Portas Abertas • 6 dez 2005
O reverendo K.K. Alavi, chamado de "um dos mais corajosos cristãos na Índia," é filho de um fiel clérigo islâmico.
Desde que entregou sua vida a Cristo aos 21 anos, o reverendo Alavi enfrentou vários atentados contra a sua vida. Por causa de seu ministério entre os muçulmanos, ele recebe numerosas ameaças de morte tanto por telefone como por carta. Quase que diariamente ele é criticado em palestras, boletins informativos e jornais muçulmanos. Grupos islâmicos abriram 11 casos contra ele, e em agosto último, um pistoleiro atirou contra a sua casa. Ultimamente, ele também tem percebido dois homens aproximando dele sorrateiramente.
De estatura baixa e com barba espessa, Alavi, de 53 anos, desarma as pessoas com um sorriso sereno e com uma voz grave de cantor.
"No mês passado, alguns repórteres vieram até mim advertindo-me que assassinos estavam do lado de fora para acabar comigo", disse Alavi. "Durante toda a minha vida tenho sido ameaçado por fundamentalistas. Então, não fiquei surpreso em receber esta notícia dos repórteres que estavam me informando secretamente através de uma fonte de um grupo radical islâmico indiano".
Apesar das organizações muçulmanas extremistas negarem ter qualquer parte nos atentados contra a sua vida, os policiais e as agências de inteligência confirmaram o envolvimento delas.
Facões e repressão
Oficiais de polícia de alto-escalão pediram para Alavi ser cauteloso já que os grupos extremistas emitiram avisos sobre ataques planejados contra ele.
Em Manjeri, uma cidade predominantemente muçulmana no sul da Índia, o reverendo Alavi pastoreia uma igreja luterana independente, a Missão Nova Esperança para a Índia. Ele também supervisiona um programa de literatura de folhetos, livretos e guias de estudo que mostram os pontos de vista do islamismo sobre o cristianismo.
Muitos trabalhos analisam argumentos do Alcorão em favor da violência, comparando-os com abordagens pacíficas do cristianismo. O reverendo Alavi, graduado no Seminário de Concórdia em Nagercoil, escreveu mais de 20 livros e folhetos chamando muçulmanos para entender a essência da verdade dos ensinamentos de Jesus.
Em uma área islâmica onde o cristianismo é considerado blasfêmia, o reverendo Alavi levou, pelo menos, 50 muçulmanos - estimativa de até 200 - ao conhecimento salvador de Jesus Cristo. Todos os anos, milhares de interrogatórios chegam. Ao trabalhar fora de sua casa em Calicut, ele encontra muçulmanos curiosos e questionadores que perguntam sobre Jesus.
As ameaças contra a sua vida começaram em 1981. "Um grupo de muçulmanos arruaceiros sunitas entrou enfurecido na minha propriedade à minha procura com facões", disse ele. "Eu corri até chegar à delegacia de polícia. Mais tarde, refugiei-me na casa de um advogado hindu". A família do advogado o apoiou e, finalmente, forneceu um acompanhante para ele retornar à sua casa.
O reverendo Alavi não tem sido atacado meramente por ser um cristão, disse ele.
"Aconteceu de eu ser o primeiro muçulmano em uma cidade muçulmana que ainda converte muçulmanos em tempos modernos", disse ele. "Eles viram claramente que sou uma espécie de ponte para muitos caminharem até Jesus. Eles nunca puderam suportar esta idéia. Desde então, aconteceu de eu ser o seu primeiro inimigo".
A Frente de Desenvolvimento Nacional (NDF), um grupo islâmico indiano importante, que emergiu em 1993 após a destruição da mesquita Babri Masjid, lançou várias campanhas públicas contra o reverendo Alavi.
Durante as orações, sabe-se que os clérigos muçulmanos usam Alavi como o melhor exemplo de inimigo do islamismo. O reverendo Alavi possui cópias de uma coleção de fitas cassetes - lançadas na Índia e no Oriente Médio - que ultrajam tanto ele como a sua missão cristã.
Em 1998, um grupo islâmico incitou vários ativistas a registrar onze acusações contra Alavi, incluindo estupro e fraude.
"Tudo foi bem planejado e sustentado pelos renomados advogados apoiados pelos grupos islâmicos", disse ele. "Eles também apresentaram uma mulher que alegava que eu a tinha estuprado".
Grupos muçulmanos anunciaram estes crimes por todas as cidades de Manjeri, Calicut, Tirur, entre outras, disse ele. Havia cartazes nas paredes alegando que ele contrabandeava armas. Estes ataques foram difíceis para a sua família, inclusive para a sua esposa Yasmin Alavi, filha de convertidos muçulmanos, que é muito diligente em estender a hospitalidade a centenas de pessoas que vão até a casa de Alavi. O casal Alavi tem três filhos adultos.
"Minha família foi abalada, mas eu sabia que o Senhor me protegeria", disse ele.
Uma por uma, as cortes retiraram todas as acusações contra o reverendo Alavi. Além disso, a Corte Superior de Kerala ordenou proteção para ele.
Ameaças de morte
O reverendo Alavi ainda recebe muitas cartas ameaçadoras de organizações, tais como a Força do Tigre e a Frente Islâmica. Sua igreja foi atacada e a cruz destruída.
A polícia informou ao reverendo Alavi de dois atentados contra a sua vida. Ninguém estava ciente dos atentados até que suspeitos foram revelados ao ser questionados sobre outras acusações. O posto fronteiriço do reverendo Alavi entre os muçulmanos foi violentamente fechado; a Igreja Luterana que apoiava seu trabalho temporariamente transferiu-o para Bangalore a fim de salvar a sua vida.
Uma década atrás, um grupo de extremistas islâmicos estava procurando Alavi, enquanto um outro grupo era enviado para assassinar Chekannur Maulvi, professor muçulmano liberal que rompeu com a convenção e desacreditou o fundamentalismo islâmico. Maulvi foi assassinado naquele dia, mas Alavi estava fora de casa e, por isso, foi poupado.
"Agora, fontes me alertaram que sou o segundo da lista preparada pelos fundamentalistas muçulmanos NDF", afirma ele.
Em agosto passado, enquanto ele ainda estava em Manjeri, alguém atirou na sua casa em Calicut, por volta das 22 horas. "A parede de pedra ainda tem a marca", disse ele.
Em uma outra ocasião, enquanto ele estava falando na igreja, havia um homem que segurava uma arma. "Mas ele teve que fugir, quando uma irmã luterana tentou falar com ele", disse ele.
Tais provações de um pastor, cujo testemunho é amplamente divulgado, inspiraram muitos muçulmanos indianos a se voltarem para o caminho de Jesus. A sua história de vida, publicada em um livreto intitulado "Fim de uma Busca", está traduzida em 32 línguas e circula em muitas cidades no sul da Índia.
Apesar dos perigos, o reverendo Alavi disse que ele tem dispensado a segurança aprovada e oferecida pela justiça.
"Posso solicitar segurança da polícia onde eu for, mas acredito que se fizer isso, perderei a proteção dos meus anjos da guarda", disse o reverendo Alavi, que recebeu um diagnóstico de problemas cardíacos. "Então, recusei o apoio do homem e tenho buscado a proteção e o cuidado de Deus. Quem pode me matar se Deus está comigo?"
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