Jovem cristã é vítima de seqüestro e violência

Portas Abertas • 4 out 2005


Uma paquistanesa acusou três homens de tê-la estuprado e ameaçado de morte caso ela não se convertesse do cristianismo ao islamismo.

Ribqa Masih, 22, declarou durante audiência em 20 de setembro que Ghulam Abbas e Mohammad Kashif a drogaram e seqüestraram em 2 de setembro.

Ribqa tinha feito uma viagem de aproximadamente 16 quilômetros de sua terra natal, Chak, até a cidade de Faisal Abad com uma amiga muçulmana, Humaira Hussain. Humaira disse que queria ajudá-la a chegar a uma pensão em Faisal Abad, onde Ribqa já havia ficado para receber treinamento.

Sem que Ribqa soubesse, afirmou, Humaira tinha planejado encontrar Ghulam e Mohammad no ponto de ônibus de Faisal Abad, onde os dois homens ofereceram um copo de água que fez com que ela perdesse a consciência.

Ela contou que os dois homens a levaram a uma casa na cidade de Lahore, a aproximadamente 100 quilômetros de distância, e a estupraram durante toda noite. Eles ameaçaram atirar nela e matar toda sua família se ela não repetisse a doutrina islâmica, um ato que, se feito diante de dois muçulmanos, é considerado válido para a conversão ao islamismo.

Ribqa se recusou a se converter, dizendo que preferia morrer a mudar sua religião. Na manhã seguinte, seus seqüestradores a entregaram a outro muçulmano que, segundo eles, a levaria para sua casa.

O novo seqüestrador de Ribqa, porém, a estuprou repetidamente durante os três dias seguintes e a ameaçou de morte se ela contasse a alguém, declarou a jovem.

No dia 6 de setembro, o homem finalmente retornou com Ribqa a Faisal Abad e a deixou no ponto de ônibus. Impossibilitada de andar devido aos seus ferimentos vaginais, Ribqa chamou um "jinriquixá" (carro de duas rodas para transporte de pessoas, puxado por um ou dois homens) para levá-la a casa de seu tio, de onde ela telefonou para seus pais.

A polícia prendeu apenas um dos agressores de Ribqa, Ghulam, que negou as acusações de estupro na audiência. Ele chamou as acusações de "resultado de inimizade", declarando também que o caso tinha motivação política.

"Na última eleição, ele e a família de Ribqa votaram no mesmo candidato", afirmou Khalil Tahir, advogado de Ribqa. "Nem a família tem algo a ver com a política."

Por sua vez, Ribqa disse ao juiz Adeela Altaf: "Nenhuma mulher colocaria sua honra em risco por uma eleição."

Num país onde a honra é um fator de vida ou morte, as palavras de Ribqa realçaram a gravidade de sua situação.

O sacerdote de Ribqa, padre Paschal Paulus, disse que quando a viu pela primeira vez depois do suposto seqüestro, "ela estava sentada, e eu pedi para que levantasse, mas ela estava chorando, e seu pai tinha acabado de me falar que ela ainda tinha dificuldade para andar".

"Essa garota sempre cantava e lia diariamente durante a missa. Mas o tempo todo que eu estive lá, ela estava totalmente amedrontada, com lágrimas caindo de seus olhos e ela estava muito triste. Ela ainda tem dificuldade para andar."

Khalil, que também está representando Sonia Naz contra os membros da polícia paquistanesa num caso de estupro de repercussão na mídia nacional, disse que todos os dias três ou quatro notícias de mulheres que foram estupradas aparecem nos jornais locais.

"Muitas das garotas nunca dão queixa de estupro à polícia pois acham que nunca conseguirão obter justiça", afirmou Khalil. "Por outro lado, isso é uma questão de honra e prestígio familiar no Paquistão. Ninguém quer se casar com essas garotas, apesar de serem inocentes."

As conseqüências do estupro são comumente mais sérias que a estigmatização social. Durante os primeiros quatro meses deste ano, 57 mulheres foram declaradas mortas sob pretexto de "honra" no Paquistão, de acordo com a Sociedade para os Direitos Humanos e Ajuda aos Prisioneiros (SHARP), num artigo de maio no "Daily Times" de Lahore.

"Muitas vezes as mulheres são estupradas, mas não erguem suas vozes", disse a Compass o padre Paulus, da Igreja Católica Waris Pura, de Faisal Abad. "O dinheiro pode comprar a justiça. Então, se você é pobre, sabe que nada poderá ser feito por você. As pessoas somente vão usá-lo. Onde não há justiça, as pessoas têm medo de levantar as vozes."

O pastor disse que a atitude da família de Ribqa foi incomum na vontade de se levantar contra o estupro de sua filha. Apesar de sua vulnerabilidade como cristão pobre morando numa vila muçulmana, o pai de Ribqa, Rafique Masih, procurou o padre Paulus e pediu sua ajuda para entrar com uma ação na justiça.

"Essa é uma família muito corajosa", disse o sacerdote. "Mas nesse caso, se você está se tornando corajoso de verdade, então você verdadeiramente terá que carregar sua cruz."

Essa cruz vem na forma de ameaças dos vizinhos muçulmanos.

A família Masih já foi avisada de que se não encerrar seu caso na corte, terá um caso aberto contra eles.

Os seis irmãos mais novos de Ribqa já largaram a escola, onde têm sofrido constantemente insultos por parte dos colegas.

A família Masih também tem recebido ameaças por telefone de dois dos supostos seqüestradores, que continuam livres. O padre Paulus e a família suspeitam que o fato desses homens  não terem sido presos significa uma tentativa deliberada de protegê-los.

Khalil, que concordou em representar Ribqa sem cobrar nada, apelou para que o processo fosse transferido para uma corte de Atos Antiterroristas, baseado em que o "incidente criou um sentimento de medo e insegurança" na família. O advogado tem tomado várias declarações de vizinhos dos Masih, quem presenciaram o fato da família viver sob intensa pressão imensa.

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