Liberdade religiosa corre risco no Quirguistão

Portas Abertas • 13 jul 2006


Pressionadas pelos muçulmanos, as autoridades do sul do Quirguistão estão oprimindo cada vez mais os protestantes.

Dzhanybek Zhakipov, pastor da Igreja Pentecostal de Jesus Cristo em Jalal-Abad, está certo de que as autoridades aumentaram as imposições contra os membros de sua igreja e contra ele mesmo. Dzhanybek, falando à agência de notícias Forum 18, afirmou que os problemas começaram com um artigo, publicado por uma organização local de direitos humanos, no qual uma moradora da cidade acusava a igreja de fazer de seu marido um "zumbi". Dzhanybek disse que, depois disso eles foram atormentados pela polícia comum e pela polícia secreta do Serviço de Segurança Nacional.

A Igreja de Jesus Cristo é bastante conhecida no Quirguistão, com cerca de 10 mil membros. Ela é a igreja protestante mais freqüentada do país. Cerca de 40% dos membros da igreja são quirguizes.

Em junho deste ano, funcionários do Comitê de Assuntos Religiosos mostraram a Dzhanybek uma carta assinada por 500 muçulmanos de Jalal-Abad. Eles exigiam que as autoridades fechassem a igreja, porque seus membros pregavam entre muçulmanos. Os funcionários do Comitê de Assuntos Religiosos disseram ao pastor que eles não podiam excluir a possibilidade de cancelar o registro da igreja.

Pregamos mesmo às pessoas", Dzhanybek confirmou. Esse é nosso dever como cristãos e não é proibido pela lei quirguiz." A situação dos cristãos no sul do Quirguistão piorou ultimamente, segundo Dzhanybek.

Contra o evangelismo

A opinião do pastor Dzhanybek sobre essa crescente pressão é confirmada pelo orientador do Comitê de Assuntos Religiosos do Quirguistão, Shamsybek Zakirov. Ele não nega que a pressão do Estado contra os protestantes no sul do país tenha aumentado.

Shamsybek afirmou que a equipe do Comitê é criticada por muçulmanos e protestantes. Ele notou em particular que a cobrança está crescendo por parte dos muçulmanos. Praticamente, em todas as reuniões com as pessoas no sul, nós ouvimos exigências para acabarmos com as igrejas protestantes que estão envolvidas com a pregação entre muçulmanos. Eu, por exemplo, já fui chamado várias vezes de inimigo do islamismo", por ter registrado igrejas protestantes."

Para Shamsybek, o problema com os protestantes é o seu evangelismo. Não temos problemas com os ortodoxos, por exemplo, porque eles não fazem convertidos entre os muçulmanos. As pessoas se mostram amigáveis aos ortodoxos, e tem havido ocasiões nas quais elas os ajudar a construir igrejas."

O orientador reconhece que, de acordo com os padrões internacionais de direitos humanos, o Quirguistão concordou que, sob a lei quirguiz, os protestantes têm o direito de pregar.

Mas ele diz que, infelizmente, a realidade local deve ser o ponto de partida. Ele dá o exemplo da cidade de Tash-Kumyr, que é totalmente quirguiz. Lá, a atividade dos protestantes enfurece alguns muçulmanos. Quando o Comitê pede para os protestantes pararem de pregar entre os muçulmanos, "nos preocupamos primeiro com a segurança deles - pois eles podem acabar linchados. A atividades dos protestantes hoje pode desestabilizar a situação no sul do país".

Shamsybek afirma que pode-se criar uma lei religiosa para restringir o evangelismo ou o proselitismo. "Espero que essa nova emenda da lei esteja o mais próximo possível dos padrões internacionais". Mas Shamsybek acrescenta: "No entanto, devemos levar em conta não só as normas internacionais, mas a realidade local".

Leis mais rígidas e claras

No dia 12 de julho, a agência de notícias Interfax citou o secretário de Estado Adakhan Madumarov, que se mostra a favor da redução da liberdade religiosa no Quirguistão. Liberdade em termos religiosos deve definir claramente limites que você não pode transpor, não importa qual religião você segue". Adakhan quer "reforçar a legislação no que diz respeito à atividade das organizações religiosas. Com isso, ele não quer dizer o banimento dessas organizações, "mas a introdução de procedimentos legais claros e compreensíveis para o registro de organizações religiosas e de suas atividades".

Pelo menos dois fatores fundamentam a atitude intolerante dos muçulmanos em relação àqueles que se convertem ao cristianismo: as exigências da lei islâmica, que exigem a punição de um muçulmano que abandonou sua fé; e o fato de que os convertidos ao cristianismo na Ásia Central são visto como pessoas que perderam sua identidade nacional.

Em 2001 um grupo de uzbeques do sul do Quirguistão estabeleceram um tribunal ilegal, que tentou condenar outros uzbeques convertidos ao cristianismo. Os funcionários do governo procuram culpar o evangelismo por essas violações à liberdade religiosa.

No momento, o Uzbequistão é o único país da Ásia Central que proíbe evangelismo ou proselitismo. O Tadjiquistão, entretanto, esboçou uma lei que bane o evangelismo. A decisão sobre essa lei foi adiada para depois das eleições presidenciais, em novembro de 2006.

No Quirguistão e em outros países da Ásia Central, a intolerância para com os cristãos e outras minorias religiosas - levando a ataques violentes - é generalizada.

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