Onde está o ditador da Coreia do Norte?

Veja o que pode acontecer com os cristãos se o líder atual, Kim Jong-un, deixar o poder

Portas Abertas • 23 abr 2020


Os membros da família Kim são retratados como deuses à população

Os membros da família Kim são retratados como deuses à população

Diante das constantes notícias da ação da COVID-19 pelo mundo, a rede americana CNN alarmou a todos com a notícia de que o atual líder da Coreia de Norte, Kim Jong-un, estava em situação crítica após ser submetido a uma cirurgia cardíaca. De acordo com o canal de TV, a Agência Central de Inteligência (CIA, da sigla em inglês) e o Conselho Nacional de Segurança estão monitorando a situação do ditador. Desde 2002, o país é campeão em perseguição aos cristãos e, por isso, ocupa a primeira colocação na Lista Mundial da Perseguição 2020.

Como Kim Jong-un é considerado um deus no território e não há liberdade de imprensa, as notícias sobre a família são controladas. “O governo norte-coreano só anunciará más notícias se não houver como negá-las e até agora permaneceu calado sobre a saúde de Kim Jong-un”, explica um porta-voz da Portas Abertas. Em situações semelhantes no passado, as autoridades comunistas respondiam as especulações com mensagens de propagandas. Mas a ausência de uma resposta pode indicar que há algo acontecendo.

Provavelmente, o ditador norte-coreano foi submetido a uma cirurgia cardíaca em um hospital em Hyangsang, em 12 de abril. A recuperação dele deve ser em uma vila próxima à capital, Pyongyang. Tanto o hospital como o vilarejo são de uso exclusivo da família Kim. O site de notícias Daily NK, administrado por norte-coreanos que vivem fora do país, afirmou que vários médicos se dedicam exclusivamente ao cuidado do líder.

Quem substituiria Kim Jong-un?

Toda a liderança atual da Coreia do Norte precisa demonstrar lealdade à família Kim e isto torna o regime dependente dela. Caso Kim Jong-un falecesse, os filhos dele ainda seriam muito pequenos para assumir o controle do país. Logo, apesar da sociedade ser confucionista e liderada por homens, a irmã, Kim Yo-jong, seria a próxima ditadora da nação. Porém, haveria grande chances da criação de uma liderança coletiva, entre a caçula dos Kim e outras figuras políticas, como o vice-marechal Choe Ryong-hae.

O militar norte-coreano é filho de um antigo ministro da Defesa e sempre foi ativo na política, desde jovem. No final dos anos 90, caiu em desgraça diante dos líderes por vender sucata a compradores estrangeiros sem permissão formal. Acredita-se que foi outra irmã de Kim Jong-il, Kim Kyong-hui, que salvou a vida dele. Após a morte de Kim Jong-il em 2011, Choe teve um papel importante em manter a família Kim no poder. Apesar da suspeita da prisão dele em 2014, de alguma forma ele retornou ao poder e hoje é um dos líderes mais importantes do país.  

Kim Yo-jong é a irmã mais nova do ditador atual, e há informações que ela é casada com o filho do vice-marechal Choe. Atua como membro suplente do Politburo (Comitê Executivo do Partido Comunista) e como vice-diretora do Departamento de Propaganda do Partido dos Trabalhadores da Coreia (WPK, da sigla em inglês). Os laços entre ela e o irmão se estreitaram enquanto eles estudavam juntos na Suíça. Nos Jogos Olímpicos de Inverno de 2018 na Coreia do Sul, ela estreou no cenário mundial e foi a primeira pessoa da família Kim a visitar o país vizinho. Kim Yo-jong já participou de uma reunião com o presidente sul-coreano, Moon Jae-in, e foi diplomata durante as reuniões com o presidente americano, Donald Trump.

Qual seria o impacto sobre os cristãos?

Quando Kim Jong-il morreu em 2011, houve conflitos na liderança do país para que o equilíbrio retornasse. O tio, Jang Song-thaek, e o mentor do governador atual foram mortos. “Uma perda repentina de Kim Jong-un, líder supremo, agora provavelmente levaria à revolta e caos, pelo menos no topo”, garante nosso colaborador. Porém, as mudanças sentidas pelos cristãos seriam o aumento de controle social. “Quanto mais fraco o líder, mais precisa exercer a política de punho de ferro para garantir que as pessoas fiquem na linha”, completa.

Ao assumir a liderança do país com menos de 30 anos, Kim Jong-un foi desacreditado por muitos generais e políticos, mas trabalhou sua imagem pública e tentou se parecer mais com o avô; mas, enquanto isso, o controle sobre a população aumentava. “Um novo líder terá que fazer o mesmo, certamente se for uma mulher jovem e aparentemente encantadora. Acreditamos que a situação dos cristãos e outros considerados inimigos do Estado continue frágil”, afirma o analista.

A Portas Abertas não espera mudanças significativas em curto prazo; infelizmente, os seguidores de Jesus deverão ser oprimidos e continuarão a procurar ajuda em projetos executados na China com os cristãos norte-coreanos. “No momento, nossos programas de rádio são uma grande fonte de encorajamento para nossos irmãos e irmãs”, diz o colaborador.

E se o sistema norte-coreano entrasse em colapso?

A China posicionou um exército com 200 mil soldados na fronteira com a Coreia do Norte para futuras intervenções, se necessário. Logo, o país vizinho deve tentar tomar o controle. Mas há uma probabilidade distante da reunificação com a Coreia do Sul, porém, isso seria possível se o sistema de governo falisse e a China abrisse mão de anexar o território. “A China só pode permitir isso se as forças armadas dos EUA retirarem as forças da península coreana ou pelo menos não colocarem tropas ao norte. E qualquer governo não pode ser hostil contra a potência asiática, é claro”, esclarece.

Quando a perseguição aos cristãos acabaria?

Enquanto a família Kim estiver no poder na Coreia do Norte, sempre haverá perseguição aos cristãos. O regime atual acredita que o cristianismo ameaça o poder absoluto, tanto que lançou um filme de propaganda intitulado "O traço da antirrevolução da religião xamânica e da superstição religiosa". Ele é utilizado para doutrinar a população e alertar sobre o perigo que os cristãos secretos oferecem.

Sobre nós

A Portas Abertas é uma organização cristã internacional e interdenominacional, fundada pelo Irmão André, em 1955. Hoje, atua em mais de 60 países apoiando cristãos perseguidos por causa da fé em Jesus.

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