Judeus não conseguem recuperar sinagogas ou evitar sua destruição

Portas Abertas • 30 jan 2004


Acusando publicamente o presidente Aleksandr Lukashenko de "responsabilidade pessoal por destruição de locais santos dos judeus" na Bielorussia, Yakov Gutman foi detido pela polícia e depois hospitalizado com suspeita de infarte no dia 21 de janeiro, informou ao Forum18 NewsService. Seguindo seu protesto em frente ao prédio administrativo da presidência em Minsk - capital da Bielorussia - no dia 14 de janeiro, Gutman também foi detido pela polícia com a advertência de promover piquetes.

Falando ao Forum18 em Minsk no dia 25 de janeiro, o presidente da Associação Mundial de Bielorussos Judaicos explicou que as autoridades permitiram a demolição de uma sinagoga do século IXX em 2001 para que em seu lugar fosse construido um condomínio de classe alta. O plano de construir um estacionamento em outro local na região central de Minsk impossibilitará a reconstrução de uma sinagoga do século XVI demolida no final da década de sessenta, enquanto que cemitérios israelitas foram arrasados pelas autoridades locais nas cidades de Grodno e Mozyr nos últimos anos.

Em resposta à um grupo de deputados, o ministro da justiça confirmou no dia dois de outurbo de 2002 que o prédio da sinagoga do século IXX estava na lista de patrimônio histórico. No dia 18 de dezembro de 2002, entretanto, o Comitê de Controle Estadual afirmou que a Comissão tinha decidido anular seu status de que o prédio tinha sido uma escola de orações ao invés de uma sinagoga, e que somente sua armação tinha sobrevivido à Segunda Guerra Mundial. O vice-presidente do Conselho Municipal de Minsk anunciou uma licitação aberta para a construção de um estacionamento junto ao local da sinagoga do século XVI devido ao intenso tráfego de automóveis nesta região da cidade.

Gutman argumenta que a sinagoga do século IXX deveria ter sido protegida e que a do século XVI restaurada de acordo com o Artigo 26 da Lei de 1992 de Proteção do Patrimônio Histórico e Cultural, que diz que somente o Conselho de Ministros da Bielorussia estão capacitados a remover o monumento da lista de patrimônios, e somente em casos quando houve danos por desastres naturais ou acidente fica impossível de resconstruir.

Somente nove das noventa e duas sinagogas na Bielorussia voltaram às suas atividades desde 1991, de acordo com o presidente da Associação Religiosa Judáica. Enquanto que Yuri Dorn informou ao Forum18 no dia 21 de janeiro que seis desses voltaram às suas atividades em Minsk, Vitebsk, Pinsk, Kalinkovichi e Borisov, ele descreveu a destruição da sinagoga do século IXX como "terrível" e a situação da restituição geral como "muito preocupante" devido ao fracasso do estado em introduzir uma lei relevante. Ressaltando que a nova lei religiosa de 2002 estipula que as organizações religiosas não possuem prioridade em casos quando um antigo prédio é autalmente utilizado para fins culturais ou esportivos (Artigo 30), Dorn observou que a maioria das sinagogas se encaixa nesta categoria - o que faz com que as autoridades recusem nossos pedidos na maioria dos casos.

Falando ao Forum18 no dia 22 de janeiro, o presidente do Sindicato das Comunidades Religiosas Judáicas na Bielorussia, Eduard Parizh, confirmou que sua organização, que constitui de 15 comunidades, recuperou três sinagogas nas cidades de Minsk, Bobruisk e Grodno. Questionado sobre a demolição da sinagoga do século IXX em Minsk, Parizh comentou que a destruição de todas as sinagogas foi "dolorosa" pois dificultou ainda mais para os judeus seguirem suas tradições religiosas. Sem a permissão de utilizar o transporte parar ir à sinagoga no sábado, ele ressaltou, os judeus dificilmente estão dispostos a andar por duas ou três horas até a sinagoga, "sendo assim, quanto mais sinagogas forem preservadas, melhor." Atualmente, de acordo com Parizh, em dias de grandes festivais, sua sinagoga em Minsk chega a atender a centenas de fiéis.

No dia 21 de janeiro, o chefe da terceira organização judáica, Yakov Basin, disse ao Forum18 que sua Associação Religiosa de Comunidades Judáicas Progressivas possui dezesseis comunidades em treze cidades daquele país, mas sem nenhuma sinagoga para frequentar. "O estado nos informou que não somos herdeiros legais de qualquer sinagoga histórica pois o judaísmo não é tradicional na Bielorussia," explicou. Basin também acrescentou que sua organização pediu para colocar um memorial no local da sinagoga do século XVI em Minsk, mas ainda aguarda uma resposta das autoridades.

No dia 27 de janeiro o presidente do Comitê Estadual para Relações Étnicas e Religiosas, Stanislav Buko, confirmou que a Bielorussia não tinha uma lei na restituição antes de informar ao Forum18 que ele iria emitir uma resposta em escrito dentro de dez dias relacionada às dificuldades com as propriedades dos judeus.

Por Geraldine Fagan, Forum18 NewsService

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