Polícia colabora com extremistas para acusar cristãos indianos

Portas Abertas • 15 mai 2006


A agência de notícias Compass afirmou que a polícia de Jabalpur, Estado de Madhya Pradesh, ajudou extremistas hindus no dia 1º de maio. Ela colocou evidências na mochila de um assistente social, a fim de acusá-lo de converter crianças à força.

Na mesma semana, extremistas hindus agrediram um pastor de 60 anos que distribuía textos cristãos, e também um jovem cristão e uma jovem hindu que tentavam obter sua licença matrimonial.

Sunil Kumar Rao, o assistente social do Projeto Trabalho Infantil, disse ao Compass que a polícia interrompeu sua classe de 20 filhos de operários, que vivem em uma favela perto da estação de trem da vila. Entre os gizes, livros, jogos e o resto das coisas que estavam na mochila de Sunil, a polícia não encontrou nenhum material cristão que pudesse acusá-lo de conversão à força.

"Isso irritou os policiais. Eles falaram palavrões e ameaçaram me revistar", Sunil contou. Ele disse que a polícia procurou outras coisas em sua mochila e o alertou das "conseqüências terríveis" que enfrentaria. A polícia também disse que a intenção de Sunil era converter aquelas crianças ao cristianismo.

Depois de ser levado à delegacia de Gwarighat, as autoridades retiveram sua mala e outros itens pessoais. Depois, chegaram os extremistas hindus do Bajrang Dal (ala jovem do grupo extremista Vishwa Hindu Parishad, ou Conselho Mundial Hindu).

Sunil relata esse momento: "Algumas pessoas do Bajrang Dal e da mídia chegaram lá. Então, na frente deles, a polícia tirou da minha mochila algumas coisas que não estavam lá na primeira revista. Eu não sei de onde aquelas coisas saíram".

Testemunhas falsas

Sunil disse que foi algemado pelos jovens do Bajrang Dal e pelos policiais da delegacia de Gwarighat, sob a direção do sub-inspetor Nalinkant Bhadoria.

Os extremistas arranjaram então duas testemunhas: Puranlal Ahirwar e Dharmendra Ahirwar. A polícia "usou os testemunhos falsos deles contra mim, de que eu fazia conversões compulsórias e com a promessa de uma oferta atrativa", ele disse. "Eu não conheço Puranlal Ahirwar nem tenho qualquer relação com ele. Também não pedi ou distribui qualquer artigo ou panfleto para ele".

Depois que Sunil depôs, ele foi libertado sob fiança.

O padre Anand Muttungal, porta-voz da Conferência Católica de Bispos, de Madhya Pradesh, contou ao Compass que a administração do distrito de Jabalpur está trabalhando com os fundamentalistas hindus para oprimir os membros da comunidade cristã.

"Isso é ridículo - há uma ligação entre a polícia e os fundamentalistas", ele disse. Anand disse que a polícia coloca evidências como Bíblias e outros livros cristãos, e acusam os cristãos de fazerem propaganda de sua fé e de oferecerem presentes em troca da conversão.

Pastor acusado

Também em Jabalpur, membros do Bajrang Dal agrediram um pastor de 60 anos no dia 2 de maio. O pastor distribuía textos cristãos perto da estação de trem da cidade.

O pastor é líder de uma igreja pentecostal independente e foi identificado apenas como pastor Soni. Ele distribuía panfletos com passagens do evangelho quando os extremistas hindus dirigiram-se a ele e agarraram os panfletos. Bateram diversas vezes no rosto do pastor, machucando sua boca.

O inspetor responsável pela delegacia, Akhil Verma, preencheu um Boletim de Ocorrência, dizendo que o pastor Soni oferecia dinheiro para as pessoas se tornarem cristãs.

Pastor Soni foi preso pela polícia ferroviária de Jabalpur segundo uma queixa prestada por Pradeep Kumar, do grupo extremista hindu Dharma Sena. Soni foi acusado pela Seção 4 do Ato de Liberdade Religiosa de Madhya Pradesh de 1968, que proíbe "conversão feita com uso da força ou persuasão ou por meios fraudulentos".

Indira Iyenger, presidente da Associação Cristã de Madhya Pradesh e membro da Comissão de Minorias do Estado de Madhya Pradesh, contou ao Compass que a prisão estava além dos limites da polícia ferroviária.

"Eles não tinham evidência alguma de que ele oferecia dinheiro como atrativo", ela disse. "As autoridades só querem satisfazer as exigências desses fundamentalistas e oprimir os cristãos com testemunhos falsos".

O advogado de Soni disse que o pastor foi solto ao pagar uma fiança de 5 mil rúpias (111 dólares).

Indira fez uma queixa na secretaria chefe do Estado, notando que as leis contra a distribuição de mensagens religiosas contradizem um Artigo que garante o direito de propagar a religião. Ela também disse que "a liberdade de exercer/propagar a religião de alguém tem uma menção cristalina". Além disso, a palavra "atrativo" é vaga, o que torna a lei igualmente vaga. Isso possibilita o abuso da lei, ela disse.

Objeções ao casamento

O frei Muttungal, da Conferência Católica de Bispos, disse ao Compass que extremistas hindus agrediram um jovem cristão e uma jovem hindu que estavam para se casar.

No próprio escritório de licença matrimonial de Jabalpur, extremistas dos grupos Dharma Raksha Samiti (grupo de proteção à religião), Bajrang Dal e Vishwa Hindu Parishad atacaram o casal porque a jovem era hindu e, de acordo com as leis indianas, ela poderia se converter ao cristianismo depois do casamento.

O rapaz, chamado Robin Das, e a garota, conhecida como Deepmala, foram agredidos e insultados.

"O rapaz cristão foi espancado sem dó. A garota hindu foi agredida e seu cabelo foi puxado, dentro do cartório", o frei Muttungal disse. "Ela foi depreciada em público, e muitas palavras depreciativas e provocativas foram ignoradas pela polícia. O único crime dela foi querer se casar com um rapaz cristão".

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