Portas Abertas • 13 out 2008
Na província de Punjab, um pastor paquistanês e sua família têm vivido com medo durante meses, depois de ameaças de morte feitas por um suspeito de assassinato e de repetidos ataques à sua casa, realizados pela polícia.
O pastor Christopher Manzer, 55 anos, de Jhugian Baja Singh, disse que um homem muçulmano o culpa pela perda de sua mulher e de seu bebê. Este homem incentivou grupos extremistas muçulmanos a começarem uma onda de ataques contra Christopher.
“Eu sou um pastor cristão e, no Paquistão, você sabe que é comum atacar os cristãos”, disse Christopher, que é pastor da Igreja Pentecostal Discípulos de Jesus. “A maioria dos cristãos está sofrendo muito.”
Mohammad Nawaz considera o pastor responsável pelo seu divórcio e a subseqüentes mortes de sua esposa e bebê depois de um aborto. Makha, tio de Nawaz, chamou o pastor duas vezes, dizendo para que ele deixasse a cidade ou morreria. Makha está sendo procurado pela polícia devido a uma conexão com os assassinos de dois homens cristãos nos últimos três meses.
Manzer declarou que recebeu a primeira ameaça de morte de Makha em 21 de setembro e depois, em 4 de outubro, um sábado, às 19 horas.
“Tome cuidado, eu vou matar você – você tem apenas poucos dias neste mundoseus dias estão contados”, disse Makha a Christopher ao telefone no mês passado.
“Ele ainda está recebendo ameaças de morte”, disse Shahzad Kamran do Ministério Compartilhando Vida no Paquistão (SLMP). “Makha está fazendo ameaças contra a vida do pastor Christopher e dizendo a ele para deixar a área e ir para outro lugar, senão eles matarão sua família e ele. Eles estão com medo”.
Sementes de rancor
Nawaz e a filha de um membro da igreja do pastor Christopher se converteram ao islamismo a fim de fugir com o amante, esperando que a lei islâmica protegesse-os de suas famílias, que eram contra o casamento.
Convencido que sua filha, Sana Bibi, tinha sido seqüestrada, Anwer Masih procurou ajuda com Christopher e outros para trazê-la de volta.
Logo depois que Nawaz e Sana se casaram, Nawaz se tornou cada vez mais extremista em seus pontos vista islâmicos, fazendo com que Sana buscasse a ajuda de sua família para achar uma forma de sair do casamento.
Christopher interferiu para ajudar a reconciliar Anwer e sua filha, para que ele a perdoasse e a trouxesse de volta. Em 16 de julho de 2007, ela pediu o divórcio que foi aprovado em 28 de março. Em janeiro, Nawaz abriu um caso de disputa contra Christopher e Masih. O tribunal recusou o caso.
Sana voltou para sua fé e práticas cristãs com o encorajamento do pastor Christopher. Em 7 de abril, no entanto, membros da delegacia de polícia de Liberty, em Lahore, invadiram a casa do pastor, chutaram-no e bateram nele com paus por uma hora, molestaram verbalmente ele, sua mulher e seus quatro filhos, com idades entre 8 e 21 anos.
Christopher foi capaz de reconhecer que eram policiais por causa do carro que dirigiam e estacionaram perto de sua casa. Os policiais o algemaram e o levaram à sua igreja, onde membros estavam reunidos para uma reunião de oração. A polícia continuou batendo nele.
Esta foi primeira de cinco agressões e prisões realizados pelos policiais de delegacias de outras localidades próximas de Lahore. Em todas as vezes, amigos vieram resgatar Christopher, pagando fiança. A polícia então demonstrou piedade e alegou ter prendido o homem errado. O pastor disse que pagar os policiais para evitar que batessem nele acabou com as suas finanças e a de membros da igreja.
Ele declarou que as agressões, que ocorreram duas vezes no meio da noite, duas vezes na igreja e uma vez na delegacia de polícia, aconteceram entre 7 de abril e 5 de julho. Nas duas ocasiões, Christopher foi capaz de identificar os policiais como sendo da delegacia de Lahore.
A delegacia de sua área, Manga Mandi, apoiou o pastor, mas não tomou nenhuma atitude contra as outras delegacias, disse um policial.
Em 26 de agosto, Nawaz registrou um segundo boletim de ocorrência na delegacia de Manga Mandi contra o pastor, Anwer e outras sete pessoas, acusando-os de invadir sua casa em janeiro, atacar a ele e sua família fisicamente e seqüestrar Sana.
Nawas depois reivindicou que eles ameaçaram matá-lo e roubaram 10 mil rúpias (U5,00) e objetos de ouro.
“Esta é uma história forjada”, disse Shahzad Kamran, do SLMP.
Anwer disse à equipe do SLMP: “Nawaz tem relações com alguns muçulmanos que o apóiam; ele já nos envolveu em um falso caso de briga ... Agora ele novamente nos envolve no caso do assassinato de minha filha”.
Aborto
Em maio, cinco meses depois que Sana deixou Nawaz, ela foi internada em um hospital, com febre alta. Ela foi tratada por uma parteira, mas morreu em 27 de maio. A equipe do SLMP confirmou que ela estava grávida e teve um aborto. De acordo com o relatório médico, ela morreu devido a um choque séptico.
Christopher disse que Nawaz pediu ajuda de muçulmanos extremistas e de seu tio. Ele estava enfurecido com sua intervenção no caso e porque Christopher havia sido liberado no primeiro caso contra ele em janeiro.
“Quando grupos muçulmanos viram o bom comportamento da polícia para comigo, eles foram às outras delegacias de Lahore para entrarem com uma ação contra mim”, disse ele ao SLMP. “Policiais de ambas as delegacias fizeram batidas ilegais em minha casa”.
O pastor apresenta marcas da tortura que sofreu. Sua mulher e sua filha mais velha passaram por tratamento psicológico depois dos ataques em sua casa.
A primeira audiência do caso aberto contra Christopher, Anwer e outros membros da comunidade está marcada para 19 de outubro. Christopher disse que sua fé o encheu com um sentimento de amor por Nawaz.
“Nós estamos orando pela proteção de Deus, e para que Deus abençoe Nawaz, porque estou preocupado com ele”, disse Christopher. “Eu não quero fazer nada contra Nawaz, porque eu o amo”.
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