Portas Abertas • 23 mar 2022
A conversão de mulheres de origem muçulmana causa pressão e violência da família (foto representativa)
Liderar uma igreja no Norte da África é uma tarefa árdua, assim como em qualquer outro lugar do mundo. Porém, há um desafio maior em discipular cristãos de origem islâmica. Além de serem perseguidos pelas famílias, comunidade e autoridades, os recém-convertidos têm uma forte influência dos valores e princípios da cultura muçulmana.
O pastor Salah da Argélia faz uma analogia com a Bíblia: “Levou alguns dias para tirar o povo de Israel do Egito, mas levou décadas para tirar o Egito de suas cabeças”. Por isso, o discipulado é essencial para que eles aprendam e se apropriem dos novos padrões bíblicos no cotidiano. O líder cristão trabalha em uma grande igreja em Tizi Ouzou, que foi fechada e selada pelo governo. Mas continua se reunindo em pequenos grupos.
Pastorear cristãos de origem muçulmana exige coragem e algumas denominações tentam se manter distantes dessa polêmica, para não enfrentar uma hostilidade do governo com forte influência islâmica. Mas esse não é o caso do pastor Salah, que lidera homens e mulheres igualmente para serem discípulos de Jesus.
O líder argelino reconhece que as mulheres cristãs são mais vulneráveis à perseguição, pois elas não têm a escolha de sair de casa sem que a reputação seja manchada. “Há casos em que as mulheres ficam presas em suas casas. O contato com pessoas de fora é proibido e muitas vezes o celular é retido. Elas acabam isoladas, em uma situação terrível”, explica.
Nesse momento, o envolvimento do corpo de Cristo na situação é essencial. “Quando de alguma forma conseguimos entrar em contato com a mulher, a incentivamos a investir no relacionamento com os pais e os demais familiares em casa. Quando há uma relação de amizade e confiança, isso melhora a situação. Algumas irmãs da igreja tentarão construir um relacionamento com a família. Normalmente leva tempo, mas uma solução virá”, garante.
Segundo o pastor Salah, a maioria das famílias de mulheres recém-convertidas são mais rígidas no início. Mas quando a cristã mantém um bom relacionamento, as medidas restritivas impostas são flexibilizadas. “Acredito que muitas vezes as famílias respondem com tanto rigor, porque temem as reações de seus vizinhos e da sociedade”, acrescenta.
Porém, a situação muda quando a mulher é casada: “Os maridos às vezes ameaçam as esposas de perderem tudo, o casamento e o direito de ver os filhos”. Há casos em que os divórcios acontecem e a lei argelina fica ao lado do esposo muçulmano. Por isso, algumas vivem a fé em segredo.
Para o pastor Salah, os casos extremos de perseguição às mulheres casadas aconteciam com mais frequência entre 2006 e 2012. “Acho que isso tem a ver com a atitude dos homens. Eles estão mais conscientes e também veem menos pressão da sociedade, especialmente na região de Kabyle”, finaliza.
A situação das meninas e mulheres cristãs no Norte da África é delicada. Elas precisam de encorajamento e apoio para assumirem a nova identidade que receberam em Jesus. Doe e ajude uma irmã a ter acesso a pastoreio e treinamento.
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