Portas Abertas • 9 ago 2005
"Harderwijk, 2000* . Completei setenta e dois anos em 2000. Eu havia trabalhado desde 1955 no fortalecimento da igreja em situações difíceis, primeiro na ex-União Soviética e Leste Europeu, depois na China, Cuba, África e muitas partes do mundo islâmico.
Em 1993, Johan Companjen assumiu a presidência de Portas Abertas.
Ele era talhado para a função, e o ministério prosperou e cresceu. Eu nunca havia sonhado em começar, muito menos em administrar, uma grande organização e, quando fiquei livre daquelas responsabilidades diárias, concentrei meus esforços em umas poucas áreas-chave do mundo, particularmente no Oriente Médio.
Agora Al, um escritor profissional que trabalhou no quadro de diretores da nossa sede nos Estados Unidos, estava sentado com Johan em meu escritório pedindo que eu dissesse o que havia aprendido nos quarenta e cinco anos de serviço à Igreja.
Primeira lição
― Nada foi planejado -- expliquei. -- Eu encontrei oportunidades por acaso e as agarrei. Ou elas me agarraram. De que outra forma eu poderia explicar meu trabalho com Bishara Awad e a Faculdade Teológica de Belém, ou as iniciativas de fazer contato com grupos fundamentalistas islâmicos?
Essas coisas não se planejam. Responde-se a elas em obediência quando Deus abre as portas. O que eu havia aprendido? Bem, havia algumas lições importantes. Falei uma delas:
― Não existem terroristas, existem apenas pessoas que precisam de Jesus.
Johan me ouvira dizer essas coisas muitas vezes, mas para o meu amigo americano, a declaração foi um choque.
― Falo sério -- continuei -- se eu os vejo como inimigos, como posso me aproximar deles? Tenho sempre dito que, se você vê um terrorista com uma arma, fique junto dele, coloque o seu braço em torno dele, e ele não poderá atirar em você. Enquanto enxergarmos qualquer indivíduo -- muçulmano, comunista, terrorista -- como inimigo, o amor de Deus não poderá fluir por nosso intermédio para alcançá-lo. Todos nós temos a escolha. Posso ir até os terroristas e, amando-os, trazê-los ao Reino. E, no momento em que os amo, eles não são mais meus inimigos. Não se odeia um amigo. Al me perguntou:
― Então quem é o inimigo?
― O diabo! Nunca as pessoas!
Quando Al meditou nessa idéia radical e bíblica, passei-lhe uma segunda lição..."
Trecho das páginas 228 e 229 da edição brasileira de Força da Luz, mais recente livro do irmão André, fundador e presidente emérito de Missão Portas Abertas. A outra lição será apresentada em 16 de agosto.
Douglas Monaco
Secretário Geral Portas Abertas Brasil
*Harderwijk é a cidade em que, até hoje com 77 anos, mora o irmão André.
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