Acadêmica iraniana que vive nos EUA fala do futuro de seu país

Portas Abertas • 20 out 2007


O jornal “Folha de S.Paulo” publicou no dia 1º do mês uma ampla entrevista com a iraniana Haleh Esfandiari, 67, presa por mais de três meses em Evin (Teerã), na qual conta como enfrentou interrogatórios diários e como foi sua vida nesse período. Diretora do programa para o Oriente Médio do prestigioso Wilson Center, em Washington, ela ouvia de seus interrogadores que era uma espiã a serviço do governo norte-americano, enviada ao país para organizar uma "revolução de veludo" e diz que qualquer mudança na sociedade “terá que vir de dentro do próprio país”.

A acadêmica acabava de visitar a mãe no Irã e se dirigia ao aeroporto, quando foi "supostamente assaltada", como diz, e teve os documentos roubados. Ao tentar tirar passaporte novo, foi presa, em 8 de maio.

Seus interrogadores diziam que ela era uma espiã a serviço dos EUA e que tinha ido ao país organizar uma "revolução de veludo", incitar a oposição ao regime dos aiatolás a mudar o governo. "Eu nunca tinha ouvido esse termo", disse ela à Folha, recém-chegada a Washington, onde mora e trabalha e para onde voltou depois de 105 dias presa.

Folha - A sra. nunca foi acusada oficialmente, mas membros do governo iraniano afirmaram que a sra. estava organizando uma "revolução de veludo" lá. Estava?

Haleh
- Quando os interrogadores usaram essa expressão pela primeira vez, eu não tinha a menor idéia do que estavam falando. De verdade.

Eu disse: "Revolução de veludo? O que é isso?". Eles acharam que eu estava sendo sarcástica ou irônica. Quando viram que não, me deram os exemplos da Ucrânia e da Geórgia. Respondi: "Mas pensei que a da Ucrânia era a Revolução Laranja".

Folha - Ainda assim, a sra. vê lugar para uma mudança de regime desse tipo no Irã?

Haleh - Não, não uma revolução com envolvimento de agentes externos. Se houver uma mudança no Irã, será como aconteceu no período de Khatami : uma abertura da sociedade vinda de dentro do próprio país, e não uma mudança de regime.

Se você estudar a história da Revolução Islâmica, verá que houve certa abertura sob Rafsanjani , então uma maior com Khatami, uma unidade maior dos grupos diferentes e até uma unidade no país.

Mas é um ciclo, abertura, recrudescimento, abertura. Assim, creio que a mudança virá de uma abertura, mais do que de uma mudança drástica.

Folha - Seu caso serviu também para reviver a crítica que se faz ao governo norte-americano de se utilizar de organizações para promover mudança de regime, as tais "revoluções de veludo". Qual sua opinião?

Haleh - Eles acreditam sinceramente -pelo menos os meus interrogadores do Ministério de Informação, não sei quanto ao resto do governo iraniano- que, se o governo norte-americano não quiser mais ou não puder fazer ou não tiver mais interesse em um ataque militar ao Irã, procurará a mudança de regime via a chamada "revolução de veludo".

E que o instrumento para isso seriam os "think tanks", as fundações, as universidades, as conferências que são organizadas no exterior e nos EUA.

Eles acham que qualquer pessoa que contribua com um "think tank" ou com uma universidade tem uma intenção oculta. Eles realmente acreditam que esses lugares, incluído o Wilson Center, são instrumentos do governo dos EUA.

Leia a íntegra desta entrevista, no UOL

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