Portas Abertas • 29 mar 2022
Cristãos da Ucrânia reunidos em momento de oração em centro comunitário na cidade de Kryvyi Rih
Quando a Cortina de Ferro caiu, em 1990, e novas igrejas começaram a ser plantadas, houve uma certa falta de unidade em muitas partes. Com o conflito atual que assola a Ucrânia, embora seja difícil para os cristãos se encontrarem pessoalmente, foi anunciado que todos deveriam orar juntos. “Nós oramos ao meio-dia com todas as denominações”, diz o pastor Victor Punin, que atua na capital, Kiev. De acordo com um pastor amigo de Victor, Keith Daniel, a igreja ucraniana é uma igreja de oração.
Apesar disso, é fácil perder o significado das palavras: “todas as denominações” usadas por Victor ao falar sobre os encontros de oração. “Os evangélicos carismáticos eram vistos, em sua maioria, pelos ortodoxos como pessoas com ideias estranhas”, relembra Keith. Havia também desconfiança entre pentecostais e igrejas carismáticas recém-plantadas. Entretanto, tudo mudou. E foi outra crise que possibilitou a maior mudança nas atitudes dos cristãos.
“Evangélicos sempre foram vistos como uma sombra das igrejas ortodoxas. Mas desde que a guerra começou na região de Donbas, em 2014, eles passaram a se destacar, por estarem muito ativos no auxílio à comunidade. As pessoas começaram a reconhecer que eles eram verdadeiros cristãos. O Senhor está quebrando barreiras denominacionais e isso é uma coisa linda. Agora, há um respeito uns pelos outros. Em nossa cidade, eles têm encontros regulares, comem e oram juntos. Passamos a ver o coração uns dos outros. As diferenças entre as denominações caíram. Todo cristão ora com a mesma atitude”, afirma Victor.
Os atos conjuntos de oração e serviço são ainda mais impressionantes ao considerar o quão difícil é para as igrejas se manterem funcionando na caótica circunstância atual. “Nós não podemos realizar nenhum culto de domingo e também não conseguimos bancar o pagamento da nossa equipe”, disse Victor. “Então, toda adminstração de igreja entrou em colapso. Muitos nas nossas congregações optaram por fugir de Kiev ou até mesmo da Ucrânia. A igreja, na parte administrativa, não está mais atuando, mas como corpo relacional, estamos.
“Toda manhã, entramos em contato com cada pessoa da igreja, perguntando como está, se está segura, se está tudo bem. Nós focamos em servir e encorajar uns aos outros. Atualmente, onze pessoas estão se abrigando em nossa casa”.
Quando questionado sobre como as pessoas de sua congregação que ficaram no país se sentem, Victor respondeu: “Esse é outro milagre. Há paz e calma nas pessoas com quem estou em contato. Eu tenho visto estabilidade nos membros da igreja e muita disposição para fazer algo. É claro, sempre tem aqueles que preferem se salvar primeiro. Mas estou surpreso com quantos estão prontos a realmente sacrificar algo pelos outros”.
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