Portas Abertas • 6 ago 2015
Dois pastores do Sudão do Sul em julgamento no Sudão, acusados de, entre outras coisas, “espionagem”, foram libertos pelo juiz Ahmed Ghaboush, da Corte Central de Cartum do Norte. Caso tivessem sido condenados por isso, poderiam ter enfrentado a pena de morte. Yat Michael tinha ido a Cartum levar seu filho para um tratamento médico quando foi preso em 14 de dezembro de 2014, após ser convidado a pregar em uma igreja local durante sua estadia. Peter Yen foi preso em janeiro deste ano, quando ele foi à cidade perguntar sobre o paradeiro de Michael. Os dois homens foram então dados como desaparecidos até as autoridades sudanesas revelarem que eles estavam sendo mantidos na prisão por “crimes contra o Estado”.
Culpados em algumas coisas, mas libertos devido ao tempo de serviço
A agência de notícias alemã DPA divulgou que o juiz considerou Yat Michael culpado de uma “perturbação da paz” (artigo 69) e Peter Yen (também conhecido como David Reith) culpado de “gerenciar uma organização criminal ou terrorista” (artigo 65). Mas o juiz ordenou a soltura de ambos por eles terem cumprido a pena de oito meses de prisão por esses crimes.
Especialistas disseram que possivelmente eles seriam condenados por acusações mais graves. A sensação era de que o juiz estivesse sob pressão para equilibrar expectativas locais em apoiar os princípios da Sharia, lei islâmica, com adesão dos padrões internacionais de direitos humanos. Familiares disseram à Radio Tamazuj, um serviço de transmissão online independente no Sudão e no Sudão do Sul, que estavam muito satisfeitos.
A última vez que os pastores estiveram na Corte foi em 23 de julho, quando a equipe jurídica apresentou suas alegações finais por escrito. Observadores de algumas embaixadas estrangeiras estiveram presentes naquele dia. Um oficial do Ministério da Justiça sudanês disse a um dos advogados dos pastores que a extensão do interesse externo levara o governo a ter um interesse particular no caso. Thabith Al Zubir, um dos advogados de defesa dos pastores, pediu ao juiz para deixar o caso, pois a defesa tinha recusado todas as acusações feitas contra os dois homens, e porque não havia evidências claras contra eles.
Presos “ilegalmente”
Os advogados de defesa também argumentaram que seus clientes tinham sido presos ilegalmente pelo Serviço de Inteligência e Segurança Nacional (NISS). Eles alegaram que o Pastor Yat Michael não violou as leis do Sudão quando pregou em uma igreja local no dia 14 de dezembro, porque ele estava apenas realizando seu dever como um pastor. “Instruir os cristãos a serem zelosos com sua igreja não é um insulto contra Deus,” disse um dos advogados, se referindo à prisão realizada pelo NISS, prendendo Yat Michael após seu sermão em uma igreja no norte da capital sudanesa.
A equipe de defesa chamou duas testemunhas
Um deles, ex-general do exército, testemunhou que os mapas apresentados pela acusação estavam disponíveis para os civis; portanto, a acusação de espionagem contra os pastores era sem fundamento. A outra testemunha era um especialista em TI, que testemunhou o quão fácil teria sido para os outros plantar documentos nos computadores dos homens sem seu conhecimento.
Pressão enfrentada pelos cristãos
Essa não é a primeira vez que o governo sudanês tentou reprimir essa igreja local de Cartum. Em 2 de dezembro de 2014, a igreja foi invadida por policiais, que chegaram em seis carros de patrulha. Eles bateram em um número de manifestantes pacíficos com tubos e varas de água e prenderam 38 membros da igreja.
Yat Michael foi preso depois de pregar nessa igreja duas semanas após a invasão da polícia e demolição parcial da igreja. Durante seu sermão, ele condenou a controversa venda do terreno da igreja e da propriedade, e o tratamento dado aos cristãos no Sudão. A detenção, encarceramento e julgamento prolongado de Yat Michael e Peter Yen ilustram a pressão que os cristãos enfrentam na região, predominantemente muçulmana. Por isso, agradeça a Deus por mais esse livramento desses irmãos, mas não deixe de interceder pelos cristãos sudaneses.
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