Dois cristãos acusados de blasfêmia são libertados

Portas Abertas • 9 jun 2006


No dia 30 de maio, a Suprema Corte do Paquistão declarou inocentes Amjad Masih, 34 anos, e Asif Masih, 30 anos, e ordenou que fossem libertados imediatamente. Eles estavam presos há sete anos, acusados de blasfêmia.

A Corte de Faisalabad condenou os dois a prisão perpétua em 1999, por queimarem uma cópia do Alcorão. Esse ato é considerado "blasfêmia" no Paquistão. Em maio de 2003, a Alta Corte de Lahore rejeitou o apelo e confirmou a sentença máxima proferida contra eles.

Por razões de segurança, Asif e Amjad não puderam ser entrevistados. A agência de notícias AsiaNews falou com Kausar Bibi, esposa de Amjad, e com Sadiq Masih, o pai dele. Os dois parentes contaram a história desses dois cristãos, vítimas também de uma lei considerada "uma ferramenta arbitrária de intimidação".

Kausar começou: "Em fevereiro de 1999, a polícia prendeu meu marido e Asif em Jhang, onde nós moramos. Eles estavam em uma pequena discussão. Quando soubemos, estávamos em um casamento, e só conseguimos chegar à delegacia no dia seguinte".

Sadiq continuou: "Quando chegamos, fomos informados que Amjad havia sido transferido para a prisão central em Faisalabad, e que Asif Masih ainda estava lá, detido por crimes inferiores. Logo pedimos fiança para os dois. Depois de alguns dias, eles emitiram a notificação de fiança, mas quando voltamos à prisão, as autoridades não deixaram que eles saíssem".

Eles disseram que a fiança foi apenas válida para a discussão. Mas, nesse meio tempo, os dois foram acusados também de blasfêmia por ter queimado uma cópia do Alcorão na cela na cadeia. Os policiais disseram que a família deveria fazer um novo pedido de fiança para que os dois cristãos fossem libertados.

Um choque

Kausar disse que essa notícia foi um choque. "Não sabíamos o que fazer, pois isso nunca tinha acontecido antes". Além disso, eles não tinham meios econômicos de enfrentar um caso grande como aquele.

A família de Amjad procurou a fundação John Joseph Shaheed, que contratou um advogado e lhes deu ajuda financeira. Kausar disse que a fundação a matriculou em um curso de costura e lhe deu uma máquina de costura. "Assim eu consegui dinheiro para meus filhos em casa", ela disse. Segundo ela, depois de apresentaram um apelo à Suprema Corte, ela e seus filhos jejuaram e oraram, pedindo que Deus ajudasse Amjad.

Embora Amjad tenha sido libertado agora, sua família ainda não se sente segura. Sua esposa disse que grupos de fundamentalistas islâmicos têm intimidado e ameaçado a família nos últimos anos. Isso fez com que a família se mudasse para a casa do pai de Kausar.

Ser declarado inocente pela lei não serve para acalmar o fervor religioso dos extremistas. O presidente da Fundação Bispo John Joseph Shaheed, Johnson Michael, se responsabilizou por transferir todos os envolvidos no caso para Fasalabad. A Fundação também fornecerá tratamento psicológico para Amjad, que sofre atualmente de problemas mentais por causa de sua prisão. A fundação também irá lhe conseguir um emprego. Antes de ser preso, Amjad era um varredor de rua.

Igreja e grupos de direitos humanos lutam há muito tempo pela abolição da lei de blasfêmia. A lei foi introduzida em 1986 e prevê pena de morte para os acusados de ofender Maomé. Além disso, essa lei tem sido cada vez mais usada por extremistas como meio de vingança. Ela é tão mal-usada para acerto de contas que muitas vezes os próprios muçulmanos estão entre as vítimas dessa lei.

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