Portas Abertas • 12 jun 2009
Saiba mais detalhes sobre o caso de Malatya e leia a primeira parte desta notícia clicando aqui.
Um membro do gendarmerie que trabalha com repressão a armas e drogas, Mehmet Colak, também testemunhou na última audiência. Registros telefônicos mostram que ele pode ter sido um dos elos de comunicação entre os supostos mentores e outros. Seu nome foi mencionado em uma carta de um informante enviada ao tribunal.
Seu depoimento, entretanto, não forneceu nenhuma informação útil aos promotores. Quando os advogados de defesa lhe perguntaram que setor do gendarmerie acompanha as atividades missionárias na Turquia, Mehmet respondeu: “Contraterrorismo”. A resposta tipificou o argumento da defesa de que as vítimas cristãs trazem sobre si a responsabilidade do assassinato por realizarem atividade missionária.
Em seus depoimentos finais, os advogados de defesa pediram que o tribunal conduzisse uma investigação completa envolvendo a polícia, o exército e o gendarmerie para estabelecer se atividade missionária é crime. Os juízes negaram seu pedido.
Os advogados de acusação disseram que os advogados de defesa têm tentado vilipendiar as atividades missionárias desde o início do caso em um esforço para obterem uma sentença mais leve para os cinco jovens, bem como provarem seu ponto de vista político-nacionalista.
“É uma tática muito pobre”, disse Orhan. “Ao final da audiência, eles gostariam de fazer uma declaração de defesa assim: "Este ataque foi provocado...Vejam, essas pessoas (missionários) estão tentando dividir nosso país." Eles querem dizer que isto foi uma provocação injusta e, como consequência, esses jovens ficaram muito irados, perdendo a paciência. Mas isso é besteira.”
O Julgamento do Ergenekon
As audiências e investigações do Ergenekon, um grupo nacionalista clandestino que acredita-se tenha tentado derrubar o governo através de um caos interno de engenharia, continua independente do julgamento de Malatya.
Dois suspeitos presos em relação a esse caso, Aral e Veli Kucuk, um general aposentado, também foram envolvidos nos assassinatos de Malatya. Eles foram interrogados pelos promotores do Ergenekon e pelos juízes no início de maio.
Quase 140 pessoas foram presas em ligações com o caso. O primeiro ministro Recep Tayyip Erdogan tem sido criticado por supostamente permitir prisões indiscriminadas de pessoas que se opõem a sua linha política e que não estão ligadas à trama do alto governo.
Kemal Kerinçsiz, um advogado turco famoso por arquivar processos judiciais e reinvidicações contra dezenas de jornalistas e autores turcos por insultar a cultura turca, também foi preso em relação ao Ergenekon. Kerinçsiz é responsável pelos processos abertos contra os cristãos turcos Hakan Tastan e Turan Topal, que têm estado em julgamento por dois anos por “insultarem a cultura turca” ao falarem abertamente de sua fé.
Na próxima audiência do tribunal de Malatya, agendada para o dia 19 de junho, os juízes esperam ouvir os depoimentos de Aral e outros envolvidos.
Frustrações
Embora se esperasse que as audiências de Malatya se tornassem parte dos processos do Ergenekon, Orhan disse que tais probabilidades são diminutas se a tênue evidência até aqui não se tornar mais substancial.
A liberação de Huseyin, disse ele, mostrou que, embora seu depoimento manche sua credibilidade, não havia prova suficiente que o ligasse ao caso.
“Minha conclusão é de que não estamos indo para lugar nenhum”, disse Orhan, “porque as forças por detrás dos bastidores foram muito bem sucedidas em organizar tudo. Eles organizaram tudo e nós não estamos indo para lugar nenhum.”
Para que as audiências de Malatya e do Ergenekon se fundam, disse Orhan, o tribunal precisará de algo mais sólido do que nomes envolvidos.
“Não temos algo concreto”, disse Orhan. “Todos esses nomes estão no ar...todas as ligações mostram a inteligência do gendarmerie, mas ainda não há prova concreta e, aparentemente, não haverá nenhuma. O problema é que isso é muito frustrante. Nós conhecemos a história, mas não podemos prová-la”.
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