Portas Abertas • 12 mar 2015
Os jovens – de 5 a 18 anos de idade – foram encontrados em novembro, em um acampamento no vizinho Camarões. Elas não falam inglês, francês ou idiomas locais, segundo Christopher Fomunyoh, diretor do Instituto Democrático Nacional (NDI), organismo sediado nos EUA.
O Boko Haram, que tem origem na Nigéria – o décimo país onde os cristãos são mais perseguidos –, vem expandindo sua atuação em Camarões. Os militantes extremistas querem criar um califado islâmico no nordeste nigeriano.
O grupo atualmente controla diversas cidades e aldeias da região e, recentemente, prometeu lealdade a outra organização extremista, o autodenominado ""Estado Islâmico"", que domina partes da Síria e do Iraque.
“Perderam contato”
As crianças foram resgatadas no Camarões depois que forças de segurança tentaram desbaratar o que acreditava-se ser uma escola corânica.
Fomunyoh disse à BBC que visitou um orfanato onde as crianças estão sendo cuidadas. Ele afirmou que elas passaram tanto tempo com seus captores, sendo doutrinadas na ideologia jihadista, que perderam noção de sua própria identidade.
""Elas perderam contato com seus pais"", disse ele. ""Perderam contato com as pessoas de suas aldeias, não conseguiam mais articular, ajudar a identificar seus laços. Sequer conseguem dizer seus nomes.""
Ofensiva contra Boko Haram já recuperou 36 territórios na Nigéria
Em contrapartida, o governo da Nigéria anunciou ontem (11) que o grupo Boko Haram perdeu 36 territórios no nordeste do país desde o início da ofensiva, em fevereiro, e espera que a cooperação com os países vizinhos permita “uma derrota completa” dos rebeldes islâmicos.
O porta-voz governamental, Mike Omeri, disse que quatro localidades foram tomadas desde o dia 6 de março, três no Estado de Borno e uma no estado de Yobe, onde o Boko Haram matou mais de 40 estudantes em fevereiro de 2014.
De acordo com Omeri, o governo espera que a ofensiva militar que envolve quatro países – Nigéria, Níger, Camarões e Chade – precipite a derrota e o extermínio do Boko Haram na Nigéria e em toda a região.
Para o governo nigeriano, a ofensiva anti-Boko Haram deve possibilitar a realização das eleições presidenciais e parlamentares no dia 28 deste mês. O pleito já foi adiado por seis semanas por causa da violência na região.
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