Portas Abertas • 23 jan 2024
Casas de cristãos e de muçulmanos foram destruídas pela violência
[Atualizado em 24/01/2024 às 10h]
*conteúdo sensível: violência extrema
Depois de novos ataques a uma comunidade cristã rural e aumento da agitação no estado de Plateau, Nigéria, o governador Caleb Mutfwag declarou um toque de recolher de 24 horas na área de governo local (LGA, da sigla em inglês) de Mangu. A ação foi uma medida imediata para tentar conter a agitação que tomou conta da região.
Ontem (22), um homem cristão foi morto na comunidade de Gangaran Kwata, em Mangu. Suspeita-se que os responsáveis pelo ataque sejam extremistas fulani. Muitos jovens cristãos que vivem em Mangu, frustrados com a insegurança que estão enfrentando no dia a dia e movidos pela ira, incendiaram a casa de famílias muçulmanas fulani.
Radicais fulani, então, incendiaram casas de cristãos em Gangaran Kwata para revidar a vingança. A igreja de Cristo nas Nações (COCIN, da sigla em inglês) também foi incendiada em Sabon Kasuwa, perto da região de Mangu. Diante dos novos ataques, jovens cristãos se agitaram na cidade de Mangu.
A situação ainda é instável e não sabemos todos os fatos. A crise religiosa entre cristãos e muçulmanos locais envolve violência dos dois lados. Militares estão agora em Mangu para garantir o cumprimento do toque de recolher de 24 horas. Canais de notícias e vídeos mostram as autoridades dispersando os grupos que permanecem nas ruas de Mangu. Um contato local que vive em Mangu pediu que oremos com urgência pela situação.
Há uma semana outros ataques foram registrados no distrito de Bokkos, também no estado de Plateau. Na região, que fica no centro da Nigéria, nove cristãos foram mortos. Os responsáveis pelos assassinatos ainda não foram identificados. Mas a população local afirma que também foi um ataque de extremistas fulani em vilarejos de maioria cristã. As autoridades disseram que as vítimas morreram em três ataques diferentes, entre 16 e 17 de janeiro.
Há menos de um mês, uma série de ataques durante o Natal matou aproximadamente 200 pessoas e fez quase15 mil deslocados internos. No dia 8 de janeiro, líderes cristãos proeminentes se uniram em uma marcha pacífica pela paz também por causa dos ataques a comunidades cristãs no estado de Plateau.
“A decisão do governador Mutfwang [do toque de recolher] foi tomada depois de consultar agências de segurança relevantes”, disse o diretor de Imprensa e Relações Públicas do estado. Apenas agentes de serviços essenciais têm autorização para circular na região até o fim da medida. Todos os cidadãos de Mangu foram impelidos a obedecer às restrições e cooperar com informações confiáveis aos agentes de segurança para que a paz e a ordem sejam restauradas na área.
O governador lamenta que “algumas pessoas continuem determinadas a criar uma atmosfera de insegurança no estado, apesar dos esforços do governo para acabar com o terrorismo”. Ele também expressou sua solidariedade pelas famílias das vítimas fatais e dos feridos e assegurou que o governo não irá descansar até garantir o reestabelecimento da paz no estado. O governador prometeu também que o toque de recolher será revisado em breve, caso a situação da segurança melhore.
Nossos contatos locais compartilharam que entre a noite de 23 de janeiro e hoje, 24 de janeiro, pela manhã os ataques continuaram. Cinco comunidades foram vítimas da violência, incluindo Mairana, Sarpot, Kinat, Arrangai e Kwahas Lalekh. Os contatos que vivem em Mairana testemunharam alguns dos ataques.
Eles contaram que extremistas fulani chegaram à 1 hora da madrugada, atacaram as comunidades citadas e cercaram a cidade de Mangu. Mulheres e crianças foram incendiadas vivas até a morte e estima-se que 30 pessoas foram mortas, além de diversas propriedades foram destruídas também no período. Por favor, clame pela paz no estado de Plateau.
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