Portas Abertas • 22 abr 2022
Quando decidem seguir a Jesus, mulheres e meninas cristãs sabem que serão alvo de guerrilheiros e traficantes
Engana-se quem pensa que apenas os homens são perseguidos e aliciados a fazer parte de grupos de guerrilhas na Colômbia. As mulheres e meninas cristãs estão em risco nas áreas rurais do país. Na terra de ninguém, as leis dos insurgentes imperam e aqueles que que se opõem aos princípios e valores deles pagam um alto preço.
De acordo com o coordenador de Pesquisa da Portas Abertas na Colômbia, as cristãs são vistas como inimigas de grupos armados e cartéis de drogas. Uma delas perdeu o marido e pastor durante uma onda de violência que se instalou na região onde mora. "Há tanta tristeza em suas palavras e olhos; ela tem tantas perguntas em sua cabeça que não consegue responder, e à noite a sensação de solidão é avassaladora”, revela o líder.
O pastor e a esposa planejavam construir uma casa para a família e estavam comprometidos em continuar evangelizando e abrindo novas igrejas. "Ela agora tem que assumir o bastão para liderar a igreja. Ela vai ter que recomeçar do zero sozinha, criando seus três filhos", explica.
As meninas cristãs solteiras são vistas como troféus, pois costumam ser mais inocentes e obedientes. Três delas receberam ofertas para se juntarem a um grupo criminoso, mas elas não aceitaram. Então, foram sequestradas, agredidas sexualmente e uma jovem foi morta dias depois.
A violência sexual contra as mulheres tem sido uma arma usada pela maioria dos grupos criminosos para dominá-las e subjugá-las à obediência e lealdade. "É muito complexo tentar avaliar a extensão do dano físico e emocional dessa forma de violência e perseguição contra essas mulheres, mas é certo é que depois dessa experiência, elas não serão mais as mesmas", diz o colaborador da Portas Abertas.
Apesar das circunstâncias difíceis, as irmãs na fé permanecem confiantes na bondade de Deus. Em partes isso se deve ao apoio que recebem de outras 24 mulheres que atuam como parceiras da Portas Abertas na região. "Se há uma palavra que resume a maneira como essas mulheres realizam seu trabalho, essa palavra é paixão", resume o cristão.
O líder cristão continua: “Essas mulheres desempenham um papel vital no desenvolvimento de nossos programas para fortalecer a Igreja Perseguida na Colômbia. O serviço delas é uma fonte de inspiração para todos nós, elas são muito corajosas e trabalhadoras”.
Uma das cristãs atuantes revelou: "Os cristãos perseguidos vivem com medo, com ansiedade e estresse, e com a expectativa de que algo possa acontecer em qualquer lugar. Por isso, eles dependem mais de Deus e aprendem a avaliar quando o tempo é propício para a pregação e quando não. No meu caso, aprendi a estar atenta até mesmo às minhas orações.”
Outra foi morar em uma cidade perigosa para ser testemunha de Jesus. “Compreendo agora que a vontade de Deus para mim era tornar-me a luz em meio às trevas. Servir a igreja tem os seus riscos. Nossa missão é acompanhar, apoiar, orientar e contribuir em todos os aspectos, até mesmo financeiramente. A mensagem que ofereço aos perseguidos é que devemos seguir em frente sem desânimo, sempre confiando e sabendo que não estamos sozinhos, que Ele está conosco e que tantos outros cristãos ao redor do mundo estão orando por nós”, afirma a cristã.
Até mesmo um pastor local tentou persuadir a irmã colombiana a sair da cidade, já que não há oportunidades para crescimento, mas apenas violência. E ela respondeu: “ Eu disse a ele que Deus nos colocou aqui e ficaríamos até que ele decidisse o contrário; ainda há muito trabalho a fazer, queremos continuar servindo nossa Igreja local e abençoar a todos nesta região."
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