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Nos últimos dez anos, o Quênia tem enfrentado aumento nos ataques do grupo extremista Al-Shabaab, um dos mais letais da África. Essa situação colocou os cristãos, especialmente os de origem muçulmana nas regiões nordeste e costeira, sob constante ameaça de violência, não apenas por parte de militantes, mas também da própria família. Muitos optaram por se mudar para áreas mais seguras, como Nairóbi, fragmentando ainda mais comunidades já vulneráveis.
Embora a violência do Al-Shabaab tenha como alvo tanto as forças de segurança quanto civis, para o grupo, essas vítimas muitas vezes servem como obstáculos a serem removidos antes de alcançar seus alvos principais: os cristãos. Seu foco inabalável em atacar cristãos causou um êxodo em massa de prestadores de serviços essenciais, como professores e profissionais de saúde, da região nordeste do país.
O aumento dos ataques, aliado a uma cultura local de corrupção e crime organizado que não pune a perseguição religiosa, amplifica o clima de medo e insegurança para os cristãos, que acham o Nordeste do Quênia cada vez mais perigoso para viver.
MUNAH, CRISTÃ PERSEGUIDA NO QUÊNIA
Nas regiões de maioria muçulmana do Quênia, mulheres e meninas cristãs enfrentam múltiplas formas de perseguição. Embora a Constituição estabeleça a igualdade de gênero, práticas culturais em algumas tribos (como ritos de purificação, herança de viúvas, mutilação genital feminina, casamento precoce e poligamia) deixam as mulheres cristãs em maior risco de perseguição se elas contestarem essas práticas.
Viúvas podem ser deserdadas e expulsas de casa se rejeitarem os rituais funerários tradicionais. Além disso, a falta de implementação efetiva da Constituição causou crescente insatisfação entre a população queniana.
Na região norte, mulheres e meninas cristãs continuam enfrentando assédio e rejeição social. Mulheres e meninas são forçadas a cumprir um código de vestimenta islâmico. Se não o fizerem, podem ser expulsas da escola, assediadas e ameaçadas. Relatando a escalada dessa discriminação, um especialista local explicou que ela é generalizada em todas as escolas públicas de Merti, no condado de Isiolo. “Nessas escolas, todas as meninas, independentemente de sua fé e crença, devem usar o traje muçulmano completo. Alunas cristãs são discriminadas, maltratadas e agredidas por alunos muçulmanos e, se denunciados, nenhuma ação é tomada.” Mulheres casadas que se recusam a usar certos adornos culturais também são banidas.
Nas comunidades tradicionais, as mulheres são consideradas como tendo o mesmo status social que as crianças. As rígidas regulamentações que seguem essa categorização, incluindo não poder administrar um negócio, exceto a mando do marido e em seu nome, colocam as mulheres em desvantagem econômica. Para as mulheres que trabalham, a violência e o assédio contra elas permanecem constantes, particularmente no setor informal.
As mulheres cristãs são atraídas para se casar com homens muçulmanos e ter filhos muçulmanos. As chances de conversão ao islã depois que uma menina se casa com um muçulmano são grandes. Além disso, relatos sugerem que empregadas domésticas cristãs correm alto risco de assédio e abuso sexual.
As cristãs de origem islâmica enfrentam várias formas de pressão. A primeira medida tomada é isolá-las da comunidade cristã e colocá-las em prisão domiciliar. Se casadas, correm o risco de perder a custódia dos filhos e serem obrigadas a divorciar. Se solteiras, especialmente jovens, enfrentam a probabilidade de um casamento forçado – geralmente com um homem muçulmano muito mais velho.
Meninos e homens cristãos na região nordeste enfrentam maior perigo de agressão física, sequestro e execução por parte de muçulmanos radicais e de grupos extremistas, como o Al-Shabaab. De acordo com um especialista do país, os homens são principalmente alvos e mortos em ataques de militantes islâmicos. Embora os casos sejam raros, os homens também são mais propensos a serem presos por sua fé com acusações falsas ou exageradas.
Homens e meninos também enfrentam ameaça de isolamento e condenação social quando vão contra as normas culturais. Aqueles que se opõem a práticas culturais negativas em algumas tribos (como ritos funerários, casamentos precoces e poligamia) enfrentam vários níveis de perseguição. Suas famílias não são aceitas na comunidade ao se converterem ao cristianismo, pois são consideradas “amaldiçoadas”, “fracas” ou “não são de homens de verdade”.
Um especialista do país acrescenta: “Nas religiões tradicionais africanas, os homens precisam agradar seus pais para obter uma boa herança, especialmente os que não são primogênitos. As comunidades pastoris como maasai, samburu e pokot normalmente preferem o estilo de vida poligâmico para um homem. Elas também preferem quando um homem se casa com alguém de sua comunidade. Quando um homem cristão se casa com uma mulher cristã de outra comunidade, os anciãos ainda insistem que ele tenha uma segunda esposa de sua própria comunidade. Isso coloca uma pressão imensa sobre o homem e, nos casos em que ele não atende a esse pedido, normalmente é deserdado e não recebe uma boa herança”.
Há também relatos de que cartéis organizados mobilizados por líderes muçulmanos usam meninas muçulmanas para atrair cristãos para armadilhas. Pastores e líderes cristãos que vivem em regiões dominadas pelo islamismo enfrentam antagonismo étnico, insultos e rejeição por causa de sua fé, incluindo falsas acusações.
De acordo com uma fonte, “pastores, líderes cristãos e suas famílias que trabalham no Nordeste do Quênia e outras áreas dominadas por muçulmanos têm sido alvos especiais de grupos terroristas e, na maioria dos casos, esses líderes e suas famílias são sequestrados por gangues terroristas que exigem resgate por sua libertação”.
Líderes cristãos que falam contra atividades ilícitas, como tráfico de drogas e cultivo de khat, também foram impedidos de entrar ou passar por certos territórios de gangues. Vários pastores foram ameaçados e até mesmo intimados a parar de pregar, forçando muitos a fugir. Certos membros do parlamento no Condado de Migori também supostamente patrocinam gangues para ameaçar e intimidar líderes cristãos na região.
Homens convertidos são impedidos de conviver com filhos, principalmente em casos em que um filho é muito jovem. Esposas de convertidos também são dadas em casamento a outros homens por seus familiares. Cristãos de origem muçulmana também podem ter seus direitos de herança negados, colocando-os em uma posição financeira difícil. Como os homens são os principais provedores no Quênia, isso também afeta sua família extensa e todos os dependentes.
Além de orar por eles, você pode ajudar de forma prática doando para o projeto da Portas Abertas de apoio aos cristãos perseguidos que enfrentam maiores necessidades.?
O termo “tipo de perseguição” é usado para descrever diferentes situações que causam hostilidade contra cristãos. Os tipos de perseguição aos cristãos no Quênia são: opressão islâmica, opressão do clã, corrupção e crime organizado.
Já as “fontes de perseguição” são os condutores/executores das hostilidades, violentas ou não violentas, contra os cristãos. Geralmente são grupos menores (radicais) dentro do grupo mais amplo de adeptos de uma determinada visão de mundo. As fontes de perseguição aos cristãos no Quênia são: grupos religiosos violentos, cidadãos e quadrilhas, parentes, líderes religiosos não cristãos, redes criminosas, líderes de grupos étnicos e oficiais do governo.
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