Portas Abertas • 14 jul 2008
Um pai cristão do Paquistão está em uma batalha legal com seqüestradores pela custódia de suas duas filhas pré-adolescentes, que supostamente foram forçadas a se converterem ao islamismo.
No último dia 10 de julho um juiz da província de Punjab, no Paquistão, ordenou mais investigações sobre o seqüestro de Saba Younis, 12 anos, e Aneela Younis, 10 anos, que estão desaparecidas desde 26 de junho na pequena cidade de Chowk Munda.
Os seqüestradores pediram a custódia das meninas na delegacia de polícia local em 28 de junho, declarando que as irmãs se converteram ao islamismo e que seu pai não tinha mais direito sobre elas.
Quando o pai das duas meninas, Younis Masih, foi intimado pela polícia para testemunhar, a polícia inicialmente se recusou a registrar o caso contra os seqüestradores - Muhammed Arif, Abjad, Ali e um quarto homem não identificado – que são conhecidos por pertencer a uma rede poderosa de tráfico de pessoas.
Ao contrário, como declararam ativistas dos direitos humanos ao Compass, Younis Masih foi orientado a “ficar em silêncio”, pois, como os oficiais disseram, as meninas abraçaram o islamismo em uma declaração por escrito.
Situação delicada
Foi apenas na semana passada que, com a ajuda de advogados e do Ministério dos Direitos Humanos e Assuntos das Minorias, Younis Masih registrou uma queixa oficial na delegacia local.
O advogado da família cristã, Khalil Tahir, disse que os seqüestradores provavelmente violentaram e venderam as duas menores a um bordel. Moradores do local vêem os homens como seqüestradores em série.
Muitos detalhes sobre as condições e o local onde estão as meninas permanecem desconhecidos, e a família não teve contato com elas. Tahir disse que os criminosos não levaram as meninas seqüestradas à audiência do dia 10.
“Provavelmente elas foram violentadas”, disse o advogado. “Nós não tivemos contato com as elas”.
Ação Institucional
Khalil Tahir, um ativista dos direitos humanos e advogado, declarou que no Paquistão menores não podem ser coagidos a mudar de fé. Tahir também é membro da Assembléia da Província e disse que se o Escritório do Distrito Policial não cooperasse e registrasse o caso em sua delegacia, ele iria entrar com uma ação imediata na Justiça.
“Eu estou tentando um contato com o Escritório do Distrito Policial para saber sobre o registro do caso criminal”, declarou Tahir. “Eles ainda não registraram o caso. É o dever deste escritório registrar o caso, mas não estão cumprindo com sua obrigação, então estou tentando contato com eles ou levarei o caso à Suprema Corte”.
Minoria cristã é alvo
Ashfaq Fateh, um advogado cristão que estabeleceu contato com Younis Masih nesta semana, disse que a família católica das meninas não recebeu ameaças por causa de sua fé. Ele afirmou, no entanto, que o seqüestro foi um problema religioso.
“Por serem fracas e pertencerem a uma comunidade cristã, as meninas foram seqüestradas”, disse ele.
Saba e Aneela Younis, as mais novas de oito filhos, foram seqüestradas enquanto estavam a caminho da casa do tio.
“O seqüestro das minhas filhas me fez sentir inseguro neste país”, declarou Masih a Fateh em uma conversa telefônica. “Meus conterrâneos muçulmanos pensam que nósnão somos seres humanos. Eles pensam que não temos dignidade.”
“Isso acontece todos os dias”, disse Tahir sobre os seqüestros de crianças paquistanesas e o tratamento injusto para com os cristãos, “porque somos pessoas marginalizadas e humilhadas”.
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