Portas Abertas • 28 jul 2005
Cinco dias após as autoridades terem demolido parte do prédio da Igreja Menonita, oficiais forçaram os fiéis a interromper uma reunião de oração que se realizava no local.
Apesar da destruição de boa parte do Centro Menonita ocorrido no dia 19, quinze membros se reuniram no que restou do prédio para uma reunião de oração, às 7 horas da noite do dia 24 de julho. Assim que a reunião começou, cerca de trinta oficiais, incluindo a polícia, forças de segurança e forças de defesa locais, bem como o líder da comunidade, chegaram para interromper o encontro.
Metade dos oficiais cercou a área ao redor do Centro Menonita, e os outros, liderados pelo oficial da polícia Nguyen Quang Trung, entraram no local. Quando os cristãos estavam orando em voz baixa, Trung gritou para que eles parassem e ordenou que Le Thi Phu Dzung, esposa do pastor Nguyn Hong Quang, interrompesse a reunião.
Trung então os enquadrou por "reunir uma multidão e perturbar a ordem pública". Ao mesmo tempo, uma força tarefa criada para lidar com o "problema menonita" citou Dzung por "conduzir atividade religiosa ilegal" - uma tática comum usada contra as igrejas não registradas. Dzung foi intimada a comparecer ao escritório de Binh Khanh Ward para "resolver sua violação".
A polícia insistiu em checar os documentos de identidade dos participantes e forçaram dois homens a comparecerem à delegacia. Um deles era Le Quang Du, pai da jovem Le Thi Hong Lien, condenada à prisão no ano passado junto com o reverendo Nguyen Hong Quang e outros. Lien sofreu tantos abusos na prisão que teve um colapso mental. Os dois homens foram libertados depois de duas horas de interrogatório.
Os oficiais voltaram para o Centro Menonita antes das 9 horas da noite para a segunda batida, dizendo que alguém tinha denunciado outra reunião. Como não havia reunião, a polícia começou a inspecionar os papéis de registro das motocicletas estacionadas junto ao prédio da igreja. Eles ameaçaram levar as motocicletas ou qualquer outro veículo que estivesse no estacionamento sem registro. Dzung ficou indignada e pediu que mostrassem um mandado de busca para isso. A polícia deixou o local, depois de exigir que os cristãos assinassem um papel de que estariam com os veículos em ordem.
Um líder evangélico observou que, em maio desse ano, o acordo entre os Estados Unidos e o Vietnã em melhorar a liberdade religiosa estava em processo no tribunal. Dzung recebeu algumas garantias do diplomata americano que visitou o Centro Menonita horas antes de ser demolido. De acordo com esse líder, o uso contínuo da força e da perseguição contra os menonitas é a "prova de que o governo não tem poder sobre os oficiais locais, ou que a nova legislação religiosa tivesse a intenção de enganar alguém. Fica claro que até mesmo o interesse dos Estados Unidos nesse caso não significa nada para as autoridades vietnamitas".
Existem pelo menos oitenta ações oficiais contra o Centro Menonita desde a prisão de Quang, no dia 8 de junho de 2004. Ele permanece preso no campo de trabalhos forçados em Dak Lak, sofrendo de desmaios ocasionais devido ao trabalho árduo a que é submetido diariamente. Sua esposa, de 31 anos, foi eleita líder da Igreja Menonita do Vietnã em junho e agora sofre o impacto da brutalidade do estado contra a organização.
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