Portas Abertas • 27 mai 2019
Após ação dos advogados, dezenas de cristãos inocentes foram liberados da prisão em Kiamaiko
Há alguns dias, notificamos sobre 5 ataques a igrejas no Quênia, destacando um possível vínculo desses conflitos com o período do Ramadã. Isso porque, durante este período sagrado para os muçulmanos, muitos radicais acreditam que os “ataques feitos durante o Ramadã têm uma grande recompensa”, conforme explicou um xeique local. Contudo, esse episódio acabou se intensificando, e ocasionou a prisão de cristãos e muçulmanos.
Segundo testemunhas, tudo começou quando policiais confiscaram um gerador que os muçulmanos usavam para conduzir um debate público, após receberem uma denúncia de distúrbios sonoros. Um pastor local, que permanece anônimo por razões de segurança, disse à Portas Abertas que jovens muçulmanos organizaram uma manifestação contra a ação policial, os quais foram dispersados com gás lacrimogêneo. A multidão, então, começou a atacar igrejas e destruir outras propriedades. Carros e outros pertences de cristãos também foram incendiados.
Na sexta-feira (17), jovens cristãos se reuniram para proteger uma igreja, enquanto jovens muçulmanos faziam o mesmo nas mesquitas. Naquela noite, a polícia prendeu os integrantes dos dois grupos. Já na segunda-feira seguinte, os 115 jovens cristãos e os 23 muçulmanos presos foram levados ao tribunal, acusados de causar distúrbios em Kiamaiko. A Organização Christians Fellowship, do Quênia, então, criou uma força-tarefa com quatro advogados representando os irmãos.
Os advogados conseguiram garantir, além da libertação dos menores de 15 anos, também a soltura de 84 cristãos. No entanto, 31 deles ainda permanecem sob custódia. A promotoria adiou o caso por 6 meses, enquanto aguarda a sustentabilidade da paz na área entre os grupos, a formação de comitês de paz e a cooperação em futuras investigações para encontrar os verdadeiros causadores dos ataques.
Apesar dos avanços, a tensão permanece alta na área e várias famílias cristãs fugiram com medo de mais retaliações, depois que um grupo de muçulmanos os ameaçou. O governo queniano e a mídia local foram cuidadosos ao lidar com o assunto, chamando-o de étnico ou referindo-se aos cristãos como "um grupo" e aos muçulmanos como "outro grupo". Dessa forma, eles tentam evitar que o conflito se transforme em uma crise religiosa no país.
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