Portas Abertas • 6 out 2005
Radicais hindus do vilarejo de Jamanya, em Maharashtra, continuam a hostilizar as famílias cristãs que foram atacadas no dia 16 de maio - ameaçando agredi-las caso se recusem a renunciar à sua fé em Cristo, detendo e espancando um cristão visitante e atacando a casa de outro fiel.
O pastor Sarichan Chauhan, coordenador da área da Equipe Evangélica Indiana (IET), disse a Compass que Gulab Barela, chefe do vilarejo de Jamanya, pediu para todos os fiéis comparecerem à uma reunião para resolução de conflitos no dia 25 de setembro. Cerca de vinte fiéis estiveram nesse encontro.
"Inicialmente, eles pediram aos cristãos que renunciassem ao cristianismo", contou Chauhan. "Mas quando eles recusaram veementemente, os líderes do vilarejo pediram para que pelo menos não permitissem a entrada de nenhum cristão que não fizesse parte do vilarejo".
Os cristãos, entretanto, também não concordaram com isso, afirmando que precisam que professores cristãos venham à vila para lhes ensinar as Escrituras
"Finalmente", disse Chauhan, "os líderes deixaram o encontro, enfatizando que se algum cristão de fora fosse agredido, eles não se responsabilizariam".
Essa reunião foi liderada por um cidadão muito conhecido chamado Mangilal, da vila de Talalvi, em Malkhera. Quem também esteve nesse encontro foi Pratap Deeta Barela, sub-chefe de Jamanya, e oficiais de vilarejos próximos.
Medo de ir para casa
Em 23 de setembro, Neta Gyansingh, um cristão de 25 anos, do vilarejo de Sirval, também vítima dos ataques de 16 de maio, foi detido e agredido por radicais hindus.
"Quando fui para Jamanya visitar uma família evangélica no final da tarde, alguns moradores vieram até a mim e me arrastaram a força até uma sala", contou Gyansingh. "Fui algemado por cinco minutos e depois me fizeram sentar numa cama de lona. Mais tarde, levei vários socos no rosto, na barriga e nas costas. Fui agredido com cacetadas nas mãos antes de ser trancado na sala".
No dia seguinte, às 15 horas, Kuchriya Patel, extremista hindu, e outro morador de Jamanya levaram Gyansingh até sua vila, Sirval. Eles o apresentaram a Patel, chefe da vila. "Na presença de Patel, os dois advertiram-me de que eu nunca mais deveria visitar Jamanya novamente, caso contrário teria minhas mãos e pés decepados", disse Gyansingh.
Na véspera desse incidente, a casa de um cristão local, Saimal Mohan Singh Barela, tinha sido atacada por três homens enviados por extremistas hindus.
"Três homens armados invadiram a casa de Barela e o atacaram", disse Chauhan. "Mas, felizmente, Barela tinha fugido com sua família já que ele ficou sabendo dos planos de atacarem sua casa".
Entretanto, os três homens arrombaram a casa de Barela. Saquearam a cozinha e destruíram dois fornos feitos de tijolos.
"Barela ainda não retornou à sua casa e atualmente mora com parentes junto com sua família temendo por sua vida", acrescentou Chauhan.
Quando Compass falou com Naik, inspetor policial da vila de Jamanya, ele inicialmente disse que a situação era pacífica. "A situação é normal. Meus policiais vão ao vilarejo todas as noites para patrulhar", disse ele.
Quando informado dos três incidentes, ele disse: "Irei pessoalmente até a vila e ver a situação".
Quanto aos ataques de 23 de setembro contra Gyansingh, Naik disse: "Os agressores estavam bêbados, e não foi por causa do fato de a vítima ser cristã. Na verdade havia uma inimizade pessoal".
Ele ainda acrescentou: "Irei providenciar uma reunião entre hindus e cristãos na vila para resolver esses problemas".
Radicais hindus atacaram 11 famílias cristãs, abusando sexualmente de mulheres, na vila de Jamanya, em 16 de maio, quando eles recusaram a deixar o cristianismo. Posteriormente, essas famílias enfrentaram o ostracismo por parte dos hindus.
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