Portas Abertas • 31 jan 2007
Martha Bibi, uma cristã de Kot Nanak Singg, distrito de Kasur, foi acusada, no dia 22 de janeiro, de fazer comentários depreciativos sobre o profeta Maomé e profanar seu santo nome, informou Shahbaz Bathi, líder da Aliança das Minorias Paquistanesas (APMA, sigla em inglês).
Ele contou que a mulher, o marido e seus seis filhos vivem com mais 12 famílias cristãs em uma área habitada por cerca de 500 famílias muçulmanas. O marido trabalha na construção civil e aluga equipamentos de construção com a ajuda de sua esposa. Recentemente, eles alugaram algumas ferramentas para a construção da mesquita Sher Rabbani, mas os construtores falharam no pagamento.
Na manhã de segunda-feira, Martha Bibi foi ao local da construção para receber o dinheiro, mas não obteve sucesso. Ela pediu então que os equipamentos fossem devolvidos e tentou retirá-los, mas Muhammad Ramzan, Mohammad Akram e Muhammad Dilbar passaram a agredi-la. Apenas com a ajuda dos passantes é que ela conseguiu escapar.
À noite, o imame da mesquita acusou Martha de dizer palavras blasfemas sobre o profeta Maomé e incentivou os muçulmanos a atacarem os cristãos. Martha e sua família fugiram para a vizinhança a fim de se esconder. Entretanto, a polícia encontrou-a e a prendeu. Ela foi levada para a delegacia de Changa Manga.
Martha foi acusada de violar a seção 295 C do Código Penal, mais conhecida como lei de blasfêmia, que prevê longas penas de prisão assim como a pena de morte aos infratores.
A polícia abriu um processo contra a mulher depois de receber uma queixa formal de Muhammad Dilbar.
Apelo por mudanças
Assim que descobriu o que tinha acontecido, a APMA interveio e mandou um representante para se encontrar com Martha Bibi. Os policiais foram alertados para ficarem atentos quanto a possíveis atos de violência contra a acusada.
Em uma nota informativa, a APMA informou ter apelado ao juiz da Suprema Corte para intervir contra o uso abusivo da lei de blasfêmia e intimou o governo a mudar a lei, já que ela é usada por extremistas para perseguir minorias religiosas ou qualquer um que atravesse seu caminho. Em seu apelo, a APMA disse que uma comissão judicial deveria ser implantada para rever todos os casos e que todos os que são claramente inocentes, como Martha Bibi, deveriam ser libertados de imediato.
Em uma entrevista concedida em Paris no dia 24 janeiro, o senador Mushahid Hussain Syed, secretário geral do partido governante, disse que a lei de blasfêmia será mudada após as próximas eleições.
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