Vítimas de estupro são acusadas de conversão forçada na Índia

Portas Abertas • 21 jun 2006


Extremistas hindus registraram uma contraqueixa de "conversão forçada", acusando duas cristãs que tinham feito acusações de estupro contra aldeãos hindus do Estado de Madhya Pradesh.

As mulheres registraram as queixas em 31 de maio depois de serem estupradas por uma gangue na vila de Nadia, em 29 de maio. Com o incentivo do líder local e o aparente apoio do líder do partido Bharatiya Janata (BJP), aldeãos hindus estupraram as duas mulheres depois que o marido de uma delas se recusou a negar Cristo.

A contraqueixa de "conversão forçada" contra as mulheres e seus maridos foi registrada em 1º de junho, entretanto, Indira Iyengar, membro da Comissão de Minorias de Madhya Pradesh, disse ao Compass que suspeita que a queixa tenha sido feita posteriormente e registrada com data anterior.

Vítimas analfabetas

A queixa contra um total de cinco cristãos da vila de Nadia, distrito de Khargone, foi apresentada sob o Ato de Liberdade Religiosa de Madhya Pradesh (a lei estadual anticonversão).

"A administração está tirando vantagem do fato de que as vítimas são analfabetas. Como elas podem falar sobre liberdade religiosa ou defender a si mesmas?", questiona Indira.

Um cristão que pediu anonimato disse ao Compass que os aldeãos espancaram Gokharya Barela, marido de uma das vítimas, e o forçaram a ir a vila de Sirvil, dois quilômetros distante de Nadia, onde a "Panchayat" (corte da aldeia) se reuniu e exigiu que ele renunciasse ao cristianismo.

Quando ele se recusou a ceder à exigência, o líder da vila, Pandya Patel, disse que ele deveria se mudar da vila e disse aos aldeãos que eles podiam se sentir livres para estuprar as mulheres cristãs.

Naquela noite, de acordo com a fonte, três homens foram à casa de Gokharya, arrastaram sua esposa para uma moita e a estupraram. Antes disso, naquela mesma noite, dois outros aldeãos hindus foram à casa de Garsia Barela, também um cristão, e puxaram sua mulher para a varanda e a estupraram.

Em 5 de junho, Indira levou as vítimas de estupro para a capital, Bhopal, para se encontrarem com o governador. Ela também organizou uma entrevista coletiva a fim de destacar o incidente na mídia local. Os extremistas hindus do Bajrang Dal interromperam a entrevista e advertiram Indira para não acusá-los de atacar os cristãos.

Ação questionada

O primeiro-ministro Manmohan Singh enviou dois membros da Comissão Nacional de Minorias (NCM, sgla em inglês) para investigar os crescentes ataques contra a comunidade cristã em Madhya Pradesh.

Um dos membros da NCM, Harcharan Singh Josh, declarou ao "The Indian Express", em 16 de junho, que parecia que a administração havia aceitado a queixa de conversão forçada para proteger os supostos estupradores.

Harcharan descreveu a ação da administração como um "engodo" e questionou: "Como um punhado de pobres tribais poderiam converter outros à força quando têm tão pouco a oferecer?"

No mesmo artigo, o jornal disse que o juiz do distrito de Khargone e o superintendente de polícia emitiram um documento exonerando os acusados. Eles declararam que a queixa de estupro veio somente depois que os aldeãos confrontaram os maridos em 29 de maio e os acusaram de conversão forçada. Antes que as acusações de conversão fossem investigadas, segundo a polícia, as mulheres registraram a queixa de estupro.

Ameaças de expulsão

Um representante da Associação Cristã Legal da Índia em Nova Déli confirmou que as mulheres demoraram em relatar o caso de estupro, mas afirmou que isso é normal na sociedade indiana, porque as pessoas tendem a responsabilizar as vítimas. Além disso, nesse caso, as vítimas eram mulheres tribais analfabetas que não conheciam seus direitos.

Uma delegação de líderes cristãos irá acompanhar as mulheres na audiência com o juiz do distrito, em 22 de junho. Elas vão apresentar sua versão dos fatos ocorridos em 28 de maio.

A polícia ainda não prendeu os acusados de estupro que foram identificados pelas mulheres como Lulla, Nandla, Kalu, Rewal Singh e Sakaram - todos moradores da mesma vila.

Em 6 de junho, o líder Pandya Patel exigiu que os cristãos da vila de Nadia renunciassem à sua fé ou fossem embora imediatamente - sem levar nenhum de seus pertences. Ele também avisou aos outros aldeãos que, se alguém dissesse qualquer coisa à polícia, sobre ele ou os seqüestradores, seria expulso da vila - independente de sua religião.

Em 2003, três famílias cristãs da vila de Nadia foram multadas em 14 mil rúpias (304 dólares) por se tornarem cristãs.

Um incidente semelhante ocorreu na vila de Jamanya, no Estado de Maharashtra, no ano passado. Aldeãos hindus radicais pressionaram 11 famílias cristãs para que abandonassem sua fé. Como elas se recusaram, os aldeãos atacaram as famílias e abusaram sexualmente das mulheres. Depois, as famílias foram banidas.

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