Após fechamento, igrejas reúnem-se em local temporário

Portas Abertas • 29 nov 2005


Com permissão negada e ordem de não realizar cultos públicos ou em casa, as igrejas do leste de Bekasi, Java Ocidental, refugiaram-se temporariamente no escritório da Agência de Assuntos Sociais.

Os problemas para as igrejas começaram em setembro, quando autoridades locais ordenaram o fechamento das congregações que se encontravam em casas alugadas, pois elas não tinham a permissão necessária para funcionar.
 
Um decreto comum emitido em 1969 pelo Ministério do Interior e pelo Ministério de Assuntos Religiosos - conhecido popularmente como SKB - requer que todos os grupos religiosos solicitem a permissão dos vizinhos e dos representantes do distrito antes de construir ou estabelecer um local para culto.
 
Como os cristãos são minoria na Indonésia, o decreto tornou virtualmente impossível assegurar uma permissão às igrejas.
 
Quando as autoridades recusaram permissões para as três igrejas nas instalações residenciais de Jatimulya, no leste de Bekasi, as congregações modificaram as construções residenciais para acolher um maior número de adoradores. O número de freqüentadores dos cultos antes da disputa começar era de aproximadamente1.500.
 
Após a ordem de fechamento, em setembro, a Aliança Movimento Anti-Apostasia (AGAP), uma aliança do grupo extremista Islâmico, começou a aplicar a ordem.
 
Membros do AGAP atacaram a Igreja Pentecostal da Indonésia El Shadai, no dia 2 de outubro. Eles também forçaram as igrejas Luterana (HKBP) e Presbiteriana (Gekindo) a cessarem os cultos.
 
O reverendo Maruli Tobing, da igreja HKBP, disse a Compass que o bando fechou a rua que dá acesso à sua igreja com pedras e outros obstáculos para impedir as pessoas de entrarem.
 
A reverenda Pestaria Hutajulu, da igreja Gekindo, disse que sua congregação tem se reunido no complexo desde 1989. A congregação havia submetido pedido de permissão várias vezes, e então recorreram a reuniões na "igreja doméstica" quando os pedidos foram negados.
 
"Pediram que nós coletássemos assinaturas dos vizinhos", explicou. "Mas alguém disse a eles para não assinar".
 
Tobing encontrou o mesmo problema: "Nós solicitamos a permissão três vezes sem sucesso."
 
Expulsos da rua

Após a pressão do AGAP, membros da igreja decidiram se encontrar na rua. Uma pequena congregação se encontrou em um terreno de uma instalação residencial no dia 9 de Outubro. Um potencial conflito foi evitado quando 50 advogados chegaram de Jacarta para participar da reunião, de acordo com repórteres da mídia local.
 
Quando os membros da igreja retornaram ao campo no dia 16 do mesmo mês, 300 muçulmanos já haviam colocado suas esteiras para oração e estavam conduzindo seu próprio ritual de adoração.
 
Os cristãos foram para uma rua próxima dali, mas radicais muçulmanos os alcançaram e fizeram com que eles dispersassem. Alguém do bando empurrou bruscamente Hutajulu, que caiu em uma vala. Uma testemunha relatou que um policial de serviço naquela manhã observou e não interveio.
 
Após o ocorrido, membros das três igrejas disseram que continuariam a se reunir na rua até que, nas palavras de Hutajulu, "o Senhor nos dê um outro caminho".
 
Aproximadamente 500 cristãos da igreja HKBP "brigaram" com 200 muçulmanos em 29 de outubro, depois da terceira reunião realizada na rua, relatou o jornal "The Jakarta Post.
 
Após o conflito, autoridades do distrito ofereceram o escritório da Agência de Assuntos Sociais por dois meses, enquanto eles procuram outro local para cada uma das igrejas. O acordo foi estabelecido em uma reunião entre líderes cristãos e muçulmanos, polícia e autoridades distritais, e um membro do Poder Legislativo, em 30 de outubro.
 
Em troca disso, os cristãos concordaram em não realizar reuniões em suas casa.
 
Fechamento de Igrejas de Java Ocidental

A campanha para fechamento das igrejas em Java Ocidental, apesar de não ser novidade, se intensificou em maio, após a prisão de três cristãos locais acusados de "cristianizar" crianças muçulmanas.
 
Grupos extremistas incluindo AGAP e a Frente dos Defensores Islâmicos forçaram 30 igrejas provinciais a fechar nos últimos meses, apesar de que algumas igrejas reabriram depois de semanas.
 
Líderes muçulmanos moderados juntaram-se ao presidente Abdurrahman Wahid para condenar os ataques às igrejas.
 
Um debate ainda causa furor sobre a função e relevância do SKB, que foi editado 36 anos atrás. Como um decreto ministerial, o SKB não tem status de lei federal mas tem sido tratado como tal pelas autoridades locais e pelos grupos extremistas. Ministros do governo prometeram recentemente rever esse decreto.
 
O SKB descreve o correto procedimento para requisição e concessão de permissão para locais de cultos. O texto inicial afirma "a liberdade de cada cidadão de escolher sua própria religião e de cultuar de acordo com sua religião e crença.". Uma cláusula mais adiante, entretanto, restringe esta liberdade a atividades religiosas que não entrem em contradição com leis existentes ou que ameace "a ordem pública e a segurança do estado".

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