Portas Abertas • 15 out 2005
É possível que a Argélia seja a nação norte-africana mais estratégica. Ela foi arrasada, durante anos, pela guerra, instabilidade política e terrorismo islâmico. O vertiginoso desemprego e a pobreza, durante a década de 80, terminaram por disseminar a raiva contra o regime militar totalitário. Sendo assim, grupos islâmicos que prometeram uma saída através do estado islâmico, ganharam um massivo apoio popular.
Em janeiro de 1992, depois que o primeiro turno das eleições parlamentares deixou claro que o grupo fundamentalista Frente Islâmica de Salvação (FIS) posicionara-se para vencer, a Assembléia foi dissolvida e O Exército assumiu o controle. Explodiram choques entre a FIS e as forças de segurança; foi declarado estado de emergência. A FIS recebeu ordens de se desfazer e todas as 411 autoridades locais e regionais controladas pelas FIS foram eliminadas. O Exército Islâmico de Salvação (AIS - o braço armado da FIS) e o Grupo Islâmico Armado (GIA) retaliaram, com um horrível massacre de civis, em especial durante o Ramadã. Estima-se que 150 mil pessoas morreram no conflito.
Em 1999, Abdelaziz Bouteflika, o único candidato na ocasião, foi eleito como presidente. Depois de longas negociações secretas com o AIS, Abdelaziz tomou a iniciativa de fazer uma reconciliação civil. O programa foi aprovado em um referendo. Dessa forma, mais de 5 mil militantes do AIS submeteram suas armas em troca de anistia. Por sua iniciativa de paz ter sido tão efetiva, Abdelaziz foi reeleito pela maioria em abril de 2004, uma vitória esmagadora, considerada livre e justa pela monitoria internacional.
No entanto, estima-se que mil jihadistas continuam à solta. Em 29 de setembro de 2005, Abdelaziz realizou outro referendo, esse sobre a concessão de anistia a islâmicos que entregarem a si mesmos e suas armas. Os culpados de estupro, massacre e bombas não podem receber anistia. Enquanto o Grupo Salafista para a Predicação e o Combate (GSPC), ligado ao al-Qaeda, rejeitou oficialmente a oferta, cerca de 300 militantes salafistas argelinos manifestaram, por meio de suas famílias, desejo se entregar e aceitar a anistia proposta pelo governo.
A anistia é sobremodo controversa e grupos de direitos humanos, em geral, se opõem a ela. Eles afirmam que a anistia garante impunidade para terroristas, além de burlar a justiça. De qualquer forma, 97% dos eleitores que votaram no referendo apoiaram a anistia. Ela pode enfraquecer bastante o movimento jihadista na Argélia e avançar para a paz.
A Argélia é importante porque a década de terror islâmico levou afinal a uma repulsa e rejeição dos islamismo estrito, político e militante. Acima de tudo isso, surgiram movimentos nacionalistas com indígenas não-árabes, como os berberes, resistindo de forma ativa à arabização. Os berberes são 40% da população e estão em busca do reavivamento de sua identidade étnica. Isso envolve explorar sua herança e cultura pré-islâmica. Existe hoje uma abertura espiritual em ascensão entre esses povos.
Há pouco tempo a Sociedade Bíblica recebeu permissão para reabrir, e é provável que o presidente Abdelaziz revise as leis familiares e os direitos das mulheres, além de se preocupar com a segurança. Então, oremos para que um bom governo e a paz abram as portas e dêem aos argelinos liberdade religiosa.
ORE ESPECIFICAMENTE:
Por coragem, perseverança e graça para a pequena, mas crescente, Igreja Cristã na Argélia, já que a perseguição aos muçulmanos convertidos ao cristianismo (árabes em especial) pode se intensificar.
Que Deus proteja a Igreja enquanto indivíduos e como um Corpo, que a conforte, satisfaça suas necessidades materiais e espirituais e conceda ousadia do Espírito Santo.
Que Deus use as pessoas no poder da Argélia como instrumento de reforma e paz; que haja verdade, arrependimento, perdão e reconciliação a favor do futuro, do povo, da Igreja e do Evangelho na nação.
Que Deus use a rádio e programas cristãos, cristãos locais e todos os meios para falar aos corações muçulmanos, que refletem sobre coisas espirituais durante o ramadã; que seus olhos sejam abertos para ver Jesus Cristo, o Redentor, e Príncipe da Paz.
Que a liberdade religiosa seja uma realidade na Argélia e que a justiça e o louvor se espalhem em toda a nação.
Texto enviado por Daila Fanny.
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