Portas Abertas • 19 mar 2008
As diferenças étnicas e religiosas continuam onipresentes na vida política e social do Iraque cinco anos depois da intervenção norte-americana, em 2003, que deveria instaurar um Estado moderno.
Especialistas advertem para os perigos de desmembramento de um Estado estratégico, situado nos confins dos mundos árabe, persa e otomano.
A queda de Saddam Hussein avivou as aspirações por uma participação maior no poder central por parte de curdos e xiitas, que se consideravam desfavorecidos, quando não perseguidos.
Os curdos foram vítimas das campanhas de repressão de Saddam Hussein, os xiitas pagaram por sua rebelião e os sunitas sofreram de maneira individual, mas como comunidade continuaram associados ao funcionamento do Estado, sua função tradicional.
A religião como fator de divisão
Com a queda do regime baassista (laico), os particularismos religiosos e étnicos, por muito tempo silenciados, passaram a ocupar um espaço central na construção do novo Iraque e logo se transformaram em fatores de divisão mais que de coesão.
Um desses particularismos é expresso na ofensiva contra os cristãos iraquianos, que estão sendo praticamente dizimados como se fizessem parte das tropas norte-americanas.
As reivindicações das comunidades étnicas e religiosas estão incluídas na Constituição e geraram leis como a da divisão do petróleo ou a do papel político das províncias em um Iraque mais descentralizado.
Estes particularismos comunitários, levados ao extremo por radicais e milícias armadas, originaram diversas matanças. Estas novas identidades iraquianas são definidas agora pela diferença e não pela necessária convergência para edificar um Estado-nação democrático.
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