Caos no país afeta Igreja

Portas Abertas • 22 out 2008


Morgan Tsvangirai, líder do Movimento pela Mudança Democrática (MDC), partido de oposição do Zimbábue, alertou no domingo que seu partido poderia se afastar de um acordo de partilha de poder assinado com Roberto Mugabe, caso a mais recente tentativa de mediação fracassasse em pôr um fim ao impasse de como dividir ministérios-chaves.

Uma nota do governo no sábado mostrou que Mugabe tinha alocado três ministérios-chaves para o ZANU-PF, seu partido, atraindo o fogo da oposição e ameaçando a frágil aliança. Ele entregou ao seu partido os ministério da Defesa, do Interior – que é responsável pela polícia – e o das Finanças, que será estratégico para avivar a economia em colapso.

Thabo Mbeki, ex-presidente da África do Sul, que mediou o acordo de partilha de poder entre os rivais políticos do Zimbábue, chegou a Harare na segunda para ajudar a romper o mais recente impasse. Entretanto, o porta-voz do MDC, Nelson Chamisa, expressou dúvida se o ZANU-PF estaria disposto a se compromissar a despeito da mediação de Mbeki.

Simultaneamente, a economia do Zimbábue continua a implodir, com o número de pessoas que necessitam de ajuda de alimentos aumentando a cada dia. O país possui uma taxa surpreendente de inflação de 230.000.000%.

Um membro do MDC do Parlamento, Eddie Cross, escreveu: “Hoje eu fui de uma reunião a outra usando as principais ruas de Harare – era puro caos. A cidade não tinha eletricidade, os sinais luminosos de todos os cruzamentos não funcionavam e o trânsito estava engarrafado. A polícia não foi avistada em nenhum lugar e, mesmo quando estávamos parados no trânsito, um carro da polícia passou por nós, subiu a calçada e atravessou o cruzamento sem prestar atenção ao que estava acontecendo ao seu redor”.

“O mesmo aconteceu com o Banco Central. Estão imprimindo dinheiro e criando dinheiro em outras formas tão rapidamente que a taxa de inflação não pode mais ser calculada... Pessoas desesperadas estão formando filas há dias nos bancos e financeiras, tentando retirar seu dinheiro do sistema para que possam gastá-lo antes que literalmente se derreta em nada. Em Gweru, na semana passada, a rua principal estava quase fechada pela multidão que se encontrava nos caixas rápidos e nos bancos. Em Harare, cada agência bancária está literalmente lotada. O saque máximo que uma pessoa pode fazer por dia é de Z.000, o que equivale a US$ 0,001.”

“O Banco Central, enfrentando as crescentes conseqüências de sua própria inépcia, está agora imprimindo dinheiro em papel liso, sem nenhuma característica de segurança. A máfia está em plena atividade, e há tantas notas falsificadas em circulação que as pessoas estão se recusando a receber as notas novas.”

“É ilegal comercializar em moeda forte – você pode ser preso se tentar; é ilegal trocar dinheiro na rua, você não pode cobrar o preço de mercado pelo que vende, ao menos que queira se arriscar a uma intervenção ou algo pior. Hoje mesmo, houve relatos do governo agindo contra varejistas que estavam praticando ‘superfaturamento’. Empresas não conseguem pagar seu pessoal em dinheiro. Elas o pagam por transferência bancária e, então, assistem a metade de sua força de trabalho se ausentar por todo o dia, ao permanecer em filas.”

“Formas de pagamento sem dinheiro estão crescendo – o comércio de troca é comum. O uso de cupons de combustíveis com o valor de cerca de US$ 30 cada também é uma oferta comum. Nesta semana, a BBC contou uma história de um leilão em Harare onde todos os lances foram dados em cupons. A maioria das firmas agora é forçada a vender seus produtos e serviços em moeda forte, rand sul-africano ou dólares americanos, ainda que isso seja ilegal.”

“Aqui estamos, a quatro semanas do início da estação das chuvas e com 2% do requerido de nossos fertilizantes em estoque. Todos os demais insumos são virtualmente impossíveis de se obter.”

“Os fazendeiros remanescentes, brancos e negros, estão sendo desalojados de suas fazendas... e o que sobrou da indústria de tabaco, já considerada de classe mundial, enfrenta a extinção. Todas as fazendas produtoras de leite, de frutos e de criação de porcos enfrentam invasões ilegais e a interrupção de suas atividades. A polícia simplesmente responde aos pedidos de ajuda dizendo que não pode fazer nada, pois ‘isto é política’.”

“Nossas cadeias de varejo estão vazias, muitas lojas fechadas, os atacadistas não trabalham mais e a indústria está operando com 10% de sua capacidade. O fornecimento de energia está abaixo da metade da demanda, o abastecimento de combustível está reduzido e não se pode obter sobressalentes. Todos os alimentos básicos estão virtualmente disponíveis somente no mercado paralelo a preços muito altos. Embora as escolas do governo tenham aberto suas portas e as crianças estejam indo, não há professores.”

“As universidades não abrirão suas portas neste período, o último antes de provas importantes. As empresas não podem fixar preços ou salários. Suas atividades normais simplesmente congelaram onde estavam.”

A Igreja no Zimbábue continua necessitando de nossas orações. Ainda que esteja claro que a Igreja não é alvo de perseguição, é extremamente difícil para ela funcionar sob estas condições.

Pedidos de oração

1. Ore para que o Senhor traga paz e estabilidade ao Zimbábue em seu tempo e da forma que o agrade. Ore por sabedoria por todos os personagens e por uma mudança de coração do presidente Mugabe.

2. Ore para que a Igreja seja uma luz reluzente para os que estão à sua volta no meio destas circunstâncias difíceis.

3. Peça unidade dentro do Corpo.

4. Ore para que o Senhor abra caminhos para as organizações cristãs e igrejas levarem a tão necessária ajuda ao Zimbábue.

Sobre nós

A Portas Abertas é uma organização cristã internacional e interdenominacional, fundada pelo Irmão André, em 1955. Hoje, atua em mais de 60 países apoiando cristãos perseguidos por causa da fé em Jesus.

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