Portas Abertas • 3 jan 2023
Um milhão de pessoas tornaram-se deslocadas internas por causa dos extremistas
No dia 30 de dezembro de 2022, membros do Estado Islâmico mataram duas pessoas e feriram outras quatro na área rural do estado de Cabo Delgado, em Moçambique. Imagens de casas incendiadas na vila de Namande foram publicadas nas redes sociais dos extremistas. Na publicação, eles assumiram a responsabilidade pelos ataques à “vila onde os cristãos moram”.
“Estávamos preparando o jantar quando ouvimos os tiros. Percebi que eram os terroristas, avisei minha família e fugimos”, disse em entrevista um morador da vila atacada. Forças do governo organizaram várias operações para parar os jihadistas em Namande, mas os confrontos continuaram noite a dentro, forçando as pessoas a fugirem do local.
A província de Cabo Delgado está enfrentando uma insurgência armada desde 2017, com muitos ataques do grupo Estado Islâmico que geraram um milhão de deslocados internos, na maioria cristãos, e quatro mil mortes. A crise ocupou as primeiras páginas dos jornais locais em março de 2021, quando jihadistas atacaram a cidade de Palma, no Norte de Moçambique, onde fica a sede de um projeto de extração de gás da empresa multinacional francesa TotalEnergies.
Os extremistas controlaram a região por um pequeno período de tempo, mas depois do ataque de março de 2021, o exército moçambicano recebeu apoio de cinco mil soldados da Comunidade Africana para o Desenvolvimento (SADC, da sigla em inglês), conseguiu derrotar o grupo e reconquistar a segurança na cidade e nas redondezas.
Como a província de Nampula não é uma região economicamente relevante, ela se tornou o novo alvo dos extremistas. Um relatório da ONU mostrou que sete cidades no estado de Cabo Delgado sofreram ataques, gerando 49.226 deslocados internos, sendo mulheres e crianças a maioria deles. As missões cristãs são os principais alvos dos jihadistas.
O último ataque na sexta-feira passada evidencia a crise sociopolítica que o Norte de Moçambique está vivendo. A Portas Abertas continua as atividades no país por meio de parceiros locais. Em 2022, distribuímos alimento para os cristãos cujas necessidades não foram plenamente atendidas pelo Estado.
Muitas famílias muçulmanas estão confusas e surpresas com a situação, já que a maioria dos jihadistas são jovens muçulmanos do país. Ou seja, repentinamente, essas famílias veem filhos, irmãos e parentes se tornando extremistas e realizando ataques.
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