Portas Abertas • 16 jan 2007
Terroristas e gangues armadas escolheram os cristãos iraquianos como alvos de seus ataques em 2006. A situação anárquica em cidades como Bagdá e Mosul destruiu todo o otimismo dos cristãos da região. "Quase ninguém vê um futuro brilhante para o Iraque", disse Estevão de Groot, obreiro da Portas Abertas.
Estevão visita o Iraque várias vezes por ano. "Toda vez que faço uma visita, converso com um homem de Mosul. Ele sempre me diz que a situação piorou desde a última vez que eu estive lá. Outro cristão me disse que ele teve que comprar roupas novas para sua esposa porque, durante um tiroteio nas ruas, o guarda-roupa dela foi despedaçado pelas balas. Um terceiro homem explicou em detalhes o que aconteceu quando ele levava seu filho à escola e um carro-bomba explodiu. O menino correu para dentro da escola e viu um coração pendurado na janela."
Quatro grupos violentos estão ativos no Iraque: insurgentes sunitas que eram do partido Baath de Saddam Hussein, sunitas que lutam pela al Qaeda, xiitas e um grupo formado por criminosos que não pertencem a nenhum grupo de insurgência. "Cada um desses partidos têm suas próprias razões para intimidar, seqüestrar ou até matar cristãos, mas a principal razão é dinheiro para financiar suas batalhas. A maioria dos cristãos é comerciante e tem algum dinheiro. Além disso, a minoria cristã não tem uma representação armada que lhes possa vingar ou dar proteção. Os extremistas muçulmanos querem espalhar o islamismo e remover o cristianismo de suas cidades", disse Estevão.
Assim, não é nenhuma surpresa que a violência seja mais dirigida aos cristãos do que aos seus "símbolos", como as igrejas. Estevão afirma que em 2006, os ataques às igrejas ocorreram apenas no alvoroço das charges dinamarquesas do profeta Maomé, e depois no discurso do Papa na Alemanha.
Logo depois da queda de Saddam Hussein, as visitas às igrejas aumentaram bastante. Mas, desde então, elas têm caído por causa da violência e da insegurança. Muitos cristãos fugiram para o norte do país (que é relativamente seguro) e para países vizinhos.
Em 1991, cerca de 900 mil cristãos viviam no Iraque. Hoje há cerca da metade desse número no país. A maioria deixou o país na década de 1990, mas parece que um novo êxodo começou no ano passado.
Apesar das dificuldades para as igrejas iraquianas, há algumas melhoras positivas, disse Estevão. "A venda de livros cristãos cresceu bastante. Materiais para crianças e materiais de estudo são os mais procurados, O número de Bíblias vendidas anualmente ainda é o mesmo dos outros anos, mas parece que os cristãos iraquianos querem conhecer mais profundamente a Palavra de Deus. Em 2006, entregamos dezenas de milhares de livros e treinamos cerca de cem cristãos. Em 2007, esperamos levar 145 mil livros aos cristãos iraquianos. Por volta de 400 pessoas receberão treinamento e gastaremos 160 mil dólares em projetos socioeconômicos."
Segundo Estevão, Deus trabalha em meio à violência. "Um taxista muçulmano dirigia por Mosul e, quando deixou um cliente cristão, percebeu que ele havia esquecido sua corrente. O taxista decidiu usar a corrente, que tinha uma cruz. Mais tarde, naquele mesmo dia, ele foi parado por homens armados, que lhe perguntaram: Você é sunita ou xiita?. Ele sabia que, se desse a resposta errada, ele seria baleado. Ele pensou e respondeu: Nenhum dos dois, eu sou cristão. Aqui! Olhem! e ele apontou para a cruz na corrente. Os homens riram e disseram: Não acreditamos em você, mas pode ir embora. Quando ele chegou em casa, disse à sua esposa: Jesus me salvou! Naquele dia ele deu sua vida a Jesus."
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