Portas Abertas • 15 jan 2004
Quando Nájua finalmente foi para o seu apartamento, as reuniões passaram a ser feitas lá. Mas era difícil manter os encontros dentro de casa, porque todos tinham medo uns dos outros por causa da espionagem que havia na época do comunismo. A partir daí surgir a necessidade de fazer os cultos em um espaço público, para que mais albaneses pudessem participar. Então foi alugado o Teatro das Bonecas, onde mais vidas puderam ser alcançadas.
A idéia de oficializar a abertura de uma igreja veio logo depois. Nájua convidou John Quanrud, um amigo e irmão norte-americano para participar da organização do projeto. Eu fui a casa dele e falei: Você quer organizar a igreja comigo? Ele aceitou a idéia e formamos uma equipe. Mas eu já tinha muitos crentes, então quando começou a igreja foi com as pessoas que eu já tinha conquistado para Jesus, lembra Nájua.
A Palavra de Deus começa a ser espalhada entre o povo
Nájua foi a primeira evangélica que depois de começar a pregar na Albânia e que continuou no país depois desta abertura.
Desde os anos 1970, muitos evangélicos visitaram a Albânia para orar e em 1991 quando foi aberta esta Nação, houve uma campanha evangelística em Tirana, onde participaram muitas missões, da qual surgiu uma igreja com quarenta convertidos. Foi celebrado o primeiro batismo e o missionário norte-americano Von Golder assumiu este trabalho.
Em outubro de 1991, Nájua iniciou a Igreja Evangélica Emanuel de Tirana, junto com John Quanrud.
Enquanto isso em Korçë, no sul da Albânia, um missionário começou uma outra igreja. Lá ele encontrou quatro remanescentes da Igreja Batista, fundada pelos missionários da família Kennedy, antes da 2ª Guerra Mundial.
Contando com o apoio dos irmãos ao redor do mundo
Por causa das fortes instabilidades sociais decorrentes da queda do regime comunista, cristãos de vários países do mundo que já oravam pela Albânia há bastante tempo começaram a se reunir, em especial na Suécia e na Holanda para mandar ajuda social e espiritual para os cristãos albaneses.
A participação de Portas Abertas foi na elaboração da primeira Bíblia em albanês moderno. Já existia uma Bíblia em albanes, mas não na linguagem moderna. Inclusive, em 1992 o Irmão André foi até a Albânia para o lançamento desta nova Bíblia no país. No filme Os Primeiros 40 anos você pode ver o Irmão André entregando oficialmente um exemplar desta Bíblia ao primeiro presidente do novo regime.
O Irmão André foi o principal pregador na primeira Campanha Evangelística albanesa, em julho de 1991. Mais de 120 pessoas de diversas missões ajudaram na organização deste evento, sendo Nájua Diba uma das colaboradoras.
Força espiritual para quem não tem nenhuma perspectiva
Sobre a facilidade de aceitar ou não o Senhor, no começou havia muito entusiasmo por parte dos albaneses. Eles interessavam-se pela literatura cristã, mas na verdade era muito difícil para os albaneses entenderem coisas espirituais porque no comunismo, no materialismo dialético (na Albânia era o marxismo-leninismo), eles pregavam muito que não havia Deus ou vida depois da morte.
Então a população albanesa almejava ter saúde para viver o máximo, já que não havia nada depois disso. Após muitos anos ouvindo a mesma coisa eles não tinham nenhuma referência mental para poder entender o espiritual, muita gente tropeçava neste ponto para aceitar a proposta de vida eterna com Deus.
Ainda hoje uma grande parte da sociedade tem esta dificuldade.
A igreja evangélica cumpre o seu papel na Albânia
O comunismo entrou na Albânia depois da 2ª Guerra Mundial, em 1945. Depois da queda do comunismo, o governo só considerou como religiões oficiais do país o islamismo, o catolicismo romano e a Igreja Ortodoxa Cefalica Albanesa.
Há muitas restrições quanto à igreja evangélica. Isso porque oficialmente ainda não é aceita como igreja na Albânia, só como fundação. Mas como fundação tem um leque enorme de possibilidades que é muito maior que o leque da religião. E deste ponto de vista é até melhor ser fundação, segundo Nájua Diba.
Informações cedidas por Nájua Diba, missionária brasileira vinculada à Missão Antioquia
Entrevista a Portas Abertas, dia 17 de novembro de 2003
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