Portas Abertas • 12 ago 2008
Autoridades prenderam mais de oito estudantes de uma escola secundária em contêineres de metal porque eles se negaram a queimar centenas de Bíblias. O caso aconteceu no último dia 5 de agosto, segundo a agência de notícias Compass Direct.
Os oito estudantes, todos homens, estavam no Centro de Treinamento de Defesa Sawa, perto da fronteira da Eritréia com o Sudão, e foram encarcerados depois que as autoridades militares confiscaram mais de 1500 Bíblias pessoais dos novos estudantes que se alistam no Exército e chegam para o ano letivo de 2008-2009.
O serviço militar é obrigatório na Eritréia e é exigido dos estudantes erítreos que eles assistam a treinamentos nos centros militares, como o de Sawa, para que possam se formar na escola secundária.
“No momento em que as Bíblias eram lançadas às chamas, o chefe principal de Sawa, o coronel Debesai Ghide, deu um aviso a todos os estudantes dizendo que Sawa é um lugar de patriotismo, não um lugar para pentecostais”, disse uma fonte.
Os oito estudantes contestaram quando os militares começaram a queimar as Bíblias e tiveram coragem para falar contra a queima. Por isso foram levados sob custódia para um contêiner de metal que o Exército usa como cela de prisão para aqueles que são encontrados praticando a fé cristã.
Proibições
"Ler a Bíblia reservadamente, discutir a fé cristã com outros estudantes, orar antes ou depois das refeições, sozinho ou grupo, possuir uma Bíblia ou qualquer outra literatura cristã é proibida no Centro Militar de Sawa", disse uma fonte que pediu anonimato.
Estudantes envolvidos em tais atividades podem ser presos ou submetidos a um castigo militar severo.
Todos os que desejam fazer o ensino superior têm de se alistar no Exército. Lá, os jovens do ensino secundário recebem treinamento vocacional e também instrução em assuntos acadêmicos.
Queima de Bíblias
No dia 4 de janeiro de 2007, chefes militares do Centro de Sawa realizaram o que eles chamaram de “exame nas atividades de extremistas cristãos" entre os estudantes secundários. Procuraram por Bíblias e traços pessoais que indicassem a fé cristã deles.
Naquela ocasião foram confiscadas 250 Bíblias entre os estudantes cristãos que as levaram para uso pessoal. Depois de queimarem todos os exemplares, 35 jovens foram presos e passaram por castigos militares, o que incluiu tortura física.
Governo nega opressão religiosa
Funcionários erítreos negam que exista opressão religiosa no país, alegando que o governo só está reforçando o cumprimento da lei junto às igrejas não registradas.
Em maio de 2002, a Eritréia fechou todos os grupos religiosos independentes que não operam debaixo do guarda-chuva sancionado pelo governo - ortodoxo, católico, luterano ou islâmico.
O governo negou todos os registros de igrejas protestantes independentes e subseqüentemente a Igreja Ortodoxa que crescia num movimento de renovação.
Pessoas flagradas orando, adorando fora das quatro instituições religiosas reconhecidas, correm o risco de serem presas, na melhor das hipóteses ficarem em prisão domiciliar, serem torturadas ou sofrerem severas pressões para negarem a fé em Jesus.
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