocorreu na primeira reunião da oposição depois do estabelecimento do socialismo em Cuba, e se efetuou numa pequena chácara nos arredores de Havana, dias 20 e 21 de maio. Participaram da reunião mais de 100 delegados da ilha, embora fossem esperados 300. Alguns, informaram, foram detidos ou abandonaram o país.

Enquanto os organizadores do encontro disseram que a reunião foi um êxito, Osvaldo Payá, coordenador do Movimento Cristãos da Libertação e incentivador do Projeto Varela, que busca a democratização no país, qualificou-a de fraude e de provocação orquestrada pelo regime de Fidel Castor e a extrema direita do exílio cubano.

Seus líderes sabotaram todos os projetos cívicos com calúnias, provocações e mentiras, assegurou Paya. Outros grupos que rejeitaram participação no encontro foram a coalizão social-democrática Arco Progressista, Câmbio Cubano, o Partido da Solidariedade Democrática, e vários grupos defensores dos direitos humanos, entre eles a Comissão Cubana pelos Direitos Humanos. A Comissão alegou sua condição de observadora dos direitos humanos e não de ativista político.

As autoridades cubanas expulsaram do país ou impediram a entrada de um grupo de figuras políticas européias convidado à reunião. Dois jornalistas italianos, três jornalistas poloneses, um senador checo, um legislador alemão, dois poloneses membros do Parlamento Europeu, duas ex-senadoras espanholas e um ativista polonês de direitos humanos foram alguns dos expulsos. A União Européia reagiu fortemente, de Bruxelas.

Estiveram presentes na reunião o chefe da Seção de Interesses dos Estados Unidos em Havana, James C. Cason, diplomatas da Holanda, Polônia, República Checa, Japão e a representação da União Européia em Havana.

Junto à presidência do evento destacava-se uma grande cruz de madeira e uma imagem da Virgem da Caridade do Cobre, padroeira nacional do povo cubano.
Ficou acordado que todas as sessões de trabalho iniciariam com uma invocação a Deus e um pedido de liberdade incondicional de todos os compatriotas encarcerados.

 A Comissão número 12 abordou os assuntos religiosos e foi presidida por Ricardo Santiago Medina Salabarría, auto-identificado como bispo auxiliar da diocese do Catolicado Ortodoxo Bizantino de Cuba, sem reconhecimento legal.

Medina explicou que embora essa igreja esteja presente em Cuba desde 1923, trazida por um missionário jamaicano, e que durante muitos anos foi conhecida como a igreja dos americanos por causa dos serviços religiosos em inglês, neste momento não somos reconhecidos pelo governo de Cuba.

O bispo auxiliar ortodoxo disse que no ano 2000 tinham 13 capelas no país, mas atualmente dispõem de uma só, que está sendo restaurada em Havana.
Alegou que as autoridades fecharam as outras 12 capelas. A igreja tem cinco mil membros batizados, porém só em torno de 30 se reúnem regularmente.

Medina manifestou que a reunião da Comissão sobre Assuntos Religiosos foi muito fluída, já que o documento base fora previamente analisado em sessões de trabalho preparatórias para a Assembléia. Participaram membros da Igreja Católica, da Igreja de Cristo, Igreja Pentecostal Unida de Cuba, batistas, e alguns sem prática religiosa. Não participou nenhum representante das religiões cubanas de origem africana.

O representante ortodoxo relatou que foi dada mais ênfase ao trabalho das denominações cristãs porque são elas as que mais estão sofrendo os embates do totalitarismo cubano. Destacou entre os pontos fundamentais abordados no evento a solicitação da anulação da Lei 54 - conhecida como Lei de Associações - e de todas as disposições legais que proíbem, limitam ou entorpecem o bom funcionamento das organizações religiosas e fraternais na ilha.

Foi sublinhado o propósito de levar a paz de Cristo a todo cubano e de abolir a pena de morte em Cuba. Acordou-se trabalhar com a espiritualidade da nossa sociedade, depauperada por mais de quatro décadas sob a cultura ateísta.

No encontro foi solicitada a legitimação de um sistema pedagógico cristão, a abertura de bibliotecas e lojas onde se possa adquirir literatura religiosa, o término das instigações contra as creches cristãs e a autorização de abertura de creches interdenominacionais.

Também foi pedida autorização para que as igrejas visitem as cadeias, a fim de levar ajuda espiritual aos presos, a legalização de todas as igrejas radicadas em Cuba e a permissão para a construção de novos templos.

Um ponto destacado da agenda foi a demanda de que seja autorizada a abertura de emissoras de rádio e canais de televisão com programação religiosa e bíblica na Ilha.

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