Shafik Saleh é condenado a um ano de prisão

Portas Abertas • 4 nov 2005


Um cristão norte-americano enfrenta um ano de prisão após uma audiência em que foi acusado de estuprar e agredir Magda Refaat Gayed no abrigo para meninas dirigido por ele no Cairo.

Logo após a audiência final do caso de Shafik Saleh Shafik, os três juízes da Corte Criminal nº 15, de Abbassiya, no Cairo, haviam postergado o veredicto três vezes. Finalmente, no dia 20 de outubro, a corte sentenciou Shafik, que também possui cidadania egípcia, a um ano de prisão. Mas até agora eles não liberaram o veredicto por escrito.

De acordo com um dos advogados de defesa, um veredicto escrito detalhando as acusações contra Shafik deverá ser feito dentro de 30 dias, ou o caso terá de passar por um segundo julgamento.

"Eu estou pasmo", disse a Compass Naguib Gabriel, advogado de Shafik. A defesa esperava que o réu fosse inocentado depois que o melhor legista do Egito, dr. Ayman Soda, testemunhou no mês passado a favor do cristão.

O dr. Ayman havia apontado inconsistências nas declarações de Magda de que ela teria escapado do segundo andar do abrigo de Shafik enquanto suas mãos e pés estavam amarrados. O médico legista também apontou procedimentos falhos da parte do médico da corte.

Após ouvir a declaração do dr. Ayman, o juiz principal havia comentado: "Isso significaria que tudoé uma mentira."

Magda acusou Shafik de tê-la estuprado, mas testes iniciais mostraram que ela não tinha sido violentada sexualmente.

Os advogados da defesa acreditam que o veredicto culposo foi baseado em discriminação religiosa, declarando que desde a primeira audiência, em setembro de 2004, a corte tem mostrado um favoritismo constante pelos islâmicos.

Infringindo diretamente a lei egípcia, a qual proíbe menores de participar de qualquer atividade legal incluindo conversão, a promotoria pública estadual havia ordenado que Magda, de 17 anos, fosse levada a um centro islâmico em Al-Azhar para se converter ao islamismo. A corte também falhou em mandar Magda de volta para junto de sua família cristã.

Shafik concordou que a decisão da corte foi movida pela religiosidade, dizendo: "Agora estamos achando que o juiz principal entendeu o tempo todo que eu sou inocente. Mas os outros dois juízes são muito islâmicos, então eles estão pensando em me pôr na cadeia."

O apoio de dois dos três juízes era necessário para que a corte desse um veredicto.

A irmã de Shafik, uma cidadã norte-americana, enviou por fax uma carta ao papa copta ortodoxo Shenoudah III, solicitando que ele interviesse nesse caso. Shenoudah lidera a Igreja Copta Ortodoxa, representando quase metade dos sete milhões de egípcios cristãos.

A mensagem a Shenoudah resumiu o caso, incluindo os detalhes sobre a aceitação de Magda ao abrigo Apaskhyron El-Kellini para moças em setembro de 2004. Sua família colocou-a no abrigo após recuperar-se de duas semanas de ausência, já que ela havia fugido com um com um jovem muçulmano. Um dia depois de sua chegada, Magda fugiu do abrigo e foi a uma lanchonete local, onde gritou que cristãos a "haviam torturado e agredido".

Enquanto a embaixada dos EUA no Egito se recusou a comentar o caso, Shafik confirmou a Compass que ele e seu advogado haviam consultado oficiais da embaixada.

Embora Shafik tenha solicitado que representantes da embaixada comparecessem às audiências ao longo do ano passado, nenhum oficial dos EUA apareceu.

Shafik obtém o direito legal de apelar da decisão da corte, mas tem pouca esperança de que um segundo julgamento seja garantido. Somente com o consentimento de pelo menos dois dos três juízes originais ele poderia ser ouvido por uma nova corte.

"Se eu apelar agora, eles não o aceitarão", disse Shafik a Compass. Como o apelo deve ser feito pessoalmente, ele arriscaria uma prisão imediata. "Se eles não aceitarem, então me levarão imediatamente para a prisão".

Mas, mesmo que o apelo de Shafik fosse aceito, os advogados de defesa têm pouca confiança de que ele teria liberdade sob fiança. "O tempo que a corte levaria para avaliar o caso, seu tempo na prisão já terá terminado," disse Gabriel a Compass.

"Shafik pode sofrer um ataque cardíaco", acrescentou Gabriel, expressando o temor de que o tempo na prisão pode significar abuso e possivelmente morte ao seu cliente de 58 anos. Durante a primeira detenção de Shafik, em setembro de 2004, a polícia não permitiu que ele tivesse acesso ao seu medicamento para o coração por mais de 48 horas.

Ainda mais perigoso que o abuso policial é a possibilidade de tratamento de doenças nas mãos de prisioneiros colegas.

"Talvez eles não me machuquem", disse Shafik referindo-se à polícia. "Mas eles permitirão que os criminosos me prejudiquem. Especialmente quando eles disseremque Shafik está pregando a Bíblia, e que ele converte garotas muçulmanas ao cristianismo. Isso os deixará loucos".

Quando os problemas cardíacos forçaram Shafik a se aposentar de seu negócio de eletrodomésticos no Texas, há mais de cinco anos, ele retornou ao Egito para ajudar crianças desabrigadas como voluntário.

Após mudar o foco de seu trabalho para apoiar jovens cristãs, que, segundo ele, estavam "sendo pressionadas a mudar sua religião" para o islamismo, Shafik jamais imaginou que seus esforços fossem colocá-lo na prisão.

 "Estou planejando encontrar um modo de manter os abrigos abertos", disse Shafik a Compass, referindo-se aos dois abrigos para crianças entre 2 e 17 anos que ele dirige. "Eu vivo um dia por vez e oro para que Deus me ajude a saber o que Ele quer que eu faça."

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