Padre católico é assassinado em Arauca, Colômbia

Portas Abertas • 29 dez 2003


Foi encontrado crivado de balas o corpo do segundo padre assassinado em menos de três semanas no sensível Estado de Arauca, na Colômbia, no dia 21 de novembro numa rua perto da comunidade onde ele ministrava.

José Rubin Rodriguez, 51, foi seqüestrado em uma barreira na estrada no dia 14 de novembro na volta de um retiro dos padres, fontes informaram.

O bispo de Arauca, Carlos Germán Mesa afirma que, apesar de não ter sido feito nenhum contato com a igreja para negociar a libertação de Rodriguez ou reivindicar a responsabilidade pelo seu seqüestro, o serviço de inteligência militar e cidadãos locais acreditam que ele tenha sido morto pela 10a Frente das forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC).

Saulo Carreño, pároco da Igreja Cristo Rei da cidade de Saravena, Arauca, e sua secretária, Maritza Linares, foram mortos a tiros no dia 4 de novembro ao saírem do hospital onde ministravam aos paroquianos doentes.

Carreño e Rodriguez são, respectivamente, o quarto e quinto padres de Arauca mortos desde 1985. As autoridades não descobriram quem matou Carreño.

Fontes da igreja dizem não saber se as mortes têm ligação. Perguntado se acreditava os dois seqüestros serem indícios dos padres terem se tornado agora objetivos militares, o bispo disse a Portas Abertas: Isso é o que venho pensando, mas por qual motivo? Não demos razão a ninguém para fazer guerra contra nós. Nós servimos a comunidade e pregamos o evangelho.

Mesa disse que o bispo anterior de Arauca havia conversado com os rebeldes, que concordaram em respeitar a igreja e seus padres. Isso é o que me deixa um tanto tranqüilo, disse ele. Mas isso não foi cumprido.

Rodriguez serviu como pároco da Igreja Católica Romana de La Salina em Fortul, perto de onde seu corpo foi encontrado. Ele dedicou 19 de seus 21 anos de ministério em Arauca, uma região rica em petróleo que faz divisa com a Venezuela e que foi elevada a condição de Estado em 1991.

O governo nacional não tem marcado uma presença efetiva em Arauca, criando um vácuo de poder que torna o Estado vulnerável aos grupos armados ilegais que procuram controlar um importante oleoduto e as rotas do tráfico de drogas. Em tempos passados, o Exército de Libertação Nacional (ELN) competiu com as FARC pelo domínio, mas os paramilitares da ala direita ganharam recentemente presença em Arauca, considerado entre os Estados mais violentos da Colômbia.

Mesa recebe encorajamento pela solidariedade de padres de todo o país que apelaram à diocese que mostre o seu apoio. Indagado se ele e os 34 padres restantes de Arauca estão vivendo com medo, ele respondeu: Medo, sim e não. Afinal, Deus me colocou aqui e estamos fazendo o que a nossa missão nos pede que façamos. Isso não nos intimida. Dá-nos força.

Alvaro Hernandez Cordero, padre que atua como chanceler da diocese Católica Romana de Arauca, diz que a morte de Rodriguez e Carreño atinge duramente a pequena diocese, porque os padres são como uma família.

Nunca se deixa de ter medo, disse ele a Portas Abertas. Mas na realidade, sabemos que a nossa missão é comprometer nossas vidas para a causa do evangelho. Entregamos nossas vidas muito tempo atrás, quando fomos ordenados.

Hernandez disse que Rodriguez gostava de ministrar nas áreas rurais, onde o perigo é bastante grande. O padre morto era tido como um grande trabalhador, dedicado à sua missão e amava aqueles a quem ministrava. Um de seus projetos favoritos era treinar professores para ajudar camponeses conseguirem instrução colegial.

De acordo com Hernandez, os padres de Arauca são um grupo unido. Se tanto Carreño como Rodriguez tivessem recebido ameaças, eles teriam contado a seus colegas de ministério.
Hernandez disse também que ainda existem grandes carências para que os padres continuem seu trabalho porque não há lugar seguro em parte alguma da Colômbia. O terrorismo se manifesta em carros-bomba, pontes dinamitadas, ataques à bala a ônibus públicos e outras formas de mortes insensatas.

Esta é a situação que todos nós enfrentamos. É muito preocupante, claro. É inquietante que, em menos de 20 dias, dois padres tenham sido assassinados.

Realmente, a insegurança é grande - em toda parte e para todos.

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