Portas Abertas • 31 mar 2022
Líderes de igrejas unidos em oração na cidade de Kryvyi Rih, na Ucrânia
Em ambos os países, Ucrânia e Rússia, a Igreja Ortodoxa tem uma forte presença. Uma grande diferença entre a situação atual na Ucrânia e nos dias da ocupação soviética, é que a Rússia do presidente Vladimir Putin não é um estado ateísta. Na realidade, com objetivo de afirmar seu nacionalismo, Putin tem se aproximado da Igreja Ortodoxa Russa nos últimos anos.
Apesar disso, líderes da Igreja Ortodoxa com frequência desaprovam a presença de outras denominações, incluindo batistas e católicos romanos, em uma região que consideram deles por direito. Há também sentimentos de desconforto na Ucrânia, já que a Igreja Ortodoxa Russa está presente ali há mais de mil anos. Entretanto, ela tem uma rival.
A Igreja Ortodoxa Ucraniana está presente há aproximadamente 500 anos. E em 2018, ela foi oficialmente reconhecida pelo Patriarcado Ecumênico de Constantinopla como uma igreja ortodoxa legítima em seu próprio direito, finalmente cortando laços com o patriarcado de Moscou. A relação entre as duas vertentes do cristianismo ortodoxo não é cordial, como Alan Hall, que foi presidente de desenvolvimento internacional da Portas Abertas na época da Cortina de Ferro, relembra. “Eu posso dizer que na minha experiência durante aqueles anos, não havia amor entre as Igrejas Ortodoxas Russa e Ucraniana”, ele explica.
De acordo com um analista da perseguição da Portas Abertas, isso pode causar problemas. O que pode acontecer se a Ucrânia entrar no domínio russo novamente é a Igreja Ortodoxa Ucraniana estar sob pressão para se unir a Moscou. Entretanto, ele não acredita que a Igreja Ortodoxa Russa mantenha a mesma influência atualmente na Rússia como nos dias czaristas. Os 70 anos de comunismo ateísta eliminaram muito da antiga influência que a Igreja Ortodoxa Russa mantinha sobre órgãos estatais. Além disso, Putin nunca a reconheceu como igreja oficial do Estado.
Apesar de tudo, a atual invasão parece levar ambas vertentes ortodoxas, junto com toda a igreja de Cristo na Ucrânia, a se unir mais. Declarações das Igrejas Ortodoxas Russa e Ucraniana condenaram a invasão. A Igreja Ortodoxa Grega e a Igreja Católica Romana disseram a mesma coisa. Os batistas pediram oração. Todos estão de acordo nisso - nenhuma comunidades cristã apoia Moscou.
Um assunto sobre o qual não há um acordo oficial é com relação a como os cristãos ucranianos devem reagir à invasão. Os cidadãos comuns estão pegando armas e coquetéis Molotov, mas qual papel os cristãos devem desempenhar? “Nós precisamos urgentemente de oração para que os cristãos da Ucrânia ouçam a voz do Senhor. Que eles recebam direção e sabedoria nessa situação e permaneçam firmes, espalhando o evangelho apesar de tudo que está acontecendo ao redor deles”, afirma Alan.
O pastor Victor Punin, que atua em Kiev, disse que a maioria dos cristãos que conhece está evitando qualquer confronto violento. “Eu diria que a maioria deles não gostaria de pegar uma arma ou matar outros. Eles prefeririam deixar a Ucrânia”.
Alan afirma ainda que, apesar de a igreja ter se livrado da perseguição soviética em 1990, seu compromisso apaixonado com o evangelho não foi apagado pela relativa facilidade das décadas seguintes. “Eu acho que as pessoas permanecerão na fé e, não importa se são novas ou velhas, a igreja permanecerá. Ela crescerá e continuará vivendo suas convicções cristãs”.
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