Portas Abertas • 11 ago 2010
No início de agosto, em uma ilha da costa africana onde o governo local restringiu a possibilidade de aquisições de terras aos cristãos, funcionários conspiraram entre os muçulmanos de construir uma mesquita no local onde era planejado uma igreja.
Paulo Kamole Masegi, pastor da igreja evangélica Assembleia de Deus adquiriu a terra em abril de 2007 para a construção de um templo em Mwanyanya-Mtoni, e em novembro daquele ano construiu uma casa que serviu temporariamente de igreja.
Masegi havia decidido utilizar o espaço como casa pastoral quando a igreja fosse construída, mas em 11 de novembro de 2007, sua congregação começou a se reunir lá.
Logo moradores da região se opuseram, dizendo que não gostam de ver igrejas na área, diz o pastor Lucian Mgawa da Igreja de Deus na Tanzânia.
“Este foi o começo da tribulação da igreja”, declara o pastor Mgaywa.
Em agosto de 2009, muçulmanos locais começaram a construir uma mesquita apenas três metros de distância da área da igreja. Em novembro de 2009, o pastor Masegi começou a construir uma estrutura permanente para a igreja. Muçulmanos irados invadiram a construção e destruíram a estrutura, diz o pastor.
Líderes da igreja reportaram a destruição para a polícia, que não tomou nenhuma atitude – além de se recusar a divulgar o relatório criminal para fins judiciais, conta o pastor Masegi. Quando pensou em seguir com o processo, ele diz, o comando superior informou-o que o chefe do distrito policial estava com o relatório criminal, por isso, não estava disponível.
“Então não é possível levar os documentos do processo à corte, porque isso equivaleria a defender o cristianismo", segundo a declaração do chefe de polícia ao pastor Masegi.
Com o chefe do distrito policial negando qualquer possibilidade de uma audiência judicial, a igreja ficou incapaz de prosseguir com planos para construir uma estrutura permanente. Entretanto, a construção de uma mesquita foi bem encaminhada. Foi concluída no final de Dezembro de 2009.
O futuro da construção do templo parecia ter sido selado no início deste ano, quando o comissário do distrito ocidental Ali Mohammed Ali enviou uma notificação ao pastor Maseg, dizendo que ele não tinha o direito de cultuar em uma residência. A carta confirmou a decisão do chefe do distrito policial de Bububu de não processar aqueles que destruíram a fundação da igreja.
“Agora a fé cristã é alvo até mesmo de funcionários do governo”, declara o pastor Masegi. “A região é predominantemente muçulmana, e a tentativa de evangelização é sempre acompanhada de uma resistência brutal”.
Desde a proibição de cultuar em sua casa, a polícia e os muçulmanos locais monitoram cada passo do pastor Masegi, ele declara, e a igreja não tem um lugar para si.
Em Zanzibar, país predominantemente muçulmano sunita, as igrejas enfrentam outros obstáculos. Existem restrições na obtenção de terras para construir igrejas, a pregação aberta é ilegal e há pouco tempo na televisão nacional para programas cristãos. Nas escolas públicas, aulas de religião são limitadas ao islã.
Zanzibar é a designação informal para a ilha de Unguja no Oceano Índico. O arquipélago de Zanzibar foi unido à Tanganica para formar a atual Tanzânia em 1964.
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