Portas Abertas • 1 dez 2005
Os cristãos de Kadradara, em Jhabua, no Estado de Madhya Pradesh estão vivendo com medo depois que extremistas barraram o acesso à sua nova igreja e agrediram o pastor e evangelistas visitantes depois da cerimônia de dedicação da igreja, em 5 de novembro.
O pastor Ramesh Bhuria estabeleceu a comunidade cristã de Kakradara há cerca de 15 anos. Quando os membros passaram de 100 pessoas, a congregação arrecadou fundos e contribuição em materiais para a construção do novo prédio da igreja.
Alguns evangelistas do Ministério Jesus Salva, do estado de Tamil Nadu, foram convidados a falar no culto de consagração. Depois da cerimônia, eles voltaram para casa, por volta das 16 horas, acompanhados de alguns cristãos locais.
Apenas 100 metros de distância da igreja, eles foram confrontados por 12 homens que carregavam varas compridas. Esses homens forçaram os evangelistas a parar e perguntaram a eles o que eles estava fazendo na aldeia.
Pego de surpresa, o pastor T. Samuel, coordenador distrital do Ministério Jesus Salva, começou a responder às perguntas. Enquanto ele falava, um dos assaltantes atacou o pastor Ramesh por trás. O bando então agrediu os cinco cristãos.
O pastor Samuel tentou proteger um dos homens feridos e os assaltantes quebraram uma de suas mãos. Outro cristão machucado conseguiu escapar e usou um telefone público para pedir ajuda.
O pastor Samuel precisou passar por uma cirurgia para restaurar a mão.
Os familiares e outros aldeões então perceberam que o líder da aldeia Sen Singh (também conhecido como Patel) e duas outras autoridades locais planejaram e instigaram o ataque.
Testemunhas identificaram alguns dos agressores pelo nome: Jam Singh Babur, Sabon Khelson, Jethra Vasuriya, Boocha Singh (filho de Singh) e o irmão de Singh, Kasan Him Ji.
Trancados do lado de fora
No dia 6 de novembro, Singh e outros dois oficiais usaram um cadeado para bloquear o acesso à nova igreja. Eles alegaram que o coletor do distrito tinha ordenado o fechamento da igreja.
Singh avisou os cristãos para não apresentarem queixa, dizendo que se o coletor desse ordens para que a igreja fosse reaberta, isso traria mais problemas para a comunidade cristã.
Cristãos locais superaram o medo de Singh e procuraram a polícia em 7 de novembro, mas os policiais se recusaram a registrar uma acusação oficial sob o pretexto de que isso só poderia ser feito pelas vítimas. Mas, a essa altura, os evangelistas de Tamil Nadu já tinham deixado a localidade, e o pastor Samuel estava no hospital recebendo tratamento.
Um especialista disse a Compass que essa condição era um abuso, uma vez que qualquer um pode registrar uma acusação.
Singh e outros moradores então visitaram a casa do pastor Ramesh e ameaçaram "cortá-lo em pedaços" se eles continuassem suas atividades cristãs na aldeia. As mesmas ameaças foram feitas a outros membros da igreja.
O pastor Ramesh e vários outros membros da igreja deixaram a região, temendo por suas vidas.
V. Devdos, o líder de uma missão local ligada à igreja do pastor Ramesh disse a Compas que estava relutando em registrar uma acusação no lugar do pastor a menos que ele voltasse à aldeia para dar uma declaração.
Por enquanto, a nova igreja permanece vazia e todas as reuniões cristãs foram suspensas na aldeia. A maioria dos cristãos em Kakradara vive com medo de novos ataques.
Jhabua é famosa pela violência contra os cristãos. Em janeiro de 2004, quando o corpo de uma jovem hindu chamada Sujata foi encontrado jogado no pátio de uma escola católica, seguiram-se tumultos. Extremistas hindus reuniram multidões para fazer pronunciamentos provocativos, exigindo a prisão dos funcionários da escola. Cartazes insultando a comunidade cristã apareceram nas aldeias vizinhas e várias casas de cristãos e igrejas foram saqueadas ou incendiadas.
Poucos dias depois do assassinato, a polícia prendeu Manoj Jadhav, um hindu que confessou ter estuprado e matado Sujata antes de jogar seu corpo no terreno da missão.
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