Portas Abertas • 26 set 2005
Seu pai o enviou da Arábia para Nigéria quando ele tinha 3 anos de idade para ser treinado como clérigo islâmico, mas Deus tinha outros planos para Ahmed Abdullahi.
Criado na Arábia Saudita e nascido de uma família do norte da Nigéria e com alguns parentes que eram clérigos muçulmanos, Abdullahi era um candidato improvável para se tornar um cristão evangelista entre muçulmanos da África. Seu caminho até Cristo, entretanto, levou-o a superar todos os obstáculos - incluindo a sentença de morte que sua família pronunciou contra ele - para tornar-se exatamente isto.
Abdullahi não viu sua família por mais de 20 anos. Aqueles que tão bem o receberam quando ele retornou da Arábia Saudita em 1980 como um erudito clérigo muçulmano de 30 anos, sentiram que não tinham outra escolha a não ser matá-lo quando se entregou a Cristo. "Quando contei aos meus parentes que eu tinha decidido seguir a Jesus Cristo, eles planejaram me matar, forçando-me a fugir," disse Abdullahi a Compass.
Casado com Margaret, fundadora e presidente do Home Makers Ministries International, um ministério evangélico cristão para mulheres com sede internacional em Jos, Abdullahi agora encontrou sua própria família cristã.
Abdullahi nasceu na cidade de Keffi, em Nasarawa, estado no norte da Nigéria. Seu pai, um líder muçulmano de sua aldeia, entregou-o ao clérigo saudita muçulmano, Muhammad Ado, quando ele tinha apenas 3 anos, para que seu filho pudesse ser treinado como um respeitável clérigo islâmico. Abdullahi recebeu educação islâmica na Arábia Saudita, e, quando seu guardião morreu, ele retornou a sua terra natal, em 1980.
Seus parentes estavam orgulhosos de ter um líder muçulmano intelectual na família, mas logo sua alegria acabaria. Pela primeira vez em sua vida, Abdullahi conheceu cristãos.
"Eu fiquei surpreso de ver cristãos, porque no Islã, nós entendemos que o tempo de Isa (Jesus) já passou," ele disse. Esse encontro com cristãos aumentou sua curiosidade, e ele pediu uma Bíblia para saber mais sobre Jesus.
Durante uma visita ao seu irmão, Alhaji Sule, um até então trabalhador da Corporação Ferroviária Nigeriana na cidade de Maiduguri, ao norte da Nigéria, Abdullahi conheceu um líder católico que era conhecido apenas como padre Macaulay. O reverendo Macaulay entregou-lhe uma cópia da Bíblia em árabe, pois Abdullahi não sabia ler em inglês.
"Depois que li a Bíblia, orei a Deus para que Ele me mostrasse o caminho correto", contou ele. "Isso revelou-se em sonho, quando eu vi Cristo, que apareceu para mim e me disse que Ele tinha me dado a verdade que está em sua Palavra. Eu decidi me tornar um cristão em 1984, após ler sobre a vida de Cristo no Alcorão e na Bíblia."
O padre Macaulay orou com Abdullahi, que se comprometeu inteiramente em ser um discípulo de Cristo. Os parentes de Abdulahhi choraram como se ele tivesse morrido. Eles tentaram persuadi-lo a retornar ao Islã. Quando perceberam que falharam em tentar convencê-lo a renunciar ao cristianismo, sua família pronunciou uma sentença de morte contra ele, de acordo com as leis islâmicas.
"Agora eu não posso mais viver com o meu povo", ele disse. "Eles me disseram que acham melhor me matar do que viverem com a vergonha de me perder, um membro da família, para a fé cristã. Eu sabia que seria morto, então, fugi da minha vila."
Embora receber a Cristo tenha sido a melhor coisa que lhe aconteceu, disse Abdullahi, isso lhe custou tudo.
"No Islã, quando você nega Maomé como profeta de Deus, você deve ser morto", ele disse. "Eu sabia disso. Mas tinha pensado que, como eu não estava mais na Arábia Saudita, minha família não me trataria como eu seria tratado se estivesse naquele país. Eu estava errado. Eu não sabia que havia tanta perseguição esperando aqueles que se convertem ao cristianismo na África."
Arrasado e abandonado, para sobreviver Abdullahi às vezes retornava à mesquita para orar - e buscar comida. "Mas depois de anos de persistência, eu não preciso mais voltar," ele disse. "Eu acredito que minha conversão é um trabalho de Deus, pois, se não fosse, eu teria retornado ao Islã devido às grandes dificuldades."
Em 1986, ele se envolveu no Projeto Kanuri, um ministério cristão de evangelismo junto aos muçulmanos Kanuri, no norte da Nigéria. Desde então, ele tem sido um evangelista aos muçulmanos na República dos Camarões, Chade, Zaire (atual República do Congo), Gana, Benim, Níger, Líbia, Sudão, Marrocos, e Togo, assim como na Nigéria. Abdullahi ganhou convertidos do Islã e em alguns casos plantou igrejas. Seu testemunho encontra eco entre os africanos acostumados a interagir com forças espirituais.
"Como eu soube que a minha conversão foi trabalho do Espírito Santo?", prossegue Abdullahi. "A verdade é que, enquanto fui muçulmano, eu tinha encantos que podiam fazer com que eu desaparecesse conforme a minha vontade. Houve vezes em que não precisei viajar de carro. Tudo o que eu precisava fazer era pensar onde eu queria estar e lá eu estaria. Além disso, facas não podiam me cortar".
"Mas, quando me tornei cristão e fui batizado, de repente perdi esses poderes. Todos os poderes que eu tinha desapareceram. Então percebi que eu havia sido deixado sem poderes por poderes que eram maiores que os meus. Eu nunca imaginei que eu poderia ficar sem poderes, porque me asseguraram no Islã que ninguém poderia tirar estes poderes de mim."
Abdullahi sabe as conseqüências de sua audácia em proclamar Cristo entre os muçulmanos, mas ele não tem medo da morte. "Se eu for morto como eles planejam, eu sei que a morte em Cristo é uma bênção, um ganho," ele disse. "Eu não tenho medo. Jesus Cristo é o meu Senhor, e Ele me deu audácia para professar seu nome onde eu estiver."
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