Portas Abertas • 11 fev 2006
Bakhtier Tuichiev, um pastor protestante, está convencido de que um assalto brutal que ele sofreu (deixando-o inconsciente e uma semana no hospital), teria sido arranjado pelas autoridades uzbeques. Ele acha que essa é a razão pela qual a polícia não quer abrir uma investigação criminal.
Ele contou que, no início de janeiro, viu seus agressores andando na rua e sabe até onde eles vivem. "Mas a polícia não quer falar comigo", ele disse. Outras fontes do Uzbequistão disseram ao Forum 18 que as autoridades fecharam recentemente muitas organizações filantrópicas dirigidas por cristãos. O fechamento incluiu tentativas de fechar as organizações voluntariamente, usando tácticas similares que foram empregadas em comunidades religiosas na capital, Tashkent. As autoridades se recusaram a discutir o assalto ao pastor Bakhtier ou o fechamento das organizações. Mas afirmaram que têm recebido cada vez mais reclamações a respeito de missionários não-muçulmanos.
Bakhtier Tuichiev, da cidade de Andijan, reclama que a polícia não tem mostrado nenhum interesse em iniciar uma investigação criminal sobre o espancamento que ele sofreu no dia 25 de dezembro.
O pastor conta: Tudo o que lembro é que, antes de começarem a me bater, os homens disseram que eu tinha traído a fé de seus ancestrais Quando eu recobrei consciência, estava sendo reanimado". Ele também contou que ficou uma semana no hospital.
O pastor está convencido de que isso foi arranjado pelas autoridades. Ele conta que foi chamado pela polícia diversas vezes e recebeu ordens para parar de fazer o que fazia, senão ele teria vários problemas.
Bakhtier tem tentado registrar sua igreja desde 2002, e tem sido hostilizado pelas autoridades diversas vezes. Em meados de novembro do ano passado, ele foi chamado para interrogatório na Administração de Assuntos Internos da região de Andijan (Leia mais sobre esse assunto clicando aqui).
Em desacato aos comprometimentos internacionais do país com os direitos humanos, a lei uzbeque proíbe comunidades religiosas de operar sem registro.
Enquanto isso, diversas fontes do país disseram ao Forum 18 que durante os últimos três anos as autoridades fecharam nada menos que mil organizações filantrópicas dirigidas por cristãos. Iskander Najafov, um advogado da Igreja do Evangelho Pleno de Tashkent, contou que as autoridades quase sempre afirmam que essas organizações foram fechadas por supostamente realizarem atividades missionárias, o que é proibido pela lei uzbeque. Outras desculpas são dadas, de que eles não cumpriram as regulamentações, se atrasando para prestar contas, por exemplo.
Iskander relatou que, no começo, as autoridades tentavam fazer com que os líderes da organização a entregassem as documentações, logotipos e cabeçalhos de suas entidades voluntariamente. Qualquer organização filantrópica que opere sem esses itens, estará trabalhando ilegalmente. As organizações cujos líderes se recusaram a obedecer a essa ordem legal foram fechadas, depois de serem inspecionadas por vários tipos de agências governamentais.
Inspeções similares foram prescritas faz pouco tempo para comunidades religiosas na capital uzbeque de Tashkent. Alguns temem que elas sejam tentativas de fechar as comunidades.
Shoazim Minovarov, presidente do Comitê de Assuntos Religiosos, não quis comentar sobre o fechamento das associações suspeitas de realizar atividades religiosas. Ele dizia que essas organizações não estão na competência do comitê.
Ele também não comentou a opressão à atividade protestante na região autônoma do Karakalpaquistão, noroeste do país.
Mas ao mesmo tempo, Shoazim confirmou que as queixas dos moradores, sobre missionários não-muçulmanos, têm crescido ultimamente. Ele disse que os pregadores literalmente arrombam as casas, o que aumenta o ódio da população. É claro que queremos responder às críticas dos cidadãos". Forum 18 não está ciente de nenhum dos incidentes mencionados por Shoazim.
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