Portas Abertas • 4 dez 2006
Militantes budistas atacaram duas igrejas no Sri Lanka no dia 12 de novembro, e assaltaram trabalhadores cristãos que estavam retornando de um funeral. No dia 16 de novembro, eles também feriram uma mulher, membro da igreja, derramando óleo quente sobre ela.
A polícia foi acionada nos ataques às igrejas, mas sua presença não surtiu efeito.
Os cristãos afirmam que o governo vem ignorando essas molestações por muito tempo. Uma declaração publicada pela Aliança Cristã Evangélica Nacional do Sri Lanka (NCEASL, sigla em inglês) pede o auxílio do governo e cumprimento da lei para apoiar ativamente o direito de cada cidadão à liberdade de culto.
Multidão volta à Igreja
Uma multidão impediu membros de uma igreja Assembléia de Deus (AOG, sigla em inglês) em Yakkala, distrito de Gampaha, de irem à igreja no domingo.
A multidão de aproximadamente 100 pessoas, incluindo quatro monges budistas, colou cartazes anticristãos em vários prédios do bairro, e bloqueou a estrada que leva à igreja. De acordo com a NCEASL, algumas pessoas da multidão estavam armadas com tacos.
A multidão ameaçou e insultou verbalmente os cristãos que tentaram ir à igreja. Apenas um ou dois membros da igreja conseguiram chegar e informaram ao pastor a razão pela qual os outros não tinham chegado para o culto.
O pastor pediu ajuda e apareceram dois policiais. Eles foram incapazes de controlar a multidão e chamaram mais 12 policiais. Testemunhas afirmaram que, quando o reforço chegou, os membros da multidão que carregavam tacos os jogaram fora sem que fossem vistos.
Quatro dias depois, quando uma jovem cristã chegava na casa do pastor para pedir por uma oração, um homem, que estava ali perto, a atacou com um recipiente de óleo quente. A jovem apresentou queixa na polícia e identificou o agressor pelo nome.
A igreja Assembléia de Deus , em Yakkala, também foi atacada no dia 29 de outubro. O pastor havia pedido proteção policial, mas disse a NCEASL que não foi tomada nenhuma medida para prevenir futuras perseguições. Após o ataque do dia 12 de novembro, a igreja decidiu suspender os cultos temporariamente.
Igreja ameaçada
Também no dia 12, uma multidão com cerca de 35 pessoas, incluindo 12 monges budistas e uma autoridade do governo local, entrou no meio de um culto de domingo, em Nawalapitiya, no distrito de Kandy, ordenando que o culto terminasse imediatamente.
A multidão zombou da congregação e xingou os que ali estavam. O pastor disse à NCEASL: "Fomos ameaçados. Disseram que se nos reuníssemos para realizar cultos novamente, a igreja seria destruída." .
Dois jornalistas, que se identificaram como Nimal Bandara, do jornal Ravaya, e Weeraratne, do jornal Lankadeep, filmaram e fotografaram a multidão perseguindo a congregação para fora da igreja.
Um membro da igreja chamou a polícia, mas quando eles chegaram - uma hora após o inicio do ataque - a multidão já tinha ido embora.
Poucas horas depois, uma parte da multidão retornou, incluindo uma pessoa que carregava um taco de madeira. Eles ameaçaram os trabalhadores cristãos que ainda estavam na igreja, batendo em um deles e quebrando várias cadeiras.
A igreja prestou queixa, mas nenhuma prisão foi feita até o momento.
Ataque após um funeral
No mesmo dia, quatro trabalhadores cristãos foram ao funeral de um membro da igreja em Anamaduwa, distrito de Puttlam. Conforme voltavam para casa, muitos homens dirigiram-se até eles e os alertaram para não voltar para a vila. Os homens também bateram e jogaram pedras nos trabalhadores.
O pastor da igreja em Anamaduwa denunciou o incidente à polícia. Durante um inquérito policial subseqüente, os agressores acusaram a igreja de perturbar a vizinhança fazendo barulho durante os cultos.
O pastor negou a acusação, ressaltando que os cultos duravam apenas uma hora por semana e que a maioria da vizinhança era cristã.
Por fim, ambas as partes concordaram em resolver o problema de forma amigável e os agressores prometeram não atacar a igreja novamente.
Apelo para uma intervenção do governo
Em uma declaração publicada, autoridades da NCEASL disseram que eles estavam "alarmados com o modo pelo qual alguns elementos usaram violência e força contra a minoria cristã envolvida com oração e cultos"
Eles também disseram que o estado havia ignorado tais excessos por muito tempo, e pediram ao governo o cumprimento da lei e para que "proteja ativamente os direitos fundamentais de cada cidadão para praticar sua escolha religiosa sem ser perseguido.
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