Portas Abertas • 12 mar 2008
Comunistas e cristãos são parceiros quando o assunto é a defesa contra os ataques violentos dos nacionalistas hindus, mas suas diferenças sobre as instituições educacionais cristãs aparecem diante das leis esquerdistas – como aconteceu recentemente no Estado de Kerala.
O governo do sul do Estado de Kerala recomendou banir a adoração cristã e apagar as mensagens religiosas das paredes de escolas privadas que recebem assistência do Estado. De acordo com o jornal "The Telegraph" de 11 de fevereiro, este movimento poderá impactar as instituições cristãs.
O jornal citou que as recomendações do Comitê de Reformas de Regras Educacionais de Kerala (KERRC, sigla em inglês) têm sido vistas como um movimento para restringir a liberdade religiosa de que desfrutam as comunidades minoritárias, principalmente as cristãs, sob a constituição. O artigo 30 da Constituição Indiana garante o direito das minorias religiosas e étnicas de estabelecer e administrar instituições educacionais.
As escolas freqüentadas pelos grupos cristãos do Kerala mantêm orações regulares, incluindo missa, e suas paredes são forradas de citações bíblicas. As construções e dependências escolares são frequentemente usadas para eventos religiosos.
O KERRC também recomendou que as aulas com instruções religiosas sejam dadas apenas a estudantes que tenham permissão de seus pais para participar. Também foi sugerido que aulas de religião sejam substituídas por aulas de ciência moral para ensinar aos alunos valores de honestidade e não-violência.
Professores e mestres
O comitê ainda propôs que as escolas privadas só possam contratar professores de uma lista já preparada por uma agência com poderes do estatuto. Essa decisão assusta os cristãos, já que pode levar a uma discriminação contra os professores das minorias religiosas.
Os cristãos representam hoje quase 20% (6,05 milhões) da população do Kerala de 31,8 milhões de habitantes, porém há uma divisão dentro da comunidade cristã que vota regularmente nos partidos comunistas.
Por esse motivo, desde 2006 alguns líderes de Igrejas têm emitido cartas às dioceses que são lidas nas Igrejas, defendendo a oposição aos comunistas, em uma tentativa aparente de desencorajar os membros da Igreja a apoiá-los.
A agência de notícias "Asia News", publicou em 11 de fevereiro uma declaração de Paul Thelakat, porta-voz da Assembléia Syro-Malabar e editor-chefe da Satyadeepam (Luz da Verdade), dizendo que as recomendações são uma tentativa de “trazer o controle político” e de “colocar em pauta no sistema escolar a discussão partidária”.
“Nós apoiamos o direito das escolas privadas de contratar seus próprios professores como uma garantia de autonomia”, disse Thelakat ao "Asia News". “Qualquer eventual restrição de liberdade é violação, especialmente para as minorias religiosas. Nós, cristãos, queremos nossos professores em nossas escolas porque essa é a única forma de preservar e proteger a cultura e a fé cristãs”.
O Ministro da Educação do Kerala, M.A. Baby, negou as acusações declarando ao The Tehelka que “o governo quis trazer mais transparência fazendo com que essas escolas se reportem aos governos locais. Uma ação como essas não vai restringir nenhum direito das minorias”.
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