Portas Abertas • 14 jul 2009
Casos distintos de violência sectária em duas vilas aconteceram no Egito na semana passada, abalando a comunidade copta, enquanto muçulmanos atacaram suas casas e as forças de segurança impuseram toques de recolher em uma tentativa de manter a paz.
Na quarta-feira, 1º de julho, muçulmanos que lamentavam a morte de um menino de 18 anos, Mohamed Ramadan Ezzat, um jovem universitário atacado por um copta dono de mercearia, atacaram casas cristãs com pedras e quebraram as janelas.
Durante a violência pós-funeral, 25 pessoas ficaram feridas depois que muçulmanos enraivecidos atacaram as casas dos coptas. Fontes afirmam que os que atacaram os cristãos eram muçulmanos de bairros vizinhos.
Muitos dos 1.000 coptas cristãos que moram na vila de 4.000 habitantes fugiram ou permanecem trancados em casa com medo que as tensões possam aumentar. Uma organização que visitou o bairro de Kafr El Barbari relatou que não foi possível entrar em contato com os cristãos.
No dia 29 de junho, Ezzat foi até a mercearia de Emil Gerges para comprar refrigerantes. Uma disputa por causa de uma suposta dívida que Ezzat tinha na loja acabou quando o filho de Gerges, John, 20, esfaqueou o muçulmano. Ezzat morreu no hospital no mesmo dia. Depois disso, a família dele atacou e incendiou a mercearia e os apartamentos de Gerges.
Gerges, seus dois filhos e esposa foram presos no dia 29 de junho; a mulher foi liberada por questões de saúde, mas os homens da família continuam presos sob as acusações de homicídio culposo. As forças de segurança emitiram um toque de recolher no bairro, e colocaram um cordão de isolamento para proibir a entrada e saída de moradores.
Apesar de o conflito em Kafr El Barbari ser visto como uma disputa familiar, fontes afirmam que foi logo classificado como violência sectária, aumentando as tensões no país.
“O acontecimento pode passar como um conflito individual, mas há tanta tensão que se qualquer discussão ocorrer entre um cristão e um muçulmano, o bairro inteiro irrompe em conflitos”, diz Samia Sidhom, editora do jornal semanal copta Watani.
Até agora não houve reconciliação entre cristãos e muçulmanos, apesar de terem se encontrado. O pai de Ezzat, em uma declaração feita essa semana, disse que sua família só tem conflitos com os Gerges, e pediu para que as outras famílias cristãs voltem para suas casas. No entanto, ele insinuou que, se o tribunal não vingar a morte de seu filho, ele mesmo vai.
Samia diz que, no geral, há um crescimento nas tensões sectárias no país, porque os elementos islâmicos vêem como um benefício o aumento nas dissensões.
Ibrahim Habib, diretor da United Copts (coptas unidos), afirma: “A polícia é mais do que capaz de controlar qualquer situação que queiram. Isso é proposital. Alguma autoridade na polícia sente que é tempo de os cristãos ‘aprenderem uma lição’, e humilhá-los de acordo com a sharia (lei islâmica), ameaçá-los como dhimmi, cidadãos de segunda classe. Se o governo é sério, é capaz de controlar as coisas.”
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