Família nigeriana sofre novo ataque de extremistas

Portas Abertas • 10 mar 2006


Cinco anos depois da introdução do código penal da sharia no Estado de Gombe, norte da Nigéria, extremistas islâmicos usaram-na incorretamente, acusando uma cristã de blasfêmia. Os extremistas agrediram sua irmã como uma forma de punição.

Antes da recente erupção de ira desencadeada pelos desenhos dinamarqueses de Maomé, os militantes muçulmanos invadiram a casa da família de uma estudante cristã e agrediram sua irmã, de 26 anos, na véspera de Natal. A estudante, Hannatu Haruna Alkali, foi expulsa de uma universidade em Bauchi por, alegadamente, blasfemar contra o profeta do islã.

Hannatu contou que cinco extremistas arrombaram a casa da família na cidade de Gombe procurando por ela, mas ao encontrar somente sua irmã mais velha, Jemima, estupraram-na e a surraram.

"Cinco muçulmanos enviaram um menino à nossa casa para saber se meu pai estava lá", disse Hannatu. "Infelizmente, minha irmã mais velha, Jemima, era a única na casa e disse que nosso pai não estava".

Com esta informação, os militantes muçulmanos decidiram atacar. O pai de Hannatu tinha rebatido a um ataque anterior, em janeiro de 2005. Quatro militantes mascarados e um com a cabeça descoberta bateram na porta e entraram à força depois de Jemima ter aberto a porta.

Hannatu havia saído de casa para visitar outra irmã, que também vive na cidade de Gombe. Seus pais haviam ido naquela manhã para o vilarejo de origem da mãe delas em Tanlang, no estado de Gombe.

"Eles empurraram Jemima para dentro da casa e fecharam a porta", disse Hannatu. Os cinco militantes muçulmanos perguntaram sobre o paradeiro de Hannatu, e Jemima disse que ela não estava na cidade.

Os militantes muçulmanos disseram que tinham ido até Jos à procura de Hannatu e souberam que ela havia retornado para Gombe. Mas, a irmã dela repetiu que ela não estava em Gombe.

"Eles procuraram em todos os lugares na casa e quando não me encontraram, quatro deles disseram que deveriam matar Jemima, uma vez que não me acharam e iriam parar de me procurar", contou Hannatu. "Entretanto, um deles foi contra e, então, eles começaram a discutir na presença da minha irmã".

Substância desconhecida

Hannatu, em lágrimas, lembrou-se de que, quando um dos militantes insistiu que não deviam matar a irmã dela, os outro quatro a agrediram. "Ela foi violada e surrada por eles, e então amarrada com uma corda", disse Hannatu.

Eles também injetaram em sua irmã, por três vezes, uma substância desconhecida, deixando-a quase morta. "Ela foi deixada naquele estado até que um vizinho nosso, um policial chamado Lucky, ouviu o gemido de minha irmã", afirmou ela. "Ele correu para a casa e a viu no estado que foi deixada pelos muçulmanos".

O oficial pegou uma faca da cozinha e desamarrou Jemima, contou ela, e chamou Alex, o irmão de Hannatu, que foi de pressa para casa. O vizinho rapidamente registrou o ocorrido na polícia na cidade de Gombe, e os policiais a levaram para o Centro Médico Federal.  

A polícia ainda está investigando o acontecido, mas dois meses depois do ataque eles não detiveram ninguém. Neste ínterim, o ataque forçou Hannatu a se esconder novamente.

"Tive que sair imediatamente de Gombe porque meus pais não queriam que eu ficasse na cidade", disse ela. "Estou chocada com o estupro da minha irmã. Não fui a mesma desde o que aconteceu".

Hannatu orou e o apoio dos cristãos por todo o mundo tem mantido a família espiritualmente protegida. Além disso, ela afirmou: "o Senhor não nos abandonou".

Hannatu foi expulsa da Universidade de Abubakar Tafawa Balewa em Bauchi, em dezembro de 2004, com outros dois colegas cristãos, Abraham Adamu Misal e Habakkuk Solomon. Eles foram acusados de blasfêmia a Maomé quando compartilharam o evangelho com colegas muçulmanos.

Além da expulsão, os alunos cristãos foram ameaçado de morte pronunciada pelos militantes muçulmanos.

Quando os extremistas islâmicos atacaram a casa de Hannatu, em janeiro de 2005, sua mãe, Juliana, ficou ferida. O pai da aluna expulsa, Haruna, ex-oficial militar, desarmou os militantes, mas eles escaparam.

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