Pastor Cai sofre pressão para não apelar da sentença

Portas Abertas • 25 nov 2005


O pastor Cai Zhuohua e dois outros cristãos condenados no dia 8 de novembro por "prática de negócios ilegais" abandonaram o plano de recorrer à justiça, dois dias antes do prazo estipulado.

Hu Jinyun, outro cristão, irá continuar o processo através de seus próprios advogados, de acordo com a Associação de Ajuda da China (CAA).

Um assistente da Corte Popular do Distrito de Haidan visitou Cai no centro de detenção de Qinghe e o preveniu de que sua sentença seria aumentada caso ele "incomodasse" os juízes com sua petição, como informa a CAA. Enfrentando enorme pressão, Cai, sua esposa e seus dois cunhados concordaram em retirar o recurso.

A decisão veio quando o presidente dos Estados Unidos George W. Bush iniciou seus oito dias de viagem pela Ásia. Bush esteve na China entre os dias 19 e 21. Em um discurso feito no Japão, ele pediu para a China abrir as portas para uma maior liberdade religiosa e política.

Cai, sua esposa Xiao Yunfei, seu cunhado Xiao Gaowen e sua cunhada Hu Jinyun foram presos no ano passado, depois de uma batida policial num depósito de uma igreja onde havia 237.000 cópias impressas da Bíblia e de outras literaturas cristãs.

A China exige uma autorização governamental para todos os tipos de publicação, e é muito difícil obter autorização para publicações religiosas.

O pastor Cai alegou que os livros foram impressos para distribuição gratuita através da rede de igrejas domésticas, mas os oficiais acusaram o pastor e os outros membros da família de gerir um negócio lucrativo.

O juiz You Tao os declarou culpados. Cai foi sentenciado a três anos de prisão, sua esposa a dois anos, e seu irmão a dezoito meses. Hu Jinyun escapou da punição por apresentar uma prova à polícia.

O defensor de direitos humanos Gao Zhisheng, advogado principal da equipe de defesa, recebeu uma notificação, no dia 4 quatro de novembro, que suspendia por um ano sua licença para advogar. Quando o juiz sentenciou seus clientes, depois de quatro dias, Cai e seus parentes tinham somente dez dias para entrar com o recurso. Entretanto, por causa das restrições feitas contra a firma de Gao, isso era quase uma impossibilidade.
 
O pastor Cai lidera seis igrejas domésticas em Pequim. A "Epoch Times" citou uma carta de um membro de uma dessas igrejas para os advogados de Cai:

"Ficamos chocados e zangados quando soubemos que o advogado Gao Zhisheng foi forçado a encerrar suas práticas na justiça por ajudar pessoas a terem seus direitos. Vocês enfrentaram muitas dificuldades e barreiras para defender o irmão Cai Zhuohua e sua família, arriscando até mesmo seus interesses pessoais. Sua coragem ficará marcada em nossos corações."

A corregedoria de Pequim informou que fechou o escritório de Gao por deixar de fazer uma solicitação de mudança de endereço quando ele mudou suas instalações e por fornecer ilegalmente documentos para outros advogados.

Muitos acreditam que a suspensão também está ligada a uma carta aberta que Gao escreveu no dia 18 de outubro, desafiando o presidente da China Hu Jintao e o primeiro ministro Wen Jiabao, intitulada "Pare com a perseguição e conserte seus laços com o povo chinês".

Gao também defendeu os membros do controverso movimento Falun Gong, comandando visitas freqüentes de oficiais chineses e uma investigação de seus arquivos e contas.

No início desse ano a China alegou melhorias nos direitos humanos. Numa sessão da Comissão dos Direitos Humanos da ONU, em abril, o representante Shen Youngxiang alegou que os direitos políticos e civis "vão da liberdade pessoal aos direitos matrimoniais e familiares, do direito a um julgamento justo até as liberdades de expressão e crença que refletem princípios éticos e sociais básicos da humanidade ... portanto, direitos políticos e civis são universais".

Ele qualificou sua declaração dizendo: "Para tornar concretos os direitos políticos e civis, os países inevitavelmente possuem caminhos diferentes para desenvolvimento e prioridades, sem superioridade de um aspecto em relação ao outro".

O Departamento do Estado Americano publicou um relatório no dia 8 de novembro citando a China como um dos piores violadores da liberdade religiosa no mundo.

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